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MOVIMENTO

Acampamento de Jovens Anticapitalistas, organizado pelo Afronte!, aprova carta à juventude brasileira

Coletivo Afronte!

Entre os dias 01 a 03 de junho aconteceu na Universidade Federal Fluminense, em Niterói – RJ, o Acampamento Nacional de Jovens Anticapitalistas: Resistir Sem Medo. Primeiro acampamento nacional organizado pelo Afronte!. Foram três dias de intensos debates políticos sobre conjuntura, anticapitalismo, opressões, trabalho de base, além de contar com uma grande Roda Vida com o pré-candidato a Presidência pelo PSOL, Guilherme Boulos. Ao final do encontro, os cerca de 400 jovens  presentes aprovaram a “Carta de Niterói”, sintetizando as principais tarefas políticas para a juventude na atual conjuntura. Confira:

CARTA DE NITERÓI

Desde a fundação do nosso movimento, cantamos em muitas atividades o grito “Afronte! É guerra!”. Após 3 dias de Acampamento Nacional de Jovens Anticapitalistas, entendemos mais profundamente o que isso significa. Convivemos e compartilhamos ideias, rimas, debates, resistências, risadas, dificuldades, aprendizados e solidariedade, que nos fortaleceram para organizar a batalha.

Apontaremos nossas armas contra aqueles que querem vender o nosso país, oprimir nossos irmãos e irmãs, destruir a educação e os serviços públicos, privatizar a Petrobrás, exterminar a esperança que tem rosto de mulher, negra, bissexual e favelada. Estamos contra os donos do poder que ditam os mandamentos do lucro acima da vida. Somos anticapitalistas. Somos 99% contra o 1%. Não descansaremos até a destruição de toda a exploração, opressão e exclusão que vive nosso povo, através da luta radical pela transformação do futuro.

O mundo capitalista vive uma das maiores crises de sua história e querem que a juventude e os trabalhadores paguem por ela. O desgoverno de Michel Temer abre portas para o retrocesso, aplicando um projeto político e econômico ditado pelo imperialismo. Quem ganha são os bancos, o agronegócio, os tubarões do ensino, e quem perde são as universidades e hospitais públicos, a periferia, os indígenas, as LGBTs, as mulheres e o povo negro.

Junto com os retrocessos, o golpe fortaleceu uma nova direita em nosso país. Cinquenta anos depois do AI-5 e da morte do Edson Luís, há quem se sinta a vontade para defender a volta da ditadura. Vimos milhares irem às ruas organizados pela FIESP e novos movimentos de direita. Sob o pretexto do combate à corrupção, disputam uma saída reacionária para crise disseminando preconceito e ódio nas ruas e redes. Fazem isso através de seus representantes, como os “heróis da pátria” Moro e Bolsonaro, ou agrupamentos como o MBL. Dizem representar uma nova política, porém suas ideias retrocedem o país aos tempos da Casa Grande.

Sem medo, a nossa juventude não foge da luta. Nosso movimento foi forjado nas ocupações de escolas e universidades no final de 2016, que enfrentaram a PEC do Fim do Mundo. Estivemos presentes na histórica Greve Geral de 28 de abril de 2017. Acreditamos na força da unidade das lutas da juventude e dos trabalhadores para combatermos todos os retrocessos e enfrentar a extrema direita. Construímos a Frente Povo Sem Medo, organizamos o movimento estudantil a partir de novas práticas, participamos de cursinhos populares e grupos de periferia que tem a arte como ferramenta de luta, nos auto-organizamos como mulheres, negras e negros e LGBTs para combater a opressão.

Agora, estamos diante de um novo desafio, que é construir de norte a sul do país, em cada bairro, escola, universidade, a campanha de Guilherme Boulos e Sônia Guajajara. Só iremos transformar o Brasil aliando nossas ideias com a luta direta, como fazem os movimentos sem teto e indígena. Sem fazer aliança com partidos da direita e representantes do capital, a Frente Politica e Social entre MTST, PSOL, PCB e APIB representam uma alternativa política com um programa de enfrentamento às ideias reacionárias e supera a ilusão de que é possível “governar para todos”. Esta campanha, portanto, vai além da votação de outubro; serve pra renovar a esperança em nossas próprias forças.

Com satisfação, voltamos para nossas cidades com muita disposição de organizar a luta e construir nosso movimento. São inúmeros os desafios. Não deixaremos que privatizem as universidades públicas e acabem com a assistência estudantil. Queremos ampliação da política de cotas e medidas de combate às fraudes. Nos somaremos à construção das Marchas da Maconha e à luta antiproibicionista. Afrontaremos, todos os dias, o machismo, o racismo e a LGBTfobia. Lutaremos ombro a ombro com o movimento dos sem teto, sem terra, do sindicalismo independente. Estaremos nas periferias construindo política através da arte e cultura de resistência. Vamos Sem Medo multiplicar os Grupos de Ação da campanha de Boulos e Sônia. Resistiremos a todas as medidas do governo golpista de Temer, como a Reforma Trabalhista, da Previdência e a tentativa de privatizar as estatais. Seguiremos afrontando todo o conservadorismo e retrocesso em nosso país! Este é o nosso compromisso. Paz entre nós, guerra aos senhores!

03 de Junho de 2018

 

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