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BRASIL

Banqueiro aliado de Bolsonaro quer meter a mão no patrimônio público

Lucas Fogaça, de Porto Alegre (RS)

Desde o ano passado, Jair Bolsonaro está sinalizando entregar o Ministério da Fazenda ao banqueiro Paulo Guedes caso vença as eleições em outubro. Ao contrário da pose de defensor do povo que faz Bolsonaro, o possível dono do cofre fala as coisas que a elite realmente quer. Em entrevista ao Jornal Folha de São Paulo, disse que pretende vender todas as empresas estatais aos empresários.

Entregar o patrimônio público para o lucro privado
Paulo Guedes comemorou, em 2016, a aprovação da PEC 55, que congela investimentos em saúde, educação, moradia e demais áreas sociais por 20 anos. O banqueiro, que também é dono do IBMEC, instituição de ensino com fins lucrativos, comemora os baixos investimentos no ensino público. Afinal, quanto pior for a educação pública no país, mais chances de o seu mercado educacional atrair clientes e de ele aumentar o lucro. É seguindo esta mesma lógica que o banqueiro defende vender todas as empresas estatais.

Bolsonaro e seu possível assessor econômico querem vender todo patrimônio público para aumentar o lucro privado, favorecendo seus amigos empresários. Se as estatais são deficitárias, se as estatais funcionam mal, por que os empresários iriam querer comprá-las?

O exemplo das privatizações do Fernando Henrique Cardoso (PSDB)
Sob o argumento de rombo nas contas públicas, FHC privatizou todo o setor de telecomunicações. Mas o fato é que pelo visto não foi resolvido o “rombo”. Após 20 anos, só o que os governos falam é de rombo nas contas públicas. A verdade é que as empresas privadas de telefonia e internet prestam um péssimo serviço, caríssimo e são as campeãs de reclamações e ações judiciais. Qualquer um que tenha telefone, ou internet em casa sabe disso.

Jair Bolsonaro defende o lema “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”. Mas quem serão os favorecidos por essa onda de privatizações? Os banqueiros e especuladores estrangeiros que vão abocanhar o patrimônio público nacional. Bolsonaro pinta de patriota só para ganhar votos porque, no que interesse, é um covarde submisso aos capitalistas internacionais.

Mas e a Petrobras está quebrada?
Aqueles que defendem as privatizações sempre usam a Petrobras como exemplo de que é necessário entregar tudo que é público aos empresários. Péssimo exemplo! Apesar de todos os ataques da Lava Jato e do desmonte da indústria nacional de petróleo e gás feito pelo Governo Temer, a produção média de petróleo no Brasil atingiu, em 2016, recorde histórico anual: alcançou a marca de 2.144.256 barris por dia (bpd), 0,75% acima do resultado do ano anterior.

E como escreveu Pedro Augusto em artigo publicado no Esquerda Online, a Petrobras já vinha sofrendo um processo de privatizações, por isso mesmo que sofreu com tanta corrupção. “O curso de entrega das riquezas extraídas do nosso subsolo às multinacionais nunca foi revertido, desde a quebra do monopólio estatal do petróleo nos anos FHC e mesmo durante os governos do PT, vide o Leilão de Libra, que entregou 60% do maior campo do pré-sal às multinacionais Shell (estadunidense), Total (francesa), CNPC e CNOOC (chinesas)”.

A verdade é que, embora vítima da ganância de governantes e empresários corruptos e governos submissos ao capital estrangeiro, a Petrobrás é justamente o exemplo do potencial de sucesso de empresas estatais.

Paulo Guedes, a cada crise econômica, uma oportunidade de aumentar os lucros
O banqueiro Paulo Guedes disse, em 2015, em uma entrevista para a Revista Época, que a crise era uma oportunidade para fazer as reformas Trabalhista e da Previdência. Como um fanático torcedor de novas crises econômicas, ele assume sem vergonha alguma que cada crise é uma forma de acabar com os direitos do povo e uma oportunidade de concentrar ainda mais a riqueza.

Em artigo intitulado “cortando os privilégios” para o Jornal o Globo, em outubro de 2016, o especulador defendia a Reforma Trabalhista que acaba com a CLT e a Reforma Previdenciária que acaba com a aposentadoria. Se Paulo Guedes e Bolsonaro querem cortar os privilégios, por que não começam cortando dos próprios generais do Exército? Por que não se posicionam contra o fim do auxílio moradia e demais privilégios dos juízes e promotores?

Saiba mais: Seis motivos para lutar contra Reforma da Previdência

Bolsonaro e Paulo Guedes querem governar para os ricos ficarem ainda mais ricos
Segundo estudo da Oxfam publicado pelo site El País, seis brasileiros concentram a mesma riqueza que a metade da população mais pobre: Jorge Paulo Lemann (AB Inbev), Joseph Safra (Banco Safra), Marcel Hermmann Telles (AB Inbev), Carlos Alberto Sicupira (AB Inbev), Eduardo Saverin (Facebook) e Ermirio Pereira de Moraes (Grupo Votorantim) são as seis pessoas mais ricas do Brasil. Eles concentram, juntos, a mesma riqueza que os 100 milhões mais pobres do país, ou seja, a metade da população brasileira (207,7 milhões). Estes seis bilionários, se gastassem um milhão de reais por dia, juntos, levariam 36 anos para esgotar o equivalente ao seu patrimônio”.

A aprovação da PEC 55, das reformas Trabalhista e Previdenciária, e a privatização total das empresas estatais, todas medidas defendidas pelo assessor econômico de Bolsonaro, vão aumentar a desigualdade social. Não à toa cada vez que estes projetos foram aprovados, os especuladores da Bolsa de Valores comemoraram, pois são medidas que farão dos ricos mais ricos ainda. E dos pobres mais pobres ainda.

A única forma de reverter a crise econômica no Brasil e garantir saúde, educação, emprego e moradia para a maioria da população é combatendo a desigualdade social. E sobre isso, Bolsonaro e Paulo Guedes, tão metidos a valentões, não dão um pio.

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