Por: Leandro Olimpio, de Santos, SP
Mergulhado em uma profunda crise, o Brasil abriga hoje quase 13 milhões de desempregados. Se não bastasse isso, diariamente novas medidas econômicas exigem ainda mais sacrifícios da população: aumento na conta de luz, gás de cozinha mais caro, redução salarial em diversos segmentos para quem ainda segue no mercado de trabalho. E se por um lado as pesquisas apontam que Michel Temer é o presidente com a maior rejeição da história (apenas 3,4% avaliam seu governo como positivo), por outro essa reprovação não tem se concretizado em mobilizações populares.
Para tentar compreender este cenário complexo, cheio de contradições e desafios, e buscar formas de atuar nessa realidade, a Frente Sindical Classista da Baixada Santista realiza nesta quinta-feira (16), em Santos, uma formação política aberta ao público. O evento acontece na sede do Sindipetro Litoral Paulista (Av. Conselheiro Nébias, 248), às 19 horas, e inaugura um calendário de análise da conjuntura política brasileira que deve se estender pelos próximos meses.
“Inicialmente, esta atividade seria restrita às direções sindicais que compõem a Frente. Refletindo melhor, decidimos convidar setores da sociedade da região para compartilhar esse momento de aprendizado e de preparação para a luta”, explica Flávio Saraiva, presidente do Sindicato dos Servidores de Santos.
A atividade será conduzida por Mauro Iasi, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Além da longa trajetória acadêmica, Iasi também se dedica há mais de vinte anos à militância prática e teórica em educação popular, sendo também dirigente sindical, escritor e poeta, com livros publicados pela editora Boitempo.
“É nítida a impopularidade de Temer. Mesmo com toda campanha publicitária governamental em favor das reformas trabalhista e previdenciária, por exemplo, a maioria dos trabalhadores segue contra essas medidas. Eles sentem na pele os efeitos de uma política econômica que exige sacrifícios da maioria da população para beneficiar os grandes empresários. Fazer com que essa oposição se transforme em força de ação popular é o desafio dos setores mais conscientes da população, dos setores sindicais combativos. Essa atividade é parte desta tarefa. Quem compreende melhor a realidade, pode lutar melhor”, opina Iasi.
Em seu convite aberto para a atividade, a Frente Sindical afirma que “as novas gerações são empurradas em direção ao futuro sombrio. Além da destruição das empresas públicas, as já limitadas políticas de proteção social estão se tornando parte das lembranças relacionadas ao passado”.
Segundo Saraiva, a Frente reúne sindicatos e oposições sindicais da região combativos. “São entidades e ativistas que não se venderam, que não fazem o jogo dos patrões e governos. Sabemos que existe um sentimento de apatia na população, uma dificuldade de retomar processos de luta que questionem essas medidas. Todas elas tomadas sem qualquer consulta à população, diga-se de passagem. Mas sabemos também que existe no próprio movimento sindical setores que se recusam a cumprir o seu papel, o de mobilizar os trabalhadores em defesa de seus interesses”, afirma.
Integram a Frente os sindicatos dos servidores de Santos, petroleiros, metalúrgicos, advogados, bancários, judiciário estadual e federal, servidores federais da edução, além das oposições sindicais de servidores de Cubatão e São Vicente.
Crédito para foto: Romerito Pontes
Comentários