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Trabalhadores da UTC demitidos, na Bacia de Campos, pedem solidariedade em carta à empresa e aos brasileiros

Da Redação, para Coluna Rádio Peão

5.2

Trabalhadores da empresa UTC Engenharia, terceirizados que prestam serviço nas unidades marítimas da Petrobras, na Bacia de Campos, receberam anúncio da demissão de quase dois mil funcionários. No dia 17 de julho, os que ainda se mantinham no quadro da empresa também completaram 45 dias sem receber salários e benefícios trabalhistas. Os quatro mil trabalhadores escreveram uma carta endereçada à companhia e ao povo brasileiro, onde pedem providências da empresa e respeito aos seus direitos. Ainda, disponibilizaram uma petição para ser assinada por todos que queiram se solidarizar com a causa. 

“Não estamos aqui hoje pedindo por privilégios, mas sim pelos nossos direitos e pela nossa dignidade que foi cerceada de maneira covarde por duas empresas, que hoje negam o suor do rosto de cada trabalhador que deu uma parte preciosa de seu tempo por essas corporações”, afirma a carta.

Ainda, citam na nota a empresa, a Justiça do Trabalho e o Ministério Público do Trabalho, pedindo para que “adotem providências para colocar em dia os salários atrasados e cumprir todos os demais direitos”, concluindo o pedido para que assumam “compromisso público de não realizarem mais demissões, causando mais calamidade ao trabalhador e trazendo instabilidade ao nosso país”, segundo consideram.

Publicamos a íntegra da carta abaixo:

Pedido de ajuda dos Ex Funcionários da UTC ao povo Brasileiro

Carta aberta ao povo brasileiro e seus representantes

É com muita tristeza que hoje, 17 de julho de 2017, nós, os 4000 trabalhadores da UTC Engenharia de Macaé redigimos essa carta que serve de apelo à população brasileira e seus representantes, viemos desesperadamente, pedir por nossas famílias e por nossos direitos.

Agora no mês de julho, cerca de 1800 funcionários da UTC engenharia, prestadores de serviço nas unidades marítimas da Petrobras, ficaram sem receber o seu pão de cada dia, completando hoje aproximadamente 45 dias sem os seus salários e benefícios trabalhistas e de maneira informal, como se fôssemos meros “peões” nesse jogo empresarial, de cima de um palanque em frente à sede da Petrobras em Macaé, fomos informados que todos, os 4000 pais e mães de famílias, estávamos sendo dispensados de nossas atividades, de forma descartável e sem previsão de pagamento das nossas verbas rescisórias e direitos trabalhistas.

Somos pais e mães de família, que durante anos nos dedicamos com afinco às atividades da parceria entre a UTC engenharia e a Petrobras, muitos se deslocando de outros estados, ficando dias longe de suas famílias, arriscando nossas vidas nos ambientes mais inóspitos do planeta, tudo isso para manter a integridade das nossas plataformas de exploração de petróleo e com isso garantir a soberania de uma economia refletida diretamente em nossa dedicação e capacitação.

Não estamos aqui hoje pedindo por privilégios, mas sim pelos nossos direitos e pela nossa dignidade que foi cerceada de maneira covarde, por duas empresas, que hoje negam o suor do rosto de cada trabalhador que deu uma parte preciosa de seu tempo por essas corporações, como explicar aos nossos filhos que a pouco se orgulhavam de terem pais “petroleiros”, que veem reportagens na teve afirmando que a Petrobras “teve lucro de 4,45 Bilhões”, que a UTC “se comprometeu em pagar uma leniência cujo montante deverá ultrapassar 3 Bilhões”, que essa noite dormiremos no escuro pois a nossa luz foi cortada, que devemos comer menos para que amanhã em nosso prato não falte, que a humilhação de ser chamado ofendido por nossos credores não é nossa culpa e sim dessas empresas que hoje dizem não ter dinheiro para realizar o pagamento do que nos é devido. Como explicar? Nem as crianças conseguiremos enganar.

Assim como começamos essa carta, vamos encerrá-la, com a mais profunda tristeza, de saber, que vivemos em um país onde a sua mais importante engrenagem, que somos nós, os trabalhadores, não tem valor, cada luz que se acende, cada pão que chega a nossa mesa, cada roupa que vestimos, cada remédio que tomamos, tudo é fruto do suor e do calo nas mãos de algum trabalhador, somos nós que movimentamos e fazemos essa nação crescer, deixo aqui a seguinte questão, de que adianta um legislação trabalhista, num país onde as maiores empresas escolhem de forma impune se devem ou não respeitá-la?

Hoje somos nós mas amanhã serão outros trabalhadores e por aí vai, esse ciclo precisa de um basta, mas só conseguiremos isso com o união e empatia de todos, muitas famílias dependem desse apoio, contamos com a comoção de toda a nossa população e representantes perante a nossa causa.

Nós somos a engrenagem que move o mundo, mas nenhuma engrenagem move nada sozinha!

Estamos sem nossos direitos serem observados, com salários atrasados e que a empresa, a Justiça do Trabalho e o Ministério Público do Trabalho adotem providências para colocar em dia os salários atrasados e cumprir todos os demais direitos a que vocês fazem jus, assumindo também o compromisso público de não realizarem mais demissões causando mais calamidade ao trablador trazendo instabilidade ao nosso País.

Que o MPF nos ajude fazendo a Petrobrás pagar suas responsabilidades, pois a falta da fiscalização pela Petrobrás fez chegar a esse ponto.

Pedimos que o poder público seja representante do Trabalhador e tomem devidas providências a favor do trabalhador.

Por favor nos ajudem repasse para todos.

Ex-funcionários UTC, terceirizados da Petrobras”