Por: Fabio Gomes, do ABC, SP
O dia, logo após as notícias bombásticas das gravações realizadas pelos donos da JBS e praticamente acabaram com o governo Temer, se destacou pelo tom de lamentação de alguns veículos de comunicação, em especial a Rede Bandeirantes, através do canal Band News e o Estadão. A linha das opiniões retratavam o quão ruim eram notícias como essas em tempos de sinais de recuperação econômica e crescimento de emprego no mês de abril, além das reformas trabalhistas e da previdência que vinham sendo tocadas no Congresso.
Na Band News, ao se falar da possível renúncia, que acabou não se confirmando, ou de um processo de impeachment, cada um dos jornalistas ou economistas dizia que o sucessor teria a responsabilidade de manter a linha do atual governo e fazer as reformas tão necessárias e que era isso que o mercado esperava. Além de lamentar o quanto que esse processo poderia parar o ritmo acelerado que as reformas vinham sendo votadas.
O Estadão publicava colunas de opinião recheadas de análises, dizendo o quanto essa nova crise política aumentaria a recessão e o desemprego. Em uma análise feita pelo economista Alexandre Cabral, há algumas avaliações de mercado no curto, médio e longo prazo que inclusive prevê o circuit-breaker do dia seguinte (mecanismo utilizado quando a Bolsa cai muito, com a paralisação das negociações por um período de tempo, na expectativa de que o mercado se acalme).
Mas o que mais chama a atenção nessa análise é sobre as reformas, na qual ele diz: “Reformas: acho que complicou demais. Não deve passar mais nenhuma reforma no Congresso, nem a Trabalhista, nem a da Previdência. Ou, se passarem, estarão todas modificadas, do tipo ‘mudei e não resolvi nada’ ou ‘trocamos 6 por meia dúzia’. Porque o Congresso deve se revoltar contra o governo, como se lá dentro só houvesse anjinhos. Para demonstrar independência, os parlamentares vão passar a se opor a tudo que venha do Planalto. E, sem as reformas, teremos um período de muita turbulência econômica, com chance de muitos investidores paralisarem suas atividades, diante da incerteza sobre o rumo que a economia brasileira vai trilhar. Continuaremos com enormes déficits no caixa do governo? Temer ficará, mesmo sem apoio algum, ou sairá da Presidência? Se sair, quando isso acontecerá? Quem será o futuro presidente do Brasil?”
Na mesma matéria há ainda uma análise dobre o futuro político: “Eleições diretas são uma ideia excelente, mas, no cenário atual, o Brasil pararia mais ainda durante a campanha, agravando o desemprego, a inflação e a desconfiança por parte dos investidores. Poderíamos fazer uma eleição indireta mesmo, colocando no poder um nome de expressão. O problema é achar esse nome hoje. Vamos ver algumas possibilidades:
FHC: o problema é a ligação com o PSDB e, portanto, com o Aécio. Apesar de que eu vejo uma chance de o Aécio renunciar e o partido o colocar de lado, nem que seja durante um período, como se fosse uma ovelha negra.
Meirelles: o problema é a imagem de eterno dono de banco, que alguns parlamentares ainda atribuem a ele. Fora isso, trabalhou na JBS, que fez toda a denúncia nesta quarta-feira, e é um dos homens fortes do Temer na empreitada de tentar passar a Reforma da Previdência.
Carmen Lúcia? Um nome com certeza íntegro, mas sem nenhum cacoete político”.
Ao analisar essas e outras notícias e opiniões, fica a certeza de que Temer não pode cair pelas mãos dessa gente. Eles apenas colocarão outra figura para validar essas reformas que cortarão na carne do trabalhador e que terão total apoio das mídias tradicionais e do Congresso igualmente criminoso. Para eles, a única saída para a crise é que os trabalhadores paguem por ela. É preciso que lotemos as ruas até que Temer caia e, principalmente, que tenhamos uma saída com eleições diretas e gerais. O mercado financeiro e a mídia burguesa já mostraram o que pretendem em meio essa nova crise política: manter seus privilégios e atacar nossos direitos.Está mais do que na hora da classe trabalhadora dar o seu recado.
Fora Temer e Eleições Diretas e Gerais!
Comentários