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EDITORIAL

São os parlamentares da lista do Fachin que vão votar as reformas

05/04/2017- Brasília- DF- Brasil- Plenário da Câmara dos Deputados durante votação do projeto que oferece moratória na dívida com a União a estados superendividados, em troca de ajuste fiscal Foto: Wilson Dias / Agência Brasil

Um Congresso sob suspeita não pode mudar a previdência e os direitos trabalhistas

A investigação sobre o envolvimento de 108 pessoas no esquema de corrupção alvo da Operação Lava-Jato foi autorizada. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin tornou público os nomes na tarde desta terça-feira.

O presidente Temer é citado nos pedidos de aberturas dos inquéritos. Mas como ele é presidente em exercício, não pode ser investigado. Mas oito de seus ministros serão alvo de investigação. Se algum dos investigados virar réu, será que Temer vai cumprir a promessa de demiti-lo?

No congresso a situação não é melhor. Serão 29 senadores investigados, 36% do total de 81. O presidente da casa, Eunício de Oliveira, (PMDB-CE) está entre eles. Na Câmara dos Deputados, serão 42, 8% do total, incluindo aí o presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ). A investigação também vai envolver governadores de 12 estados e políticos de todas as esferas.

E eles querem aprovar as reforma previdenciária e trabalhista…

Como um Congresso encharcado de lama tem moral para aumentar a idade da aposentadoria? E para mudar as leis trabalhistas? Eles dizem que o povo deve fazer sacrifícios senão a previdência vai quebrar. Dizem que acabar com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) vai ajudar o trabalhador. Devemos acreditar neles?

Se os senadores sob suspeita fossem impedidos de votar, a reforma não teria votos suficientes para ser aprovada. Um parlamentar que não tem credibilidade e vota em uma medida que é rejeitada por 79% da população é um legítimo representante do povo? Não!

Mas eles não estão nem aí. Querem mudar a Constituição para obrigar a pessoa a contribuir 49 anos para ter aposentadoria integral. Querem que todo trabalhador se aposente no mínimo aos 65 anos. Isso alegando um falso rombo na previdência. E querem mudar a lei para que patrões não sejam mais obrigados a conceder direitos aos funcionários.

O autor dessas propostas é Michel Temer, que tem menos credibilidade ainda. É rejeitado por mais de 70% dos brasileiros, está envolvido com os escândalos de corrupção e tem um ministério mais sujo que pau de galinheiro. Que moral ele tem para dizer que os trabalhadores devem aceitar essas reformas?

O PT e a corrupção

É uma vergonha que o PT, que nasceu dos movimentos sociais e mantem grande peso entre os trabalhadores, tenha governado por 13 anos associado ao que existe de pior na política brasileira. O PT tornou-se parte do sistema, e por isso também se envolveu em tantos esquemas de corrupção. Não foi o PT que levou a corrupção para os palácios, como diz a grande mídia. Foi a ida do PT aos palácios e as relações espúrias que este partido constituiu com os legítimos representantes da classe dominante que corrompeu o partido que a classe trabalhadora constitui nas lutas das décadas de 80.

Esquerda socialista não entra na lista

Políticos de 15 partidos foram citados na lista de Fachin. Isso mostra que a corrupção não é apenas um problema de um grupo, mas é parte do sistema político do país. Mas nem tudo é desespero: nenhum militante do PSOL, do PCB e do PSTU foi citado.

Estes partidos são compostos por militantes que estão nas lutas da classe trabalhadora, das mulheres, dos negros e dos LGBTS. São militantes da esquerda radical, que não fizeram parte dos governos do PT.

Isto mostra a importância de união da esquerda socialista é uma necessidade para as lutas de agora e para as eleições de 2018. Devemos oferecer ao povo uma alternativa aos corruptos e à direita reacionária.

A solução é ir para a luta

Não existe salvador da pátria. É o próprio povo organizado e mobilizado que deve encontrar a saída. Dia 28 tem uma greve geral contra as reformas. Uma forte mobilização vai mostrar a estes políticos que nós não aceitamos que eles tirem nossos direitos.

Os trabalhadores de ônibus, metrô e aeroportos do país inteiro já estão mobilizados. Professores, trabalhadores dos Correios, metalúrgicos e trabalhadores de outras categorias também estão preparados.

Cada um de nós e parte da solução. Apenas nossa luta vai mudar nossa vida. Somos nós os donos de nosso destino, e não os políticos cada vez mais sujos em escândalos de corrupção.

OS ALVOS DOS INQUÉRITOS

MINISTROS

Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP)

Blairo Maggi (PP)

Bruno Araújo (PSDB-PE)

Eliseu Padilha (PMDB-RS)

Gilberto Kassab (PSD-SP)

Helder Barbalho (PMDB)

Marcos Pereira (PRB)

Moreira Franco (PMDB-RJ)

SENADORES

Aécio Neves (PSDB-MG)

Antônio Anastasia (PSDB-MG)

Cássio Cunha Lima (PSDB-PB)

Ciro Nogueira (PP-PI)

Dalírio Beber (PSDB-SC)

Edison Lobão (PMDB-PA)

Eduardo Braga (PMDB-AM)

Eunício Oliveira (PMDB-CE)

Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE)

Humberto Costa (PT-PE)

Ivo Cassol (PP-RO)

Jorge Viana (PT-AC)

José Serra (PSDB-SP)

Kátia Regina de Abreu (PMDB-TO)

Lidice da Mata (PSB-BA)

Lindbergh Farias (PT-RJ)

Omar Aziz (PSD-AM)

Paulo Rocha (PT-PA)

Renan Calheiros (PMDB-AL)

Ricardo Ferraço (PSDB-ES)

Romero Jucá (PMDB-RR)

Valdir Raupp (PMDB-RO)

Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM)

Fernando Collor (PTC-AL)

DEPUTADOS FEDERAIS

Alfredo Nascimento (PR-AM)

Antônio Brito (PSD-BA)

Arlindo Chinaglia (PT-SP)

Betinho Gomes (PSDB-PE)

Beto Mansur (PRB-SP)

Cacá Leão (PP-BA)

Carlos Zarattini (PT-SP)

Celso Russomano (PRB-SP)

Daniel Almeida (PCdoB-BA)

Daniel Vilela (PMDB-GO)

Décio Lima (PT-SC)

Dimas Toledo (PP-MG)

Fábio Faria (PSD-RN)

Felipe Maia (DEM-RN)

Heráclito Fortes (PSB-PI)

João Paulo Papa (PSDB-SP)

José Carlos Aleluia (DEM-BA)

José Reinaldo (PSB-MA)

Júlio Lopes (PP-RJ)

Jutahy Júnior (PSDB-BA)

Lúcio Vieira Lima (PDMB-BA)

Marco Maia (PT-RS)

Maria do Rosário (PT-RS)

Mário Negromonte Jr. (PP-BA)

Milton Monti (PR-SP)

Nelson Pellegrino (PT-BA)

Ônix Lorenzoni (DEM-RS)

Paulinho da Força (SD-SP)

Paulo Henrique Lustosa (PP-CE)

Pedro Paulo (PMDB-RJ)

Rodrigo Garcia (DEM-SP)

Rodrigo Maia (DEM-RM), presidente da Câmara

Vander Loubet (PT-MS)

Vicente “Vicentinho” Paulo da Silva (PT-SP)

Vicente Cândido (PT-SP)

Yeda Crusius (PSDB-RS)

Zeca Dirceu (PT-SP)

Zeca do PT (PT-MS)

João Carlos Bacelar (PR-BA)

Arthur Maia (PPS-BA)

GOVERNADORES

Renan Filho (PMDB-AL)

Robinson Faria (PSD-RN)

Tião Viana (PT-AC)

PREFEITOS

Maguito Vilela (PMDB-GO), prefeito de Aparecida de Goiânia e ex-governador

Napoleão Bernardes (PSDB-SC), prefeito de Blumenau

Rosalba Ciarlini (PP-RN), prefeita de Mossoró e ex-governadora do Estado

MINISTRO DO TCU (TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO)

Vital do Rêgo Filho

OUTROS

Ana Paula Lima (PT-SC), deputada estadual em Santa Catarina

Cândido Vaccarezza, ex-deputado federal PT

César Maia (DEM-RJ), vereador e ex-prefeito do Rio de Janeiro e ex-deputado federal

Eduardo Paes (PMDB-RJ), ex-prefeito do Rio de Janeiro

Edvaldo Brito (PTB-BA), então candidato ao cargo de senador pela Bahia nas eleições 2010

Eron Bezerra, marido da senadora Vanessa Grazziotin

Guido Mantega (PT-SP) ex-ministro da Fazenda

Humberto Kasper, ex-presidente da Trensurb (empresa de trens de Porto Alegre-RS)

João Carlos Gonçalves Ribeiro, ex-secretário de Planejamento de Rondônia

José Dirceu (PT-SP), ex-ministro da Casa Civil

José Feliciano (PMN-PE), vereador de Cabo de Santo Agostinho-PE

Márcio Toledo, arrecadador das campanhas da senadora Suplicy

Marco Arildo Prates da Cunha

Moisés Pinto Gomes, marido da senadora Kátia Abreu

Oswaldo Borges da Costa, ex-presidente da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais

Paulo Bernardo (PT-PR), ex-ministro do Planejamento

Paulo Vasconcelos, marqueteiro de Aécio Neves

Rodrigo Jucá, filho de Romero Jucá

Ulisses César Martins de Sousa, ex-procurador-geral do Maranhão

Vado da Famárcia, ex-prefeito do Cabo de Santo Agostinho

Valdemar da Costa Neto (PR-SP), ex-deputado federal

Foto: Wilson Dias / Agência Brasil