Passado o feriado do Carnaval, resta um último suspiro de folia. A ressaca e a volta ao trabalho não impedirão os mais entusiasmados de decretarem que o carnaval continua até o domingo. Quem sabe não vai até além? Serpentinas, glitter e confetes não irão faltar.
Nesta quarta-feira de cinzas, conheceremos a escola campeã, no Rio de Janeiro. Mas o grito mais ouvido neste carnaval já está eleito. Em uníssono, o carnaval de rua e os blocos de todo o Brasil ecoaram forte, e em todos os ritmos, “Fora Temer”.
Durante todo o carnaval, este Esquerda Online esteve nas ruas das principais capitais brasileiras cobrindo a festa. E não podemos esconder a satisfação de termos gritado “Fora Temer” junto a milhares de foliões, fosse em BH, Salvador, Olinda, Recife, Natal, São Paulo ou no Rio.
Se a irreverência da crítica política carnavalesca não chega a ser uma novidade deste ano, por outro lado, nem mesmo a imprensa corporativa conseguiu ocultar que o repúdio ao presidente golpista e ceifador de direitos teve presença de destaque na festa, um verdadeiro fenômeno.
Ficou evidente que milhares de ativistas da esquerda são parte de bloquinhos e são também organizadores da folia. Também é fato que entre os artistas há muita sensibilidade com a situação política e enorme compreensão do golpe parlamentar e do significa do governo Temer. A maior festa popular do país gritou contra o presidente, com a força viva e contagiante das multidões espontâneas. Esta indignação será capaz de contagiar milhares nos próximos dias de luta? Eis o desafio de toda a esquerda.
No próximo dia 8 de março, dia internacional da luta das mulheres, haverá atos em todo o país. Sintonizados à efervescência dos movimentos feministas em escala internacional, os coletivos de mulheres brasileiros atenderam ao chamado à greve internacional de mulheres – abraçando uma perspectiva classista e internacionalista para os atos da semana que vem.
No dia 15, por sua vez, haverá um dia nacional de lutas e paralisações, convocado por parte das centrais e sindicatos nacionais país afora. Será uma segunda chance de levar às ruas e praças uma nova grande mobilização popular contra Temer.
A mensagem do carnaval precisa ser captada pelas lideranças dos movimentos sindicais, populares e estudantis. Há indignação e repúdio a Temer. É possível lutar para canaliza-los no sentido de preparar manifestações de massas, que confrontem a reforma da previdência. Contra a retirada de direitos, é preciso unir as forças da classe trabalhadora e dos oprimidos, tal qual um grande bloco de carnaval, abrindo alas a um futuro de alegria – em que não sejamos obrigados por um governo golpista a trabalhar até morrer.
Comentários