Pular para o conteúdo
BRASIL

MBL, de mãos dadas com Temer para atacar os direitos do trabalhador

Por: Maurício Moreira, de Natal

Desde 2013 temos assistido ao surgimento de grupos que defendem posições políticas claramente conservadoras e reacionárias. Um dos principais é conhecido pelo nome de Movimento Brasil Livre (MBL), que começou se proclamando apartidário, mas que não tardou para lançar dezenas de candidaturas na última eleição utilizando-se de legendas reconhecidamente corruptas, como PSDB, DEM, dentre outras.[i] Assim, a primeira máscara não demorou muito para cair.

Além da máscara do apartidarismo, vestem outra, a de paladinos da luta contra a corrupção. Vamos aos fatos.  É sabido que em um país onde o público e o privado se misturam e o patrimonialismo persiste a níveis alarmantes como uma grande nódoa no tecido social, a luta contra a corrupção é uma bandeira democrática de fundamental importância para qualquer pessoa honesta que lute por um país mais justo e igualitário. No entanto, o desvio ilegal de recursos públicos é apenas uma das facetas da corrupção. Existem outros mecanismos, considerados “legais”, que lesam o país de uma forma muito mais profunda e são responsáveis por sustentar mecanismos que não permitem que a riqueza socialmente produzida seja distribuída de forma justa.

Estamos falando de mecanismos antigos e novos, mas o principal e mais estruturante é o pagamento da histórica Dívida Pública, ao qual somos submetidos desde 1822 (condição para que fossemos reconhecidos como nação independente pela Inglaterra) e se estende até os dias atuais como uma gigantesca bola de neve. Ela se transformou em um poderoso instrumento de drenagem das riquezas do país e condição para a manutenção de nossa subordinação político-econômica frente aos países ricos e seus respectivos setores dominantes. Como dizia o saudoso historiador Nelson Werneck Sodré, “ela existe para nunca ser paga”.

Para se ter dimensão da gravidade do problema da dívida, a badalada operação Lava Jato descobriu um total de 10 bilhões de recursos desviados[ii], mas a Polícia Federal e o Ministério Público acreditam que as cifras poderão chegar a 42,8 bilhões[iii]. Para efeitos de comparação, somente em um dia o país gasta cerca de 3,5 bilhões apenas com juros e amortização da Dívida, ou seja, 978 bilhões de reais ao ano, o que corresponde a 45% dos gastos/investimentos do governo anualmente[iv]. Assim, rapidamente chega-se a uma conclusão de que somente durante 14 dias pagando os juros da dívida pública atinge-se o valor da operação Lava Jato.  Portanto, a pergunta é: a corrupção é mesmo o principal problema do país? Os números acima falam por si.

Fica claro que não é possível enfrentar apenas as formas ilegais de corrupção sem travar uma grande batalha contra o “desvio legalizado de recursos públicos” que historicamente tem condenado o nosso país e o povo trabalhador a uma condição de subalternidade.

Aqui cai a segunda máscara do MBL! Usam a justa bandeira da luta contra a corrupção para distrair as pessoas bem intencionadas para que não compreendam os reais motivos que fazem com que o Brasil seja um país tão injusto, mesmo produzindo tantas riquezas.

E sustentados nessa falácia transformaram o juiz Sergio Moro e a Lava Jato na panacéia que irá resolver o “mais grave dos problemas do país”, escondendo os motivos, como dissemos anteriormente, que são estruturantes e que drenam a maior parte da riqueza nacional produzida pelo povo para beneficiar um punhado de magnatas.

Fazem isso porque representam os interesses dos grupos que querem manter essa lógica inalterada. Não é por outro motivo que o MBL é contra os estudantes que ocupam suas escolas e defendem a educação pública. Eles são a favor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55, que reduz os gatos nas áreas sociais por 20 anos. Eles também defendem as reforma da previdência e trabalhista. Agem assim movidos por um cálculo matemático, pois quando o Estado reduz os investimentos nos serviços públicos (que melhoram a vida dos setores mais pobres), sobra muito mais recursos para destinar ao “andar de cima”, setor social que o MBL sempre representou e pede  a benção. Mais uma vez cai uma das muitas máscaras do MBL!

 

[i] http://www.cartacapital.com.br/politica/mbl-elegeu-oito-de-seus-45-candidatos

[ii] http://exame.abril.com.br/brasil/propinas-investigadas-pela-lava-jato-podem-chegar-a-r-10-bi/

[iii] http://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2015/11/pf-estima-que-prejuizo-da-petrobras-com-corrupcao-pode-ser-de-r-42-bi.html

[iv] http://www.auditoriacidada.org.br/blog/2015/03/13/a-logica-perversa-da-divida-e-o-orcamento-de-2015/

Marcado como:
mbl / ocupações