Da Redação
Manifestação pela saída do presidente Michel Temer (PMDB) reuniu cem mil pessoas, neste domingo (4), em São Paulo. O ato, que iniciou às 16h30, percorreu as ruas da cidade, do Masp até o Largo da Batata.
A manifestação foi convocada pelas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular. Um bloco da Esquerda Socialista, que reuniu organizações como MAIS, NOS, MES, LSR, RUA, APS e 1 de Maio marcou presença com uma coluna conjunta. “É uma primeira reação forte da esquerda contra o golpista”, definiu Waldo Mermelstein.
Gritos de “Temer nunca mais, eleições gerais” reivindicaram novo processo eleitoral com decisão de representante à Presidência da República pela população, em oposição ao impeachment e à volta de Dilma (PT).
Jovens e trabalhadores participaram do ato. Muitos sem relação com movimentos sociais. Diferente das últimas manifestações pelo Fora Temer, a pauta de eleições diretas ganhou maior expressão. “É inadmissível um governo que não foi eleito diretamente governar o nosso país. A gente precisa de novas eleições, o povo tem que decidir, a Constituição diz isso”, defendeu a bancária Valéria, de 27 anos, que continuou: “A gente precisa conquistar isso. Até o final. Ele não pode ficar”.
A candidata à Prefeitura de São Paulo, Luiza Erundina, chegou à manifestação acompanhada de Ivan Valente (PSOL). Também marcaram presença figuras de visibilidade nacional, como a nadadora Joanna Maranhão, conhecida pela postura combativa no esporte brasileiro. Ao Esquerda Online, Joanna chamou o “Fora Temer”. A cartunista Laert, vista em meio aos manifestantes, expressou, em entrevista ao portal, a importância de ir às ruas. “O ato fala por si. Por isso é gostoso vir nos atos. A gente compreende essa conexão entre as pessoas que estão com o mesmo desejo político. Se tem uma ideia clara de democracia”, opinou.
Categorias organizadas, como petroleiros, que vestiam uniforme de trabalho, reivindicaram defesa da Petrobras e subsidiárias, umas das atingidas com a política de privatização.
“O ato demonstra a indignação de todos os trabalhadores e setores oprimidos e explorados da população brasileira, que estão hoje indo às ruas dizer que não querem esse governo Temer, fruto de um golpe parlamentar, de roubos dos direitos aos trabalhadores. Por isso que hoje veio muita gente, a Av. Paulista está cheia de gente indignada. É muito ataque que estamos recebendo. Quem achava que esse ato seria pequeno, estava enganado. Mas, é preciso não só derrubar o Temer. Nós queremos novas eleições gerais para mudar todos os políticos”, definiu Silvia Ferraro, do MAIS.
Além do sentido de luta do protesto, outras característica de junho de 2013, como projeções pelos prédios da capital paulista endossaram o pedido de saída imediata de Michel Temer. Um caixão fazendo referência ao presidente marcou a irreverência.
“O ato tem milhares de pessoas nas ruas, um ato forte com clareza no programa. É preciso ir às ruas para pedir eleições gerais. O povo tem que decidir contra a Reforma Trabalhista, da Previdência e contra a PEC 241”, definiu Isa, do movimento de juventude Rua.
Dessa vez, a presença ostensiva da Polícia Militar não era visível no acompanhamento da manifestação. Repressão em últimos atos chegou a vitimar estudante da Ufabc, que perdeu a visão depois de ser atingida por tiro de bala de borracha de um policial. Alguns manifestantes chegaram a entoar “Sem Política Militar, não há repressão”.
“Essa é uma manifestação linda, de gente com coragem que não deixou se intimidar pela repressão dos últimos dias, pela violência, pela bestialidade da Polícia Militar. E que saiu às ruas para dizer Fora Temer. A esquerda está nas ruas, com a esquerda socialista presente. É uma manifestação dos incansáveis, dos irredutíveis, do que há de mais forte, poderoso e honesto da nação brasileira. A classe trabalhadora e a juventude estão presentes na Paulista dizendo que não reconhecem um governo ilegítimo, que prepara a serviço do capital reformas regressivas e reacionárias para destruir a Previdência Social, a educação e a saúde públicas”, afirmou o historiador Valério Arcary.
Após o protesto, manifestantes lotaram os metrôs de volta para casa. No caminho gritavam Fora Temer. Enquanto isso, a polícia, que até então não tinha utilizado de aparato ostensivo contra os manifestantes, lançou bombas e deixou mais uma vez a marca de repressão. O repórter da BBC Brasil Felipe Souza foi agredido por golpes de cassetete por policiais, apesar de ter se identificado como jornalista que cobria os protestos. O caso foi gravado pelo profissional em vídeo.
Manifestações espontâneas acontecem em todo o país. No Rio de Janeiro também teve protesto nesse domingo. Pelo menos cinco mil pessoas saíram do Copacabana Palace até o Canecão, ocupado por artistas e movimento cultural. Novos protestos estão sendo convocados para o dia 7 de setembro.
Vídeo mostra agitação do bloco de esquerda socialista, no Largo da Batata, ao final do ato pelo Fora Temer, em São Paulo:
Direto do ato Fora Temer, equipe do Esquerda Online conversou com alguns manifestantes. Assista o que disse a bancária Valéria, de 27 anos:
Ato pelo Fora Temer reúne cerca de cel mil pessoas, na Av. Paulista:
Luiza Erundina, candidata a prefeita de São Paulo e Ivan Valente chegam ao ato Fora Temer, na Av. Paulista:
Direto do ato de São Paulo, a nadadora Joanna Maranhão e Sâmia do Juntos mandam recado para o Esquerda Online:
Manifestantes lotam metrôs de volta para casa e gritam Fora Temer:
Transmissão ao vivo:
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