Por: Ademar Lourenço e Antônio de Castro, do DF
A política do Distrito Federal está igual à música do Bezerra da Silva “Se gritar pega ladrão, não sobra um”. Toda a mesa diretora da Câmara Legislativa foi afastada por suspeita de corrupção. Os deputados têm os nomes envolvidos em um esquema de pagamento de propina e desvio de dinheiro público em contratos de gestão na saúde.
Isto mostra a relação para lá de suspeita entre as empresas privadas e os políticos do Distrito Federal. Para piorar a situação, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) quer entregar os hospitais públicos para as Organizações Sociais (OS). Estas organizações, na verdade, são empresas que visam o lucro. No Rio de Janeiro foram usadas para roubar dinheiro da saúde. Por isso, os servidores da área estão mobilizados contra as OS.
Os problemas não param por aí. O vice-governador, Renato Santana (PSD), admitiu em gravação que existe pagamento de propina em contratos na área da saúde. O governador Rodrigo Rollemberg está diretamente envolvido no escândalo.
E o problema não é só na saúde. Os trabalhadores do metrô fizeram uma greve de mais de 70 dias porque o governo ficou enrolando ao invés de negociar. Os metroviários queriam apenas a contratação de concursados e a reposição da inflação no salário.
A educação também é tratada com desrespeito. Os trabalhadores terceirizados de São Sebastião entraram em greve porque não receberam o salário. Além disso, alguns deputados querem aprovar uma lei que proíbe o professor de promover discussão em sala de aula. É a lei da escola muda.
Temos que reagir
O povo não pode ficar parado. É preciso unir a classe trabalhadora para derrubar o governador Rodrigo Rollemberg e os corruptos da Câmara Legislativa. É preciso uma frente de esquerda que reúna PSOL, PSTU, PCB, outras organizações de esquerda, os sindicatos e coletivos combativos.
Corrupção no DF vem de longe
Desde 2007, quando Joaquim Roriz (PSC) foi obrigado a renunciar ao mandato de senador para escapar da cassação por corrupção, as elites da cidade procuram um sucessor político à altura. José Roberto Arruda (PR), o escolhido, foi flagrado no ‘Mensalão do DEM’, em 2009. Preso, cassado, caiu em desgraça.
Depois desta crise, o PT de Agnelo Queiroz, chegou ao governo do Distrito Federal em 2010. Ele se aliou ao PMDB do rorizista Tadeu Filipelli. Acabou fazendo mais do mesmo e em 2014 sequer passou ao segundo turno nas eleições. Em 2014, a cadeira de governador caiu de paraquedas na sala de Rollemberg. Como não tinha uma base social e política de sustentação, correu a pedir a benção de Roriz. Em troca, lhe foi imposto o compromisso com o jogo fisiológico das elites e dos seus representantes políticos que fazem da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) balcão de negócios.
Desde a posse, Rollemberg tem se notabilizado pelo aumento de impostos e tarifas públicas, pelo atraso de salários, pelo corte de benefícios sociais aos mais pobres, pela criminalização dos movimentos sociais e das lutas dos professores, dos sem-teto, da juventude e das LGBTS.
Ele também enviou à CLDF o Projeto de Lei que visa transferir serviços e equipamentos de saúde para o controle de Organizações Sociais (OS), o que pode beneficiar financiadores de campanha e agravar ainda mais o caos na saúde pública. Esse projeto desagradou um setor das elites e a população fez pressão contra. Com isso, a CLDF criou a CPI da saúde. O quadro ficou mais grave quando, em julho deste ano, veio a público o áudio de uma conversa entre a presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues, e o vice-governador, Renato Santana, no qual mencionam a existência de um esquema de propinas e desvio de recursos da saúde, que seria do conhecimento do próprio governador Rollemberg.
Nesse contexto, foi realizada a operação da Procuradoria Geral de Justiça e a Polícia Civil do Distrito Federal, no último dia 23, destinada a desbaratar o esquema de distribuição de propina responsável pelo desvio de R$ 31 milhões de sobras orçamentárias da CLDF do ano de 2015 para empresas prestadoras de serviços à Secretaria de Saúde. Resultou no afastamento da presidente daquela casa legislativa, Celina Leão (PPS), e demais membros da Mesa Diretora Raimundo Ribeiro (PPS), Júlio César (PRB), Bispo Renato Andrade (PR) e Cristiano Araújo. Isso tende a acirrar o faroeste político entre as diferentes facções das elites locais e a aprofundar o desgaste e o rechaço ao governo Rollemberg e à própria CLDF. É preciso exigir a saída de Rollemberg, cassar os mandatos e exigir prisão dos deputados corruptos. Os projetos de lei Escola Muda e OS da saúde devem ser arquivados e as reivindicações das categorias em greve atendidas.
Foto: Presidenta afastada da Câmara Legislativa do DF, Celina Leão Marcelo. Por: Camargo/Agência Brasil
Comentários