A maior empresa do Brasil, em valor de mercado, é a Ambev. Com cerca de 301 bilhões estimados. Fica bem à frente da segunda colocada, que é o Itaú, com valor de 179 bilhões.
A Ambev vale o dobro do Bradesco ou da Petrobrás, que são, respectivamente, a terceira e a quarta maiores empresas. Somos um capitalismo embriagado pelos altos lucros do comércio de bebidas!
Existiram no século XX três modelos de regulação da produção e do comércio de bebidas alcoólicas. Um deles foi a proibição, vigente nos EUA por mais de treze anos, e que também ocorreu por pouco tempo no Canadá e em países escandinavos.
Outro modelo é o da iniciativa privada, que passou a existir nos EUA, após o fim da proibição em 1933, e que vigora na maior parte do mundo, inclusive no Brasil.
O terceiro modelo possível é o da nacionalização, com o monopólio do estado. Existe, atualmente, no Canadá, na Suécia e na Noruega. Com diferenças em relação a sua amplitude em cada um desses lugares, tem por característica central que toda a renda desse negócio é destinada para os cofres públicos, com uma destinação específica para programas de saúde pública e de promoção do beber com moderação.
O abuso do álcool é um dos maiores problemas de saúde pública. O sistema de atendimento em CAPS-AD é precário e carente de verbas.
Por que não direcionar toda a renda da maior indústria do Brasil para financiar os gastos com Saúde e Educação?
A cerveja brasileira é de má qualidade, pouco variada e feita com milho transgênico. Se, a exemplo do Canadá, houvesse monopólio do estado no comércio e na importação, poderíamos ter mais disponibilidade de diferentes produtos, sem incitação ao consumo, sem publicidade e com uso das rendas para o interesse social.
O mesmo modelo é aplicável ao tabaco, onde o estado poderia garantir a compra dos pequenos produtores rurais, o acesso dos consumidores e políticas públicas de desestímulo ao consumo e de atendimento aos que desejarem meios de desabituação.
O capitalismo “límbico” como já foi chamado, produz e difunde meios de gratificação psicoativa, que se tornam alguns dos produtos mais rentáveis da economia, produz externalidades econômicas que afetam a saúde pública e cria grandes grupos oligopolistas transnacionais que controlam esse ramo em exclusivo benefício próprio.
Não está na hora de discutir como tornar a indústria e o comércio de bebidas alcoólicas um meio não só de satisfazer os consumidores, mas também de beneficiar toda a sociedade?
A embriaguez pública seria melhor gerida se não estivermos tão embriagados de capitalismo.
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