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EDITORIAL

Duas lições de 2016 e uma esperança para o ano novo

Brasília- DF Manifestação de estudantes, entidades sindicais e Indios contra a PEC 55 e Fora Temer na esplanada dos ministérios. 2016 Foto Lula Marques/Agência PT

O ano velho passou arrastado. Não foi fácil. O povo brasileiro, sempre tão otimista, encolhe os ombros e reflete preocupado: o que virá?

O clima pesado se justifica. O Brasil deu passos para trás, mirando o penhasco. A economia derreteu pelo terceiro ano seguido, o desemprego disparou, a renda caiu e os direitos sociais estão marcados de morte.

Foi ano de Golpe, escândalos sem fim e sujeira pra todo lado. Tragédias chocantes e evitáveis. Crimes bárbaros incitados pelo ódio e o preconceito. A temperatura subiu demais.

Quanto tempo eles querem nos fazer retroceder? Vinte, cinquenta, cem anos? A classe dominante sangra o país. Para manter seus privilégios de parasitas, a burguesia está disposta ao massacre social.

Nesse compasso sombrio, o ano novo bate à porta. Será preciso enfrentá-lo de frente, com ousadia e coragem. Os ricos e poderosos podem muita coisa, mas não podem tudo. A burguesia teme a revolta popular contra esse estado de coisas. Construir a resistência e acender a faísca da rebelião social: eis do desafio da esquerda em 2017.

Para tanto, duas lições deixadas pelo ano velho são indispensáveis:

Não se aliar aos inimigos de classe. A chave para compreender a tragédia do petismo, que resultou no golpe parlamentar da direita, revela-se nesse princípio básico do marxismo. Ao se coligar com banqueiros, corruptos, coronéis e toda sorte de partidos de direita em nome da governabilidade, o PT abandonou a defesa dos interesses dos trabalhadores e se enlameou na corrupção. Mais uma vez a história comprovou: a esquerda que se vende à classe dominante prepara, inevitavelmente, a volta reacionária da direita.

Apostar na mobilização direta. A classe dominante tem o controle do sistema: as instituições (Congresso, Judiciário, Polícia, Exército), as eleições e a grande mídia estão sob o seu domínio. Utilizar a tribuna parlamentar para fortalecer as posições e as ideias da esquerda é muito importante, mas não deve ser a prioridade. A esquerda institucional (como bem demonstrou a trajetória do PT) torna-se refém desse sistema podre. O principal campo de ação para a esquerda deve ser a luta direta e a organização dos explorados e oprimidos. Nas ruas e nas greves é onde podemos vencer.

Por fim, terminamos com uma mensagem de esperança: acreditemos na luta dos trabalhadores e da juventude. Muito se diz que o povo brasileiro “aceita tudo sem reagir, passivamente”. Não é verdade. O povo brasileiro lutou muito ao longo da história. Os negros contra a escravidão, os trabalhadores por direitos, a juventude por liberdade e as mulheres por igualdade. Tudo que hoje eles querem nos tirar foi conquistado com luta.

A burguesia, por meio do governo golpista, quer esmagar nossos direitos e arrebentar de vez com as condições de vida do povo. Mas a resistência já começou com os estudantes ocupando as escolas e universidades, com os servidores em greve por seus salários e os operários em luta pelo emprego.

Em 2017, o desafio será transformar a indignação popular contra Temer e o Congresso em mobilização de massas para derrubar esse governo ilegítimo, os deputados corruptos e preservar os direitos do povo.