MAIS-RN
Na última sexta-feira, 18 de novembro, ao chegar ao trabalho, o bancário Juary Chagas foi comunicado de que teria até o final do dia para recolher objetos pessoais e se despedir dos colegas da agência na Ribeira, em Natal (RN). Após um processo disciplinar aberto, a Caixa decidiu suspender o trabalhador, sem pagamento de salário, e entrar na Justiça com o pedido de demissão por justa causa, por não cumprimento da jornada de trabalho. Todo o processo é parte de uma perseguição política por sua atuação política e sindical. A demissão só não foi concretizada porque o ativista tem direito a estabilidade no emprego até abril do próximo ano.
Ativista importante da categoria, Juary é integrante da Executiva da CSP-Conlutas do Rio Grande do Norte e foi diretor do Sindicato dos Bancários do RN até fevereiro deste ano, quando foi eleito com 1.567 votos para o Conselho Fiscal da entidade. Integra ainda o Movimento Nacional de Oposição Bancária (MNOB). Além da luta sindical, Juary tem intensa atividade política e intelectual. Já se candidatou a vice-prefeito, vereador e deputado federal e é um dos fundadores do MAIS (Movimento por uma Alternativa Independente e Socialista), além de ser autor dos livros “Sociedade de Classe, Direito de Classe” e “Nem classe trabalhadora, nem socialismo: o PT das origens aos dias atuais”.
Juary é bancário há 12 anos, desde 2004. A perseguição política acentuou-se em 2011, quando o setor no qual trabalha, a Filial de Tecnologia, sofreu um esvaziamento fruto de uma reestruturação. Juary foi descomissionado e as atividades foram concentradas em Recife (PE). Juary conseguiu permanecer no seu local de trabalho com a prerrogativa de fazer parte do sindicato. Desde então, o assédio não parou e junto com a retirada de comissão, sofreu tentativa de transferência à revelia, retirada das atividades do setor, etc. Neste período, Juary não teve um registro funcional negativo e chegou a receber promoções por merecimento por duas vezes, fruto de avaliações de seus colegas de trabalho.
Em maio deste ano, o gerente de Tecnologia da Caixa em Recife, Murilo Alves, que acumula inúmeras denúncias de descomissionamento, assédio, monitoramento de empregados e perseguição, pediu abertura de processo administrativo contra Juary. A chefia se aproveitou do fato de ter retirado a maior parte das atividades do setor e do seu cotidiano trabalho político para, durante vários meses, monitorar a rotina de Juary através de câmeras do circuito interno, com o objetivo de fabricar provas de um suposto não cumprimento das obrigações de trabalho. Uma completa premeditação, como parte de um plano para alcançar a demissão e a meta inicial de apenas um funcionário no setor.
O processo montado é bastante semelhante ao da demissão de Dirceu Travesso, o Didi, pelo banco Nossa Caixa, durante o governo José Serra (PSDB), em 2008. Na época, a demissão do dirigente histórico bancário, fundador da CSP-Conlutas e do PSTU, deu início a uma ampla campanha política, que culminou no arquivamento do processo, mantendo o vínculo com o banco até o seu falecimento, em 2014.
A demissão de Juary Chagas é resultado do aprofundamento do desmonte dos bancos públicos pelo governo Temer, com ameaça de fechamento de agências, demissões e retirada de direitos. É parte ainda da criminalização dos movimentos sociais, dos sindicatos e lutadores, que vem sendo aprofundada no último período, com processos draconianos, repressão, prisões de lutadores(as) e a recente decisão sobre a Lei de Greve pelo Supremo Tribunal Federal, que prevê o desconto dos dias parados.
A luta contra a demissão de Juary é parte da resistência aos ataques aos trabalhadores, à juventude, aos setores oprimidos e à esquerda socialista. O MAIS convoca todas as organizações políticas e sindicais a iniciarmos uma grande campanha contra a criminalização dos movimentos sociais e pela readmissão de Juary Chagas. Entendemos que somente uma ampla unidade poderá impulsionar a mobilização necessária para reverter este ataque a todos os trabalhadores, em especial os bancários. Do mesmo modo, chamamos todas as entidades, em especial as organizações sindicais do qual ele integra, a discutirmos medidas financeiras e jurídicas para garantir a sobrevivência do companheiro, que teve o seu salário retirado, e, desta forma, mantermos viva a melhor das tradições da esquerda, a da solidariedade de classe.
- Não à demissão de Juary Chagas. Revogação imediata do processo administrativo fraudulento!
- Não à criminalização dos movimentos sociais. Em defesa do direito de greve e da liberdade sindical.
- Em defesa da Caixa Econômica e dos bancos públicos. Não às demissões e redução de agências.
- Fora Murilo Alves! Punição para os perseguidores e assediadores!
- Nenhum direito a menos. Fora Temer.
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