Faltam poucos dias para as eleições. Como sempre acontece no Brasil, o pleito municipal, além definir o poder locar, é também uma batalha prévia na luta pelo controle dos governos federal, estaduais e Congresso Nacional dois anos depois.
Muita coisa pode acontecer até domingo (6), dia da votação. Afinal, a maioria das pessoas decide e/ou consolida o voto nos dias finais, tanto para prefeito como para vereador. Por isso, o empenho militante nesse momento é fundamental para fortalecer as candidaturas da esquerda contra a extrema direita e o centrão. É hora de fazer intensa campanha nas ruas e nas redes, de conversar com amigos, conhecidos e familiares, enfim, de disputar cada voto. Vamos à luta!
Quatro tendências principais da disputa eleitoral
Embora mudanças significativas possam acontecer até domingo, algumas tendências podem ser identificadas desde já. A primeira delas é que haverá elevada taxa de reeleição de prefeitos. Na maioria das cidades, os atuais governantes, com o suporte da máquina pública, aparecem na dianteira nas pesquisas, sendo que, em diversos casos, com possibilidade de vitória em 1o turno.
A segunda tendência é a de haver a prevalência de vitórias do centrão e da direita tradicional, com candidaturas do PSD, MDB, União Brasil, Republicanos etc. Em muitas cidades, estes partidos estão coligados com o partido de Bolsonaro, o PL, como é o caso, por exemplo, de São Paulo, Porto Alegre e Salvador. Em outros municípios, a direita tradicional concorre diretamente com a extrema direita, sobretudo nas regiões Sul, Centro-oeste e Sudeste. Há cidades também em que conta com apoio do PT, como é caso, por exemplo, de Eduardo Paes (PSD), no Rio de Janeiro, e Geraldo Júnior (MDB), em Salvador. O centrão e a direita devem conquistar, dessa maneira, muitas capitais e cidades importantes, assim como eleger a maioria do prefeitos dos pequenos municípios.
A terceira tendência é a extrema direita mostrar força e avançar na conquista de prefeituras. Desde o início, o PL afirmou que tinha como objetivo conquistar entre 1000 e 1500 prefeituras, o que seria uma enorme fatia poder. Isso colocaria as forças do neofascismo numa posição vantajosa para a disputa em nível federal nas próximas eleições. É preciso ainda avaliar os resultados finais para ver se atingirão ou não esse objetivo específico.
Candidatos bolsonaristas estão bem posicionados nas disputas de várias capitais e cidades importantes, como Natal, Maceió, Rio Branco, Florianópolis, Curitiba, Manaus, Belém, Belo Horizonte, Fortaleza e muitas outras. Contribui para esse avanço também o fato de que o bolsonarismo já está aplicando uma tática que deve se aprofundar em 2026: a associação com o centrão. Em várias localidades, a extrema-direita se apresenta não diretamente, mas através de figuras “da política tradicional”, com uma cara mais “moderada” e um discurso mais palatável.
A quarta tendência é a esquerda conseguir chegar ao 2o turno em algumas capitais e cidades importantes, apesar do cenário político adverso que enfrenta. Candidaturas do PSOL e do PT podem chegar ao segundo turno em São Paulo, Fortaleza, Porto Alegre, Teresina, Natal, Goiânia e Cuiabá; e também são competitivas em outras cidades grandes e médias. Em Recife e Curitiba, o PT optou por apoiar candidaturas do PSB.
O PSOL, especificamente, também enfrenta desafios. O principal deles é ir ao segundo turno e lutar pela vitória em SP, com Boulos. Em Belém, segue a batalha para que o atual prefeito, Edmilson Rodrigues, vá para o segundo turno, o que parece ser difícil. No Rio, a combativa candidatura de Tarcisio está em 3° lugar, mas se depara com a força de Eduardo Paes, que conta com o apoio do PT. O PSOL também apresenta candidaturas competitivas em Niterói, com Talíria Petrone; em Florianópolis, com Marquito; e em Franca, com Guilherme Cortez.
A centralidade da disputa em SP, que está indefinida
A vaga de Boulos no segundo turno não está assegurada. É preciso intensificar ao máximo a campanha nesses últimos dias. É preciso alertar o povo paulistano de que a maior cidade do pais não pode cair nas mãos de Jair Bolsonaro, o que acontecerá inevitavelmente se Boulos não for ao 2° turno.
O complexo cenário eleitoral faz com que todas as atenções e esperanças se voltem, naturalmente, para São Paulo. É a maior cidade do país, a esquerda nela é forte, Lula e Haddad venceram aí em 2022 e hoje o cenário se encontra incerto, apontando para um triplo empate técnico entre Boulos e as duas forças vinculadas ao bolsonarismo: Ricardo Nunes (centrão aliado com Bolsonaro) e Pablo Marçal (fascista puro sangue).
A campanha de Boulos está crescendo nas ruas, especialmente nas periferias. Mas há a força do aparelho da Prefeitura e do Governo do Estado a favor de Nunes, e também existe a relevância do fenômeno fascista de Pablo Marçal, que tem enorme presença nas redes sociais. Estamos perante um cenário bastante indefinido. A vaga de Boulos no segundo turno não está assegurada. É preciso intensificar ao máximo a campanha nesses últimos dias. É preciso alertar o povo paulistano de que a maior cidade do pais não pode cair nas mãos de Jair Bolsonaro, o que acontecerá inevitavelmente se Boulos não for ao 2° turno.
O resultado em SP, se vence a esquerda com Boulos ou se vence um dos candidatos do bolsonairmo, será decisivo para o balanço nacional da eleição.
A importância de eleger vereadores de esquerda
Assim, a tarefa mais importante de todo militante de esquerda neste momento em qualquer canto do país é se engajar na campanha, seja ela majoritária ou proporcional. (…). Há um amplo espaço a ser disputado, um espaço que garantiu a vitória de Lula em 2022 e que ainda não foi ocupado a fundo.
Além das batalhas majoritárias, há um importante espaço proporcional sendo disputado. A esquerda em geral e o PSOL em particular lançou candidaturas fortes, mais experientes, que cobrem um amplo espectro de movimentos sociais, territórios e setores. Tudo leva a crer que haverá uma ampliação da bancada do PSOL e do PT nas câmaras municipais, o que sem dúvida nenhuma seria uma importante vitória e uma trincheira para preparar 2026.
Assim, a tarefa mais importante de todo militante de esquerda neste momento em qualquer canto do país é se engajar na campanha, seja ela majoritária ou proporcional. Como também sempre acontece no Brasil, um enorme contingente de eleitores não definiu seus candidatos majoritários e muito menos os proporcionais. Há um amplo espaço a ser disputado, um espaço que garantiu a vitória de Lula em 2022 e que ainda não foi ocupado a fundo.
A Resistência, corrente interna do PSOL, é parte dessa esforço. Lançamos candidaturas próprias, apoiamos outras candidaturas do PSOL e do PT em várias cidades. Nossa militância está nas ruas construindo a necessária muralha contra a barbárie, a violência e o atraso.
Passadas as eleições, começará outra luta. Será preciso resistir com todas as forças às inúmeras tentativas de retrocesso da extrema direita e também exercer pressão para que o governo Lula avance nas políticas sociais e no enfrentamento com o bolsonarismo. Essa resistência ocorrerá, claro, no Congresso Nacional, prefeituras de esquerda e nas câmaras de vereadores. Mas o mais importante é que ela ocorra nas ruas, nos movimentos sociais, nos sindicatos, nas ocupações, nas periferias, no movimento estudantil. Serão dois anos de um intenso combate até as eleições 2026, quando a extrema direita tentará retomar o controle do país. Não deixar isso acontecer é a mais importante tarefa do nosso tempo histórico. E ela começa agora, com a integração às campanhas eleitorais em todo o território nacional.
Derrotar a extrema-direita nas urnas e nas ruas!
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