Monica Cunha, uma liderança do movimento de familiares de vítimas de violência do Estado, anunciou a sua candidatura a vereadora do Rio de Janeiro pelo PSOL, na última segunda (6). A candidata perdeu um dos três filhos assassinado por policiais em Riachuelo há 20 anos. O assassinato de Rafael aproximou ainda mais a vereadora do ativismo. Anos antes, ela já estava mobilizada com outros familiares de adolescentes e jovens cumpridores de medidas socioeducativas, através do Movimento Moleque, fundado por ela e outras organizações em 2003.
Com um ano e meio de trabalho, Monica não só avançou com pautas da população negra carioca na Câmara como também marcou o seu mandato com um feito inédito: a primeira Comissão de Combate ao Racismo numa casa legislativa do Brasil. A Comissão que tinha caráter especial (duração de um ano), após uma árdua campanha popular, se tornou permanente este ano.
O evento, marcado por falas marcantes e emocionadas de figuras públicas e de representantes de movimentos sociais, reuniu cerca de 400 pessoas na Garagem Delas. Tarcísio Motta, candidato a prefeitura do Rio, declarou o seu apoio a futura vereadora.
“Do luto, da dor e da perda, vocês fazem sementes. Hoje é tempo de esperançar um mundo novo onde nossos jovens não morram na mão do estado. Você me ensina, Monica Cunha, que a construção de uma cidade antirracista é o dever de todos nós!”, Tarcísio Motta, afirmou o professor.
“Entrei na militância pelo meu filho Rafael e me candidatei pelos filhos de tantas outras mães que conheci nesses 20 anos de luta. Em um pouco mais de um ano e meio de mandato, fizemos da nossa prioridade a construção de uma política popular, feita de fora para dentro e em coletividade para colaborar na transformação desta cidade”
Durante o mandato, a vereadora Monica Cunha criou a Lei da Semana Municipal em Memória das Vítimas de Violência Armada, o Programa Municipal de Atenção Psicossocial às Vítimas de Violência Armada e a Lei do Dia Municipal do Jongo, conferindo visibilidade a uma das heranças ancestrais trazidas de África e que hoje sedimentam as expressões culturais mais reconhecidas como próprias do povo brasileiro.
Em entrevista, Monica Cunha, afirmou que seu mandato é de continuidade. “Entrei na militância pelo meu filho Rafael e me candidatei pelos filhos de tantas outras mães que conheci nesses 20 anos de luta. Em um pouco mais de um ano e meio de mandato, fizemos da nossa prioridade a construção de uma política popular, feita de fora para dentro e em coletividade para colaborar na transformação desta cidade”, afirmou a vereadora.
Também foi protocolado o projeto para nomear como rua Amarildo de Souza, a atual rua dois da Rocinha e o projeto para o reconhecimento da Grande Madureira como Região da Diáspora da Pequena África.
Quero continuar a cumprir as urgentes tarefas colocadas pelos movimentos sociais e familiares de vítimas da violência de Estado, de punhos cerrados e sorrindo, certa de que nossos saberes, vozes e ações fazem a diferença nos espaços de poder, alterando a ordem racista e elitista de fazer política e concretizar a democracia”, disse a educadora social.
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