Os sinais são preocupantes. O centrão comanda diversos ministérios do governo, mas se une frequentemente com a extrema direita no Congresso para impor derrotas a Lula nas votações. A mídia corporativa, vocalizando os interesses dos grandes capitalistas, embeleza Tarcísio de Freitas, o governador bolsonarista de SP. O mercado financeiro sobe o tom das críticas ao governo federal, exigindo mais aperto fiscal, mesmo com a tragédia climática no RS. Enquanto isso, Lula segue perdendo popularidade, apesar dos dados positivos da economia.
A extrema direita preserva enorme força política e intensifica os ataques ao governo, colocando-o na defensiva. A direita liberal, por sua vez, namora a ala supostamente “moderada” do fascismo, de olho na corrida presidencial de 2026.
O cenário, como se vê, é difícil. A extrema direita preserva enorme força política e intensifica os ataques ao governo, colocando-o na defensiva. A direita liberal, por sua vez, namora a ala supostamente “moderada” do fascismo, de olho na corrida presidencial de 2026. A Faria Lima não quer nova vitória da esquerda daqui a dois anos. Já o bolsonarismo pretende voltar ao poder central em breve. A extrema direita e o grande capital, assim, vão costurando um acordo.
Nesse momento, há um movimento coordenado que visa desgastar o governo para prejudicar candidaturas ligadas a Lula nas eleições municipais. A luta pela prefeitura de São Paulo ocupa um lugar central nesse plano. Na capital paulista, o objetivo da extrema direita e da direita é um só: impedir a vitória de Guilherme Boulos, do PSOL. A disputa pelas prefeituras prepara a batalha nacional em 2026.
É necessário mudança de linha política
A conjuntura atual é perigosa. Não é prudente minimizar os riscos. Se faz necessária uma reorientação do governo Lula para romper o cerco que o bolsonarismo está montando com a ajuda da direita liberal. Esse mudança também é relevante no curto prazo, tendo vista a importância das eleições municipais.
O centrão de Lira controla inúmeros ministérios e barganha bilhões de reais em emendas toda semana. Mas age, na maioria das vezes, como oposição a Lula, se unindo ao bolsonarismo nas votações. Na semana passada, por exemplo, vetos de Lula foram derrubados por ampla margem. Na votação da lei sobre as saidinhas dos presos, o governo foi derrotado por 314 a 126 — um placar humilhante.
A rigor, o centrão só vota com o governo nas pautas alinhadas com o mercado financeiro, como o Arcabouço Fiscal e a Reforma Tributária, e, mesmo assim, cobra caro. Essa situação absurda tem que acabar. O centrão não pode ficar no governo sendo que atua, na prática, como oposição, em conluio com Bolsonaro para sabotar Lula.
A rigor, o centrão só vota com o governo nas pautas alinhadas com o mercado financeiro, como o Arcabouço Fiscal e a Reforma Tributária, e, mesmo assim, cobra caro. Essa situação absurda tem que acabar. O centrão não pode ficar no governo sendo que atua, na prática, como oposição, em conluio com Bolsonaro para sabotar Lula.
Outro ponto a ser modificado é a política econômica. A melhora modesta nos indicadores do PIB, do desemprego, da renda e da inflação não está sendo suficiente para alavancar a popularidade de Lula. A maioria da população trabalhadora não está percebendo mudança efetiva nas suas condições de vida. O governo precisa entregar medidas econômicas e sociais mais robustas ao povo, incluindo os assalariados de renda média. O marco fiscal aprovado, feito para agradar a Faria Lima, serve como freio de mão para os investimentos sociais tão necessários.
Exemplo disso revela-se na greve da educação federal. Os servidores estão exigindo valorização salarial e da carreira, após muitos anos de arrocho. O governo atendeu, por exemplo, os pedidos da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal, a qual, recentemente, fez bloqueios nas estradas para impedir nordestinos de votar em Lula. Mas o Executivo se recusa a dar o mesmo tratamento aos trabalhadores da educação, que estiveram na linha de frente contra Bolsonaro. Ou seja, ao invés de ceder à justa demanda dessa importante base social da esquerda, prefere confrontá-la.
A linha da austeridade, que tem como meta o déficit zero neste ano, também coloca-se como entrave para o direcionamento de maiores recursos financeiros para a reconstrução do RS, especialmente no suporte às famílias afetadas. Em realidade, o país precisa de um amplo plano de investimento em projetos de preservação ambiental, prevenção aos efeitos das mudanças climáticas e adaptação das cidades a essa nova realidade. Para isso, as metas fiscais draconianas precisam ser urgentemente revistas.
Sem mobilização social à esquerda, não é possível avançar
Importar ressaltar que é impossível Lula romper com o centrão de Lira, que faz o governo refém no Congresso, e adotar uma ousada política econômica de investimentos sociais sem se apoiar na mobilização da sua base de apoio. É preciso suporte popular ativo para enfrentar a extrema direita e o poder dos banqueiros e do agronegócio. A governabilidade precisar ser construída, sobretudo, de baixo para cima, com luta politica e ideológica e ampla mobilização social.
O centrão trai, a burguesia liberal ataca e a extrema direita vai à ofensiva política
O fato é que a linha da conciliação a todo custo, a busca pela governabilidade amparada somente nos acordos por cima, a opção pela desmobilização social e a tentativa de agradar a grande burguesia com o marco fiscal, enfim, a estratégia de governo “a frio” que vigora, não está funcionando. O centrão trai, a burguesia liberal ataca e a extrema direita vai à ofensiva política. O ato de 1° de maio esvaziado virou prato cheio para a oposição. E tudo pode piorar, se não houver mudança de rumo.
Exemplo positivo vem da Colômbia. Lá o governo de esquerda, de Gustavo Petro, também está sendo acossado pela oposição de extrema direita e de direita, inclusive com ameaças de golpe. Porém, a resposta de Petro, para resistir aos ataques das elites e avançar no cumprimento das promessas de campanha, está sendo a mobilização social e a batalha política e ideológica, que é encabeçada pelo próprio presidente.
Ainda há tempo de Lula mudar a linha geral do governo. Os partidos de esquerda, os movimentos sociais e os sindicatos precisam pressionar nesse sentido, à esquerda.
Frente de Esquerda para derrotar a extrema direita e a direita nas eleições
O bolsonarismo tem como objetivo eleger mais de mil prefeitos. Os partidos do centrão farão alianças com a extrema direita na maioria dos municípios.
O bolsonarismo tem como objetivo eleger mais de mil prefeitos. Os partidos do centrão farão alianças com a extrema direita na maioria dos municípios. A esquerda, por seu turno, pretende se fortalecer no país, disputando capitais e cidades muito importantes. O resultado geral dessa duríssima luta eleitoral terá impacto direto na disputa presidencial em 2026, bem como para o Congresso Nacional e os governos estaduais.
Trata-se da batalha política mais importante do ano. A união das esquerdas (PSOL, PT, PCdoB) para enfrentar o bolsonarismo e a direita nas eleições é fundamental. Junto com essa unidade, tem grande valor a apresentação de um programa voltado às necessidades mais sentidas pelo povo trabalhador e oprimido em cada município, destacando também a pauta ambiental em tempo de catástrofes climáticas. Precisamos construir candidaturas-movimento, que gerem engajamento e façam a disputa política e ideológica contra a extrema direita. Fortalecer as ideias de esquerda e anticapitalistas também muita importância. A batalha será árdua, mas a vitória é possível. À luta!
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