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EDITORIAL

Solidariedade versus fake news no RS

Em meio a tragédia, a solidariedade tenta vencer avalanche de fake news do bolsonarismo

Editorial Esquerda Online

A tragédia climática no RS comove o Brasil. A destruição é assustadora e o pior ainda não passou. 538 mil pessoas estão desalojadas (em casa de amigos e parentes) e 79,5 mil encontram-se em abrigos. Já são 147 mortes confirmadas, há ainda 127 pessoas desaparecidas e 806 feridos. Cidades e bairros inteiros foram devastados. 446 municípios foram afetados e 200 mil casas estão sem água. Mais de 2 milhões de habitantes foram atingidos. 76 mil pessoas e 10 mil animais tiveram que ser resgatados.

Há falta de água potável para parte da população. Escolas, hospitais, rodovias, pontes e outros equipamentos de infraestrutura foram destruídos ou danificados. Para piorar, o tempo ruim não dá trégua. Com a chegada de nova frente fria e muita chuva, os rios estão enchendo rapidamente, provocando novas inundações. Estamos perante a pior tragédia climática da história do país.

>> Leia também: O negacionismo climático de Eduardo Leite

a esperança vem da solidariedade ativa que se espalha entre o povo. Emociona o heroísmo de milhares de pessoas que, dia e noite, sem descanso, dão o melhor de si na ajuda a quem mais precisa. São mulheres e homens trabalhadores que garantem as cozinhas solidárias, se empenham nos regastes, levam água e mantimentos, enfim, acolhem quem tudo perdeu na enchente.

O sentimento é de enorme tristeza com as cenas de destruição e o sofrimento humano. Mas a esperança vem da solidariedade ativa que se espalha entre o povo. Emociona o heroísmo de milhares de pessoas que, dia e noite, sem descanso, dão o melhor de si na ajuda a quem mais precisa. São mulheres e homens trabalhadores que garantem as cozinhas solidárias, se empenham nos regastes, levam água e mantimentos, enfim, acolhem quem tudo perdeu na enchente.

Milhões de brasileiros já fizeram suas contribuições, seja doando dinheiro, seja entregando mantimentos nos pontos de coleta. Essa imensa corrente de solidariedade está fazendo a diferença. Porém, mesmo diante do sofrimento humano, há quem dissemine mentiras para se aproveitar politicamente do caos.

Bolsonarismo espalha fake news criminosas, prejudicando o povo gaúcho

A extrema direita se aproveita da tragédia para espalhar mentiras em escala industrial. Não se importando com a dor das pessoas, influencers e políticos bolsonaristas disparam fake news em massa, buscando desacreditar ações de solidariedade promovidas pelo governo federal e por lideranças e figuras públicas da esquerda.

Bolsonaristas propagam, por exemplo, a farsa de que a Anvisa não estaria deixando remédios chegar ao estado. Afirmam também que o governo Lula está dificultando a chegada de caminhões com suprimentos e negando auxílio de outros países. As falsidades contadas são muitas. Elas promovem a desinformação sobre fatos essenciais, atrasam o socorro e ampliam a crise humanitária. Os criminosos que disseminam as fake news precisam ser desmascarados e punidos.

a luta política e ideológica contra o bolsonarismo e suas mentiras é central nesse momento

Outro discurso mentiroso da extrema direita baseia-se na narrativa de que “o Estado não faz nada, Lula não faz nada, só existe o povo pelo povo”. Dessa forma, o bolsonarismo usa as valiosas ações de solidariedade das pessoas comuns para esconder as importantes medidas de socorro promovidas pelo governo Lula, instituições públicas, movimentos sociais, lideranças de esquerda, sindicatos e influencers progressistas.

Por tudo isso, a luta política e ideológica contra o bolsonarismo e suas mentiras é central nesse momento.

Verdadeiros culpados tentam se esconder

A tragédia em curso não foi uma surpresa. Foi o terceiro evento extremo em menos de um ano no RS. O governador, Eduardo Leite, e o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, nada fizeram para prevenir as consequências de um acontecimento previsível. Especialistas há muito tempo vêm alertando sobre os inevitáveis efeitos extremos das alterações climáticas no Rio Grande do Sul.

O governador do PSDB afrouxou cerca de 500 normas legais, abrindo a porteira da devastação ambiental no estado. Já o prefeito bolsonarista não investiu um centavo sequer em ações preventivas em Porto Alegre no último ano, mesmo ciente dos alertas

O governador do PSDB afrouxou cerca de 500 normas legais, abrindo a porteira da devastação ambiental no estado. Já o prefeito bolsonarista não investiu um centavo sequer em ações preventivas em Porto Alegre no último ano, mesmo ciente dos alertas. Nem mesmo as bombas e diques de contenção contras enchentes contavam com a manutenção adequada.

Leite e Melo não são responsáveis pela chuva torrencial que desaba de forma inclemente sobre o RS, mas eles são culpados pela omissão e ações irresponsáveis que aumentaram a dimensão da destruição e o sofrimento das pessoas.

Governo Lula toma ações corretas e importantes. Mas é preciso mais

O governo anunciou medidas importantes em apoio ao RS. 52 mil cestas básicas estão sendo entregues aos atingidos. 20 mil profissionais de instituições federais foram direcionados para o socorro no estado.  Além disso, Lula colocou diversos ministérios, as forças armadas e empresas públicas, como o Correios, em ação para a ajuda humanitária.

Houve também a antecipação do pagamento do Bolsa Família e do Abono Salarial, assim como a ampliação de duas parcelas extras do seguro desemprego. Haverá linha de créditos subsidiados para as pequenas empresas afetadas. A dívida do RS com a União ficará suspensa por três anos. O governo deve anunciar novas ações ainda essa semana.

São respostas importantes nesse momento emergencial. E elas precisam ser comunicadas ao povo para desmascarar as fake news do bolsonarismo.

O que está sendo feito por Lula deve ser valorizado, mas é necessário novas e mais robustas ações federais.

O que está sendo feito por Lula deve ser valorizado, mas é necessário novas e mais robustas ações federais. É fundamental, por exemplo, a concessão imediata de Auxílio Emergencial a todas famílias atingidas. Elas precisam receber um apoio financeiro para reconstruir suas vidas.

Assim que a situação mais crítica passar, haverá o desafio de colocar de pé bairros e cidades inteiras, sendo que alguns deles terão que ser refeitos do zero e em novos lugares. Isso exigirá dezenas de bilhões de reais em investimentos. O governo Lula tem que liderar esse programa de reconstrução do RS em bases ambientais sustentáveis. Para ter dinheiro para tanto, será necessário suspender o arcabouço fiscal. É preciso aprovar um “orçamento de guerra”, livre das amarras da austeridade neoliberal, para socorrer e reconstruir o RS.

Ações exemplares de solidariedade da esquerda e dos movimentos sociais

No RS e em todo país, a esquerda brasileira, parlamentares do PSOL, PT e PCdoB, os movimentos sociais, como MST e o MTST, e os sindicatos, estão ativamente envolvidos em campanhas de ajuda ao povo gaúcho. Há também relevante participação de artistas, influenciadores e outras figuras públicas progressistas nessas iniciativas. Nada é mais importante nesse momento do que essa solidariedade verdadeira, sem fake news.

Em Porto Alegre, o mandato do deputado estadual Matheus Gomes, do PSOL, em parceira com o influenciador Felipe Neto já conseguiu significativas doações de água potável, alimentos, cobertores e mantas térmicas

Em Porto Alegre, o mandato do deputado estadual Matheus Gomes, do PSOL, em parceira com o influenciador Felipe Neto já conseguiu significativas doações de água potável, alimentos, cobertores e mantas térmicas. As doações estão sendo recebidas pela chave pix: [email protected]. Essa rede de solidariedade precisa continuar e crescer nas próximas semanas!

Tragédia no RS é aviso para o Brasil e o mundo

O evento extremo e devastador no Sul é consequência direta da emergência climática que o planeta vive. A temperatura média na Terra bateu recorde histórico em 2023. Tragédias climáticas estão acontecendo com cada vez mais frequência em várias partes do mundo. São inundações devastadoras, secas agudas e prolongadas, ciclones e furacões destruidores, ondas insuportáveis de calor.

O sistema capitalista, que visa apenas o lucro e riqueza de poucos, está destruindo o planeta, com consequências terríveis à ampla maioria da população trabalhadora, racializada e pobre.

No Brasil, a situação é agravada pelo avanço acelerado da destruição ambiental em nosso território. O agronegócio, em aliança com o centrão e o bolsonarismo, passa no Congresso a boiada da devastação, até mesmo em áreas indígenas e reservas naturais, como no Cerrado e na Amazônia.

Nos estados e municípios, a ampla maioria dos governantes, da direita e extrema direita, não tem nenhum compromisso com a preservação ambiental e a adoção de medidas preventivas para desastres climáticos.

A dolorosa tragédia no RS tem que servir de lição. É preciso mudança radical na política pública, tanto para preservar e recuperar o meio ambiente, como para preparar as cidades para eventos climáticos extremos.

A dolorosa tragédia no RS tem que servir de lição. É preciso mudança radical na política pública, tanto para preservar e recuperar o meio ambiente, como para preparar as cidades para eventos climáticos extremos.

O governo Lula precisa dar prioridade máxima a essa pauta, sem medo de enfrentar os interesses do agro predador e do centrão. A extrema direita, assim como foi na pandemia, mostra que é patrocinadora da destruição e do caos. Precisa ser combatida frontalmente.

A solidariedade do povo trabalhador e a organização popular nos territórios, em conjunto com a luta política e ideológica por um programa de esquerda, ecossocialista, é o caminho.

 

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