Em meio ao processo de mobilização da categoria, que já se traduziu em diversas paralisações em diferentes pontos da região metropolitana de Fortaleza, ocorreu a eleição para renovar a diretoria do Sindicato de trabalhadores(as) da construção civil.
A eleição do sindicato – que abrange trabalhadores e trabalhadoras da Grande Fortaleza – transcorreu entre os dias 8 e 10 de maio. Vejamos um pouco o que foi esse pleito sindical.
Oposição sequer consegue reunir o número necessário para compor a chapa
À primeira vista, esperava-se que duas chapas concorressem: uma se propondo a preservar o sindicato no campo da defesa da unidade das organizações da classe trabalhadora, com o intuito de reverter o cenário de perdas históricas decorrentes do período em que o país esteve sob os governos de Temer e Bolsonaro; outra, de fato, desprezando esse quadro e apostando na linha do “estou sozinho, estou bem”.
O traço que mais chamou a atenção no processo eleitoral foi o da incapacidade da oposição em construir uma chapa que pudesse fazer frente ao enorme prestígio que a atual direção tem junto a sua base. Sem conseguir o número mínimo de integrantes para compor a chapa (e após furar o plano para compor a chapa com União e Luta), os oposicionistas judicializaram o pleito, para que pudessem concorrer, ainda que afrontando o estatuto da entidade. O quadro era tão bizarro que a juíza entendeu que os desconcertos da presumível chapa de oposição eram tão grandes que não havia como reconhecer sua legalidade mais elementar.
Assim, a eleição, diferentemente da última, quando a União e Luta venceu essa mesma oposição com 75% dos votos, se deu sem que os opositores conseguissem sequer montar uma mísera chapa.
A categoria cresce em número e em compreensão política
Depois de ver seu plantel reduzido a 12 mil trabalhadores, na esteira da lava-jato, do golpe contra Dilma e dos desgovernos de Temer e Bolsonaro, a categoria mais que dobrou no último período.
Uma marca da construção civil é a intensa rotatividade de mão-de-obra. Por isso, é comum aceitar que votem os filiados com carteirinha atualizada e mesmo aqueles sindicalizados que estiveram inseridos na categoria até 6 meses.
Ainda assim é corrente um número pequeno de votantes nos processos eleitorais. O que é notável na eleição de 2024, em comparação com a anterior, por exemplo, foi a alta participação dos sindicalizados, batendo o quórum em mais de 70%. A chapa União e Luta alcançou 99,21% dos votos (1010 em 1018 votos).
Essa votação massiva na chapa, contrariando os que pensavam que haveria o famoso “voto de protesto”, demonstra o quanto a categoria entendeu a importância de ter à frente da entidade uma direção que aposte na unidade como condição necessária para o encaminhamento das lutas.
Quem compõe a União e Luta e quais as suas tarefas?
A chapa União e Luta é uma síntese de antigos e novos ativistas da categoria. Houve uma renovação de cerca de 1/3 dos membros da chapa se a compararmos com o pleito anterior. Esses ativistas, no campo sindical, pertencem à Travessia e à Unidade Classista, respectivamente. No campo político, são companheiros que militam na Resistência-PSOL e no PCB.
Esses camaradas terão pela frente um grande desafio: conduzir o sindicato nas trilhas da unidade e do bom combate. De imediato, devem buscar responder a duas tarefas imediatas: ampliar e aprofundar a mobilização para fechar a campanha salarial com pleno êxito e enfrentar a conjuntura nacional, ao lado de Lula contra a extrema-direita, mas ao lado da classe trabalhadora frente aos erros e às hesitações do governo.
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