Os números da campanha pela reforma do estatuto do sindicato dos rodoviários de Recife e região expressam uma significativa participação dos trabalhadores associados ao sindicato: 641 ao total, algo em torno de 50% dos associados.
Esse número também expressa o acerto que foi a realização da coleta de votos por local de trabalho, privilegiando o diálogo com a base da categoria, apesar da chuva que caiu na madrugada, das medidas antissindicais praticadas pelos empresários que tentaram o tempo todo atrapalhar o processo e do papel nocivo cumprido pela oposição.
Com 319 votos, categoria aprova novo estatuto
A pergunta 1, formulada da seguinte maneira: Você aprova o novo estatuto democrático do Sindicato?, recebeu 319 votos pelo SIM e 299 votos pelo não. Um resultado que mostra que foi correto ter realizado o debate da reforma estatutária entre a categoria, que anseia por melhorias em suas condições de trabalho e, para isso, quer ver um sindicato mais forte, mais democrático, mais atuante e sem privilégios para suas lideranças.
Por outro lado, a nada irrelevante quantidade de votos que o NÃO recebeu, reflete a dificuldade que a diretoria teve de conseguir debater com profundidade com toda a categoria, limite que o próprio estatuto atual impõe, tendo em vista a pequena quantidade de diretores que ele permite. Esse número também reflete o peso das fakenews disseminadas pela oposição patronal, bem como a intensa campanha de assédio nas garagens para que trabalhadores votassem no NÃO.
Já a pergunta 2 (Você concorda que quem defende a empresa contra outro trabalhador não possa ser um dirigente do Sindicato como propõe o estatuto do sindicato?) recebeu 236 pelo SIM, contra 288 pelo NÃO. Essa pergunta, em especial, foi objeto de grande disputa e confusão. Com ela, o sindicato buscou levar ao debate entre os trabalhadores um episódio de deduragem por parte de um dos membros da oposição patronal, contra um trabalhador que acabou sendo demitido. Afinal, a deduragem, a caguetagem, a colaboração com os patrões, não pode ter lugar dentro das entidades sindicais, que são a representação dos interesses dos trabalhadores.
É possível admitir que a pergunta 2 tenha sido elaborada de modo que a leitura dela tenha ficado confusa. Contudo, também é verdade que a oposição fez de tudo para impedir sua aprovação: mentiu e espalhou fakenews, fez barraco, se fez de vítima, atacou os diretores do sindicato, etc. Tudo para proteger e passar pano em um de seus membros.
De toda forma, é papel do sindicato respeitar a decisão dos trabalhadores, mas também é seu papel seguir educando a categoria quanto a esse tipo de prática danosa antissindical, que só serve aos patrões.
Oposição patronal e empresários, que sempre estiveram pela manutenção do velho estatuto, saem derrotados
O velho estatuto, que finalmente será substituído por outro, bem melhor e infinitamente mais avançado, reflete um antigo estilo de sindicalismo que já devia ter sido superado. Nesse tipo de sindicalismo as lideranças se comportam como pequenos coronéis e verdadeiros compadres dos patrões, em vez de portarem-se como lutadores e representantes da categoria.
Por exemplo, além de uma diretoria reduzida de apenas 12 membros, número insuficiente para conseguir dar conta das demandas de uma categoria numerosa e que atua ao longo de toda a grade Recife, o atual estatuto concede uma série de privilégios aos diretores e ao presidente, como salários 7 vezes acima do salário da categoria. A atual gestão, O Guará, sempre abriu mão desse tipo de privilégio. Mas também sempre soube que isso não seria o suficiente. Seria necessário oficializar, de fato, a proibição desses privilégios e regalias nas páginas do próprio estatuto e assim o fez.
Afinal, tais privilégios são absurdos, pois eles fazem com que muita gente acabe vendo o sindicato como meio de vida e de enriquecimento pessoal e não como uma ferramenta de resistência e luta de toda a categoria. Pior, para manter esse tipo de privilégio os dirigentes passam a fazer de tudo para impedir qualquer tipo de crítica e renovação: fraude, mentira, ameaça e, até mesmo, acordos com os patrões. Tudo exatamente como era nos tempos de Grilo e Patrício.
Ou seja, não foi por acaso que muitas das empresas coagiram seus trabalhadores a votarem pelo NÃO, pois é do interesse delas um sindicato fraco e de joelhos diante da Urbana-PE. Pior, muitas delas chegaram até mesmo a conceder folga aos membros da oposição, liberando-os o dia todo para irem às urnas defender o voto no NÃO, um esquema completamente vergonhoso (vídeo abaixo).
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Isso porque a oposição sempre quis manter o atual estatuto, justamente porque sempre quis um sindicato relaxado e na mão dos patrões, tal como nos tempos de Patrício e Grilo. Tanto é que chegaram a espalhar na categoria que, com o novo estatuto, os aposentados seriam descontados com a metade do que pagavam na ativa. Uma mentira suja, pois não há nenhuma cláusula no novo estatuto falando em cobrar os aposentados. A resposta contra essa mentira foi uma expressiva votação dos aposentados, 39, no SIM, contra apenas 2 votos pelo NÃO.
Que Urbana-PE se prepare: sindicato sai mais forte e disposto a combater abusos contra trabalhadores e por mais direitos
A luta não acabou. O sindicato dos rodoviários tem agora, como desafio, seguir dialogando diariamente com a base dos trabalhadores nas garagens e nos terminais; combatendo os abusos dos empresários, como a falta de banheiros para os trabalhadores em muitos dos terminais; cobrar a agilização dos refeitórios conquistados por pressão do sindicato e, principalmente, preparar a categoria para uma campanha salarial vitoriosa em 2024.
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