Antonio Francisco Ferreira, conhecido como “Ferreirinha”, liderança histórica dos trabalhadores dos Correios na região do ABC Paulista, foi finalmente reintegrado à empresa após uma batalha de dois anos. Nos Correios desde 1996, Ferreirinha esteve na linha de frente de diversas greves e é reconhecido por trabalhadores de várias unidades e pelos mais diferentes setores políticos, tendo sido diretor do sindicato e delegado de base da categoria no ABC.
Essa vitória é resultado de uma campanha em busca de justiça após sua demissão, que ocorreu como parte de uma ofensiva do governo Bolsonaro e seu ministro Paulo Guedes na tentativa de enfraquecer a resistência dos trabalhadores à privatização dos Correios. A vitória da reintegração de Ferreira chega nesse importante momento de virada para os trabalhadores com a eleição de Lula e a retirada dos Correios da lista de estatais que seriam privatizadas.
Segue o relato de Ferreirinha sobre essa vitória:
Hoje, participei da primeira assembleia de minha categoria, após quase dois anos de demissão. Hoje também é meu segundo dia de trabalho depois da minha reintegração. Foi emocionante ver meus companheiros comemorando meu retorno, e saber que valeu a pena essa luta. Porque não foi uma luta pelo Ferreirinha, foi a luta de uma categoria que tem sofrido muito no último período, os últimos seis anos foram terríveis.
No dia a dia, o trabalhador do Correio sofre muito, mas o último período foi insuportável. Mas felizmente essa batalha que travamos, com o apoio do Dr. Bruno Figueiredo e a equipe do escritório de advogados que abraçaram meu caso, finalmente foi uma vitória. Quando a sentença do juiz determinando minha reintegração foi anunciada após dois anos de espera, foi um misto de ansiedade e sede de esperança.
Passar quase dois anos desempregado, sabendo que foi resultado de perseguição política, devido ao meu ativismo sindical, foi difícil de aceitar. Desde que entrei nos Correios em 1996, nossa história sempre foi de luta, algo que incomodava a chefia e a empresa que buscava explorar mais e mais os trabalhadores, desrespeitando e assediando. Sempre atuei na luta da categoria, seja como um cipeiro, como delegado sindical, ou até mesmo como diretor sindical. E mesmo com o meu mandato de diretor sindical encerrado em 2004, isso não mudou a nossa atuação. A gente continuou enquanto oposição sindical, fazendo o nosso trabalho, tanto como ativista sindical como militante do PSOL.
Essa atuação refletia muito sobre nossos colegas de trabalho e minha demissão eles entenderam como uma derrota. Eles diziam: ‘Se mandaram embora o Ferreira, o que farão com os outros que não têm sua experiência e conhecimento? Se eles não se preocupam em demitir uma liderança, o que não vão fazer com os outros trabalhadores’. Esses depoimentos às vezes me abalavam, mas também me deram esperança e ânimo para continuar lutando, na esperança de que pudéssemos voltar ao trabalho e continuar a luta que os trabalhadores precisam se organizar.
Meu retorno tem esse sentido da retomada da esperança e de exemplo para outros trabalhadores. É importante compartilhar essa vitória para inspirar coragem, ânimo e esperança na luta. É a luta que muda a vida. É assim que nos sentimos neste momento, uma mistura de euforia e esperança. Estou procurando uma palavra, mas vamos dizer… finalmente, podemos dizer que a justiça foi feita e uma injustiça foi reparada.
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