No último domingo, 17 de setembro, foi realizada a etapa estadual, em Salvador, do 8º Congresso do PSOL Bahia. Com de 201 delegados e delegadas representaram os mais de 7.600 filiados e filiadas que participaram das 155 plenárias municipais ocorridas em diversas regiões do estado. Durante a etapa estadual, a Bahia elegeu a segunda maior delegação do país e teve, ao todo, 9 teses estaduais. Mesmo sendo o estado com o maior número de teses, a principal polêmica desse congresso – que foi o tema da independência política do partido na Bahia – reorganizou os setores do partido em duas chapas para a disputa estadual.
Em suas resoluções, o congresso reafirmou a localização de independência política do PSOL no estado. Entre os principais temas aprovados, esteve a decisão do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) entregará os cargos de confiança e deixará o governo de Jerônimo Rodrigues (PT) na Bahia. A decisão também tira o partido do Conselho Político que reúne, além do governador e do vice Geraldo Júnior (MDB), representantes de outras 11 legendas. A partir de agora, o filiado ou filiada do PSOL que permanecer em algum posto da gestão estadual terá duas opções: renunciar à vaga ou se afastar da sigla, sob pena de ser suspenso das atividades partidárias.
Os motivos que justificaram a ruptura estão relacionados as diferenças políticas do partido de temas importantes como: segurança pública e genocídio do povo negro no estado; questões ambientais; relação com o servidor público; críticas ao conselho político; e desvalorização da educação pública estadual. Em âmbito federal, o PSOL segue com a decisão de integrar base de Lula no Congresso, mas sem ocupar cargos no governo. Apesar de não fazer indicações, o partido tem a deputa federal licenciada Sônia Guajajara como ministra dos Povos Originários, indicada pela APIB.
Outra resolução relevante aprovada diz respeito à indicação de candidaturas próprias do PSOL nas principais cidades baianas nas eleições municipais de 2024. A partir das relações com o governo do estado do setor que presidia o partido na Bahia, se ventilava a possibilidade de o PSOL não ter candidatura própria e embarcar no entorno da candidatura de setores do campo progressista em Salvador e outras grandes cidades baianas. A resolução aprovada põe fim a essa dúvida reafirmando que em 2024 o PSOL terá cara própria e apresentará o seu projeto para as principais cidades no estado. Apesar de indicar a tática eleitoral para as próximas eleições, o debate sobre nomes de candidatos ou candidatas, bem como o fino da tática serão objetos para discussão nos diretórios municipais com o acompanhamento do Diretório Estadual.
Venceu o congresso a chapa “Por um PSOL de cara própria” (foto), que unificou uma maioria conformada por agrupamentos da Revolução Solidária, Ação Popular Socialista (APS), PSOL Semente (Insurgência, Resistência e Subverta), Levante dos Búzios e Coletivo Embrionários. A chapa derrotada foi composta pelas tendências Coletivo independente (setor que tinha a antiga presidência do PSOL ocupa cargos de confiança do governo de Jerônimo Rodrigues), Primavera Socialista, Fortalecer, Ubuntu e teve o apoio político do MES.
O Congresso Estadual do partido também definiu a composição da nova Presidência, Executiva e Diretório Estadual. Foi aprovado, ainda, uma resolução importante em relação a questão o funcionamento partidário. Com 106 votos foi eleito Ronaldo Mansur, ex-candidato a vice-governador da Bahia na última eleição, presidente estadual do PSOL Bahia pelos próximos três anos. Derrotando assim, a chapa da atual presidente Elze Facchinetti e do dirigente Franklin Oliveira, que recebeu 95 votos. “Temos um grande desafio pela frente, que é reafirmar o PSOL como a maior força política da esquerda socialista, uma real alternativa de luta para o povo baiano”, declarou Ronaldo Mansur, presidente eleito, após o anúncio do resultado da votação.
Priscila Costa é comunicadora, educadora popular e da Executiva Estadual do PSOL Bahia
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