Nesta terça-feira, 5, a Convenção Municipal do PSOL Carioca decidiu sobre a pré-candidatura do partido à prefeitura do Rio de Janeiro. A deliberação foi feita por 59 delegados e delegadas eleitas em 10 plenárias de filiados e filiadas, no contexto do VIII Congresso do PSOL. Foram 38 votos para a indicação do deputado federal Tarcísio Motta e 21 para a deputada estadual Renata Souza. O terceiro nome à disposição do partido, o do deputado federal Glauber Braga, retirou sua pré-candidatura durante a convenção, em favor de Tarcísio.
Cumprindo seu primeiro mandato de deputado federal, o professor Tarcísio Motta foi também vereador por dois mandatos, tendo sido o mais votado da cidade em 2020, derrotando Carlos Bolsonaro. Na Câmara Municipal, teve atuação destacada nas CPIs dos ônibus e das enchentes, sendo uma das principais vozes de oposição ao então prefeito Marcelo Crivella. Foi, ainda, candidato a governador pelo PSOL em 2014 e 2018, tendo alcançado expressivas votações e se destacado nos debates.
A partir da escolha de Tarcísio, o PSOL se prepara para as eleições buscando construir uma alternativa a serviço de derrotar o bolsonarismo. A situação dos transportes, da educação, proteção ambiental, moradia, cultura e do conjunto dos serviços públicos do Rio de Janeiro deixa nítido que Eduardo Paes, em seu terceiro mandato, tampouco é a solução. Uma cidade para as maiorias, trabalhadores, mulheres, negros e negras, LGBTs, precarizados e oprimidos não é o horizonte da atual prefeitura.
É importante destacar que, embora preteridos na indicação para a pré-candidatura do partido, tanto Renata quanto Glauber gozam de respeito e prestígio da parte do conjunto da militância do PSOL. Ainda que cumprindo outras tarefas, terão papel fundamental na luta política do partido. É o que sugere, inclusive, o convite feito por Tarcísio, ao final da convenção, para que componham sua coordenação de campanha.
Derrotar o bolsonarismo: por uma frente de esquerda nas eleições do Rio
As próximas eleições municipais marcarão, em todo o país, um primeiro recenseamento entre as forças de esquerda e o bolsonarismo, após este ter deixado o governo federal. No Rio, em particular, berço político da família Bolsonaro e das milícias, impor uma nova derrota eleitoral ao neofascismo terá muita importância.
A esquerda precisa estar consciente de que o bolsonarismo não está definitivamente derrotado, ainda que tenha perdido as eleições de 2018 e que esteja conjunturalmente na defensiva. Sua força social é perceptível, em uma sociedade que segue fraturada, seja na influência das idéias reacionárias e conservadoras, seja no peso parlamentar e institucional que a corrente neofascista mantém.
Por isso, é preciso seguir lutando nas ruas e buscando unir toda a esquerda, em todos os terrenos, incluindo as eleições, para apresentar um programa em defesa dos interesses do povo pobre, assumindo como tarefa prioritária a necessária derrota do neofascismo. Nesse sentido, a partir da pré-candidatura de Tarcísio, é preciso buscar construir uma frente de esquerda, que reúna PSOL, PT, PCdoB e demais partidos de esquerda e da classe trabalhadora.
É preciso, portanto, que o PT reconsidere sua presença na prefeitura de Eduardo Paes, criando condições para que uma candidatura de esquerda lute para alcançar o segundo turno e polarize a disputa eleitoral contra a chapa bolsonarista, qualquer que seja finalmente sua composição. A aposta de que Paes possa liderar o combate político ao bolsonarismo de forma consequente é um erro estratégico, que significaria dispersar as forças de esquerda que, se juntas, poderão seguramente construir uma candidatura competitiva.
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