No mês de junho o governador do estado de São Paulo Tarcisio de Freitas e o secretário de educação Renato Feder, apresentaram um novo modelo de ensino técnico para as escolas estaduais do estado de SP. Esse novo modelo será oferecido como um itinerário formativo da Reforma do Ensino Médio, do governo golpista de Michel Temer, esse quinto itinerário já estava previsto no projeto da Contra Reforma em 2017.
Já era criminoso e excludente propor a um adolescente de 15 anos, no início do semestre do primeiro ano do ensino médio que ele defina qual área de estudo pretende seguir, itinerário formativo técnico colocará os estudantes com a ilusão de que estarão no ensino técnico em espaços que não atendem as demandas do ensino médio regular.
O quinto itinerário terá 1200h de formação dentro das unidades escolares estaduais de SP. As escolas passarão a trabalhar com dois modelos diferentes (técnico e regular) e a administração do cotidiano escolar não nos foi explicada de forma objetiva. Em apresentação feita a supervisores, o governo estadual mostra que no curso de Desenvolvimento de Sistemas a escola deverá contar com dois laboratórios de informática e as aulas ocorrerão neste espaço o tempo todo, neste exemplo o ensino regular não acessa o espaço de tecnologia em momento algum? Cabe ressaltar que a maior parte das escolas não tem esse laboratório construído e os prédios escolares não contam com internet nas salas de aula.
Historicamente e mesmo com todo o sucateamento imposto nos últimos anos ao Centro Paula Souza as ETECS são responsáveis por ensino técnico e de qualidade em nosso estado.
Os cursos propostos para 1270 escolas que iniciarão o projeto são: Administração, Agronegócio, Desenvolvimento de Sistemas, Vendas, Farmácia, Ciência De Dados, Logística, Enfermagem, Educação Básica, Hotelaria e Hospedagem. O que o governo estadual chama de “vocação socioeconômica” é mal explicado, pois o maior número de vagas está oferecido em Vendas e Administração, setores onde há um grande número de alunos com cursos técnicos formados.
A apresentação trata como infraestrutura necessária aos cursos: notebooks, wifi, Desktops (fala em uso de dois alunos por computador), laboratório de informática, internet cabeada, Laboratório de ciências/laboratório molhado, com bancadas e área mínima de 45 m² e Espaço ocioso de pelo menos 45 m² para montagem de laboratório de hotelaria e hospedagem. Um governo que tem um secretário que é apontado como proprietário de uma empresa de informática (MULTILASER) cria um projeto onde as principais aquisições são a compra de computadores e a implantação de internet.
Há um grande número de escolas PEI onde o Novo Ensino Técnico será implantado. As mesmas escolas que desde o início do programa apontamos como modelos excludentes que não atendiam aos alunos em situação de vulnerabilidade social. A pandemia levou 33 milhões de pessoas que chegaram a situação de fome neste país, consequentemente reforçou a saída dos alunos da PEI e as escolas de Ensino Médio ficaram esvaziadas e com salas de aula fechadas.
Os estudantes escolherão os cursos de forma regionalizada, portanto os que escolherem o itinerário técnico serão deslocados para as escolas PEI e poderá haver um reorganização com a transferência compulsória de alunos. Esses estudantes além de irem para um modelo que não optaram não terão nenhum tipo de apoio financeiro para se manter em tempo integral nas unidades escolares.
Na prática educacional não serão contratados professores com experiência profissional na área técnica, deverão apresentar formação acadêmica e passarão por processo formativo que será oferecido de forma imediatista e não está declarado por quais profissionais. Os professores que forem de fora da rede apresentarão aula teste, farão prova objetiva e documentos comprobatórios, processo esse de seleção organizado pelo setor privado, ou seja, saindo das mãos da rede pública de ensino a contratação e colocando ainda mais a educação nas mãos da privatização.
Em documento oficial o governo do estado de SP assume que poderá iniciar os cursos técnicos em espaços de adaptação sem a construção dos laboratórios oficiais, como os de TI, Saúde e Hospedagem.
O diretor da unidade escolar manifestará interesse em ter o itinerário formativo de escola técnica. Todas as escolas podem manifestar interesse, mas as que atendem os requisitos será implantado de forma obrigatória. (os critérios estão no documento da nota 2)
Os alunos de primeiro ano escolherão se optam pelo itinerário técnico na SED, ou seja, de forma eletrônica e regionalizada, portanto, a preocupação da orientação sobre a tragédia do sistema, para que os alunos possam saber que esse Novo Ensino Técnico não traz a formação para o mercado de trabalho e retira matérias básicas do currículo. O estudante poderá não optar pela educação técnica. A escola que o estudante está habituado poderá não oferecer o ensino técnico e haverá deslocamento de alunos.
O debate precisa ser iniciado com urgência nas comunidades escolares para que os nossos estudantes não sejam induzidos a se prejudicar em um formato que não o colocará no mercado de trabalho e retirará deles uma parte da grade curricular básica que traz uma formação abrangente.
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