Lira é parlamentar há mais de 30 anos, mas duvido que alguém lembre de algum projeto importante que ele tenha apresentado, de alguma contribuição que ele deu a algum debate.
Ele é lembrado, isso sim, pelas denúncias de participação em esquemas de corrupção e lavagem de dinheiro na Assembleia Legislativa de Alagoas e depois no Congresso Nacional, pela ligação com o doleiro Alberto Yousseff, por ter sido preso por tentativa de obstrução da justiça, por suspeitas de enriquecimento ilícito. E também por sido acusado de lesão corporal por sua ex-mulher.
Sua eleição para a presidência da Câmara, em 2021, simbolizou o triunfo final da parcela mais amoral da elite parlamentar brasileira. Lira segurou Bolsonaro no cargo, a despeito de todas as suas condutas criminosas, e cobrou a fatura na forma do “orçamento secreto” – a maior farra com dinheiro público já vista na história do Brasil.
Aproveitando a fragilidade da base parlamentar do governo Lula, tem majorado o preço. O governo tem que dar cada vez mais para conseguir cada vez menos.
Permanece fiel a seus patrocinadores, blindando pautas como a “autonomia” do Banco Central e a privatização do setor elétrico. Não perde oportunidade para fustigar o governo, como na reforma dos ministérios, reafirmando seu poder. E não se furta a afagar a extrema-direita – por exemplo, classificando uma chacina cometida pela polícia do Tocantins, que terminou com 18 mortos, de “limpeza urbana”.
A política, a gente sabe, é repleta de incertezas. Mas é possível dizer, com razoável segurança, que se Lula não se desvencilhar de Lira, estará condenando seu governo ao fracasso. É preciso virar a chave e buscar formas de mobilização social que pressionem o Congresso e limitem a voracidade do Centrão.
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