Desde que voltou ao país, vindo dos EUA, em março passado, Bolsonaro já foi obrigado a comparecer 3 vezes a sede da Polícia Federal (PF), em Brasília, para prestar depoimentos. Em alusão ao futebol, seria uma espécie de “hat trick” do líder da extrema direita neofascista.
Além dos 3 depoimentos, a casa do ex-presidente em Brasília sofreu uma busca da PF, com o objetivo de obter documentos que comprovem crimes, até um de seus celulares foi apreendido.
As investigações estão em curso. E, a cada fato novo noticiado, vai ficando evidente que Bolsonaro deve ser considerado inelegível e já deveria ter a sua prisão decretada.
E não seria uma prisão sem provas, motivos para ela não faltam. Neste breve texto, queremos apenas apontar alguns deles, que estão mais evidentes agora.
1. Mentor dos Atos Antidemocráticos
As investigações em curso, no âmbito processo aberto no STF sobre os atentados golpistas em Brasília, no dia 8 de janeiro, vem apontando o envolvimento de Bolsonaro e seus principais assessores na escalada antidemocrática em nosso país. Um dos depoimentos de Bolsonaro na PF foi justamente sobre estas investigações.
As intensas trocas de mensagens, que vem sendo reveladas durante o mês de maio, não deixa dúvida sobre o esquema golpista.
Nestas mensagens, se destacam principalmente a participação do ex-Ministro da Justiça de Bolsonaro, Anderson Torres; e do Tenente Coronel Mauro Cid, um dos assessores mais próximos de Bolsonaro e ex-Ajudante de Ordem do Palácio do Planalto. Cid é um dos seis presos pela PF no dia 3 de maio. E Torres foi preso logo em seguida aos atos golpistas em Brasília no dia 8.1, e foi solto recentemente.
A farta troca de mensagens revela um esquema que começou com as operações ilegais da PF no dia da votação do segundo turno, especialmente no Nordeste, querendo atrapalhar a votação em regiões onde Lula tinha grande votação; passou pela ameaça de atentados terroristas, especialmente no aeroporto de Brasília; era um plano com planejamento prévio, como fica explícito na tal minuta do golpe; e culminou nos atentados golpistas em Brasília no dia 08/01.
As investigações apontam outros dois elementos importantes: o plano de prender Ministros do STF, para impor um plano golpista e impedir a posse de Lula; e o fato de que os grandes empresários, que financiaram as ações golpistas, são os mesmos que fizeram grandes aportes financeiros a campanha eleitoral de Bolsonaro – consciência?
2. O genocida na Pandemia
Um dos principais crimes de Bolsonaro foi o verdadeiro genocídio ocorrido em nosso país no período mais agudo da Pandemia da Covid-19.
Os mais de 700 mil brasileiros mortos na pandemia não se explica principalmente por uma fatalidade. O boicote permanente ao isolamento social, o terrível atraso e os fortes indícios de corrupção na compra das primeiras vacinas; a ausência de equipamentos, especialmente respiradores, sobretudo em Manaus; entre outras medidas criminosas, comprovam o que não se pode mais esconder, a postura genocida de Bolsonaro durante a Pandemia.
A condenação de Bolsonaro por seus crimes na pandemia é, antes de tudo, uma forma de demonstrar respeito pela memória das vítimas, que perderam suas vidas pela existência destas ações totalmente irresponsáveis. Um verdadeiro crime de responsabilidade de Bolsonaro.
3. fraudador do cartão de vacinação
Um dos crimes mais evidentes de Bolsonaro, se relaciona diretamente com a Pandemia. Bolsonaro sempre foi um negacionista em relação a Pandemia e, ao que parece, se negou a tomar as doses da vacina anti-Covid.
Entretanto, a troca de mensagens entre Mauro Cid e outro preso pela PF no início de maio, o ex-major do Exército Aílton Barros, demonstra que houve um esquema para fraudar a base de dados de vacinação do SUS.
Tudo isso para fraudar o cartão de vacinação de Bolsonaro, sua filha e de assessores e familiares deles. Esta fraude descarada, pode ser explicado pela viagem – as pressas – que Bolsonaro fez aos EUA, no fim de seu mandato, em dezembro, para não passar a faixa presidencial a Lula. O cartão de vacinação poderia ser exigido na entrada de Bolsonaro nos EUA.
4. Roubo das joias e fraude no pagamento dos gastos pessoais
Outro motivo para os depoimentos de Bolsonaro na PF foi a apropriação das joias valiosíssimas, presenteadas pela Monarquia saudita.
Pela legislação atual, este tipo de presente, sobretudo nestes valores altos, não pode ser apropriado individualmente pelo presidente e sua família, e pertence a União.
Na verdade, o que se comprova é que Bolsonaro, Michele e seus assessores, novamente com Mauro Cid a frente, fizerem de tudo que podiam para se apropriar destes conjuntos de joias. Um verdadeiro roubo.
Ainda está sob investigação se houve uma motivação especial para que os ditadores sauditas tenham dado presentes tão valiosos para Bolsonaro e a ex-primeira dama.
No início desta semana, veio a público, novas mensagens que se destacam novamente Mauro Cid, onde se comprova outro esquema fraudulento para pagamento das despesas pessoais, especialmente de Michele Bolsonaro, com a utilização inclusive de dinheiro vivo, um trâmite incomum e irregular, que lembra muito as chamadas “rachadinhas”, praticada por um dos filhos de Bolsonaro, o atual senador Flávio Bolsonaro, quando era deputado estadual no RJ.
5. Omissão sobre quem é o mandante do assassinato de Marielle.
E, por último, mas de enorme importância: em outra troca de mensagens, investigadas no âmbito do processo da fraude do cartão de vacina de Bolsonaro, aparece novamente a figura do ex-major do Exército Aílton Barros. Ele fala diretamente que sabe tudo sobre o crime político que acabou com o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes.
Inclusive, para demonstrar a inocência de um aliado político, ele chega falar que sabe quem é o mandante do assassinato político se Marielle Franco. Um crime que se mantém sem solução depois de mais de 5 anos deste crime bárbaro, que causou espanto no Brasil e no mundo.
E, detalhe. Em outro áudio, que estava em um dos celulares apreendidos pela PF, Bolsonaro chama Aílton Barros de um segundo irmão seu. Ele diz no áudio que torce para que “seu segundo irmão” fosse eleito deputado no Rio de Janeiro. Ele é um dos suplentes de deputado do PL, partido atual de Bolsonaro.
Se Aílton Barros sabe quem mandou matar Marielle, não teria falado sobre esta informação fundamental para revelar o mandante de um dos maiores crimes políticos da história do país, para o “seu irmão” Bolsonaro?
Porque a prisão tem que ser imediata
Além de todas as provas dos crimes de Bolsonaro, o que deixa mais nítida a necessidade de sua prisão é a postura do ex-presidente diante de todos estes fatos e das investigações em curso.
Não há colaboração real. A sua presença em depoimentos é mera encenação. Na verdade, o que faz mesmo Bolsonaro é fraudar situações, culpar aliados asseclas, mudar depoimentos, usar subterfúgios ridículos, tudo para enganar a Justiça e atrapalhar as investigações em curso.
Além de todas as fortes evidências e provas já reveladas, a prisão imediata de Bolsonaro é uma necessidade imperiosa para que as próprias investigações possam transcorrer de forma mais objetiva e sem obstáculos premeditados.
Neste sentido, erram os setores da esquerda e do próprio governo que apostam num caminho negociação, que evite uma polarização direta com a extrema direita. É urgente enfrentar sem medo os crimes de Bolsonaro e do bolsonarismo, para que as situações terríveis que o Brasil enfrentou nos últimos anos não voltem a se repetir nunca mais.
Sem Anistia
Prisão para Bolsonaro
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