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MOVIMENTO

Todo apoio ao abril de lutas do MST

Ações coordenadas por todo o país marcam os 27 anos do massacre de Eldorado dos Carajás e pressionam pela da Reforma Agrária como medida de combate à fome e alternativa ao trabalho análogo à escravidão

da redação
Jonas Santos

Sob o lema “Reforma Agrária contra a fome e a escravidão: por terra, democracia e meio ambiente”, o MST começa nesse dia 17 sua Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária, em todo o país.

Também chamado abril de lutas, a data é marcada por atos, feiras e ocupações por todo o país, com o objetivo de reivindicar a Reforma Agrária como alternativa de produção de alimento barato e saudável, como medida de combate à fome, mas também de combate ao trabalho escravo.

800 trabalhadores rurais no CE ocuparam a sede do INCRA na manhã deste dia 17

Dentre as ações realizadas nesse dia, destaca-se a ocupação das sedes do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), em Fortaleza (CE) e em Belo Horizonte (MG), para reivindicar a imediata reestruturação do órgão, a criação de uma força tarefa para colocar em prática a Reforma Agrária, infra estrutura para os assentamentos, regularização de novos cadastros, a retomada do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA) e desapropriação de áreas para fins de Reforma Agrária. Em Pernambuco, as ações do MST se concentraram na ocupação de oito latifúndios.

Data também recorda os 27 anos do massacre de Eldorado dos Carajás (PA)

No dia 10 de abril de 1996, 1,5 trabalhadores sem terra começaram uma marcha até Belém, com o objetivo de conseguir a desapropriação da fazenda Macaxeira, ocupada por 3,5 mil famílias sem-terra. No dia 17 de abril, os 1,5 mil trabalhadores estavam acampados na curva do S, no município de Eldorado do Carajás.

O então governador do estado, Almir Gabriel (PSDB), resolveu impedir a continuidade da marcha, enviando mais de 150 policiais para reprimir os trabalhadores que se dirigiam até Belém. O contingente militar saiu do quartel sem as devidas identificações no fardamento e sob a ordem de “usar a força necessária, inclusive atirar”. O resultado foi a morte de 21 camponeses, 19 no local do ataque, e outros dois que faleceram no hospital.

Desde então, a cada ano, o MST organiza jornadas nacionais de luta em memória dos 21 mortos, por justiça e pela reforma agrária.

Em 2012, o coronel Pantoja e o major Oliveira, então responsáveis pelo massacre, foram condenados pela justiça. Pantoja recebeu 228 anos e Oliveira, 158 anos de reclusão. Contudo, atualmente, nenhum dos dois está em regime fechado.

Extrema direita articula CPI para perseguir o MST

Recentemente, setores do MBL, em conjunto com o ex-ministro do meio ambiente e atual deputado federal por São Paulo, Ricardo Salles (PL), vêm coletando assinaturas para instaurar uma CPI contra o MST. Chega a ser irônico que um dos articuladores dessa iniciativa seja Ricardo Salles, reconhecido amigo de empresários do agronegócio e de madeireiros, a quem beneficiou ao longo de sua gestão no Min do Meio ambiente, e investigado por esquema de exportação ilegal de madeira no país.

O objetivo dessa CPI é tão somente perseguir e criminalizar a atuação bem como as lideranças do MST, diante da opinião pública, aproveitando-se do pânico anti-comunista fomentado pela direita nos últimos anos. Além de funcionar como um cortina de fumaça diante de várias acusações que envolvem Bolsonaro e vários generais que atuaram no seu governo.

O pedido de CPI já reuniu o de 171 assinaturas e já está na mesa de Lira para que o presidente da Câmara delibere a respeito. Cabe a todos os movimentos sociais, partidos e parlamentares de esquerda, repudiar essa ataque e cobrir o MST com a mais ampla solidariedade.

 

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