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MOVIMENTO

Alternativa ou funcional? O futuro do PSOL diante o governo Lula.

por Gustavo Mascarenhas, de Salvador (BA)*
Bandeira do PSOL hasteada
Reprodução

A vitória de Lula nas eleições é, inquestionavelmente, uma vitória de toda a esquerda, dos movimentos sociais e de todo povo que vive de seu próprio trabalho. Aponta, progressivamente, para uma mudança na relação política de forças, mas não altera a correlação social, afinal, ainda estamos diante de uma situação reacionária que atravessa o Brasil. Há núcleos neofascistas organizados e dispostos a subverter a ordem pela implantação de um regime autoritário. 

Diante desse cenário, não há nenhuma dúvida sobre a necessidade de defesa do governo Lula contra as ofensivas da extrema direita, que atuará, diuturnamente, contra o governo eleito, já na sua posse no dia 1° de janeiro. A questão que hoje divide o Partido Socialismo e Liberdade é sobre qual a sua melhor localização para enfrentar o bolsonarismo, pois esta será a prioridade dos socialistas: enfrentar frontalmente as forças reacionárias, politica e programaticamente. 

A implantação social dos nazifacistas no Brasil precisa ser combatida na sua raiz. A disputa ideológica nos territórios, bairros, escolas e local de trabalho deve ser acompanhada pela disputa política no parlamento, juntos em uma síntese que tenha como estratégia mudar a relação social de forças, o que exige compromisso de classe inegociável. Qualquer vacilação pode custar uma geração inteira. 

Sob risco do navio ficar à deriva, a bússola não pode perder seu norte. Sob o risco do PSOL perder sua independência de classe, compromisso fundamental para combater a extrema direita nas ruas, o partido não pode compor o futuro governo Lula, pois a luta contra extrema direita exige aliança incondicional com os movimentos sociais e só será vencida ao passo que se apresente uma alternativa que possa responder as angústias do povo. 

Não temos espaço para idealismo. Compor governo exige prioridade, disposição de quadros e demanda tempo, tudo que precisa ser disposto ao trabalho de base, aos movimentos sociais e à luta direta contra o bolsonarismo. O PSOL precisa se fortalecer como um instrumento da classe trabalhadora, não como uma funcionalidade administrativa. 

Gustavo Mascarenhas é Secretário de Movimentos Sociais do Diretório Municipal do PSOL – Salvador (BA). 

Marcado como:
governo lula / psol