Por: Manuela Moraes, de São José dos Campos, SP
O choro hoje é de alegria. Quase cinco anos após a violenta desocupação do Pinheirinho, mais de 1.400 famílias receberam, nesta quinta-feira, dia 22, as chaves de suas novas casas, construídas no Pinheirinho dos Palmares, em São José dos Campos (SP).
“Esta casa vai pra minha filha, Sophia, que nasceu logo após a desocupação e não pôde ficar comigo, pois eu não tinha mais onde morar”, afirma Tânia Maria Silva Souza, ex-moradora do Pinheirinho. Vinda do Maranhão para São José dos Campos em busca de uma vida melhor, ela conta que sua filha nasceu prematuramente dias após a violência vivida na desocupação.
Sem ter onde morar, Tânia teve de levar o bebê para viver com os avós no Maranhão. “Finalmente poderei buscar minha filha e teremos uma vida digna”, completa emocionada.
A vitória é resultado de muita luta. Foram oito anos de ocupação, até a madrugada do dia 22 de janeiro de 2012, quando mais de dois mil policiais e um aparato de guerra – incluindo helicópteros, cavalaria e tropa de choque – cercaram a área do Pinheirinho e expulsaram 1.800 famílias de suas casas.
O horror vivido naquele dia contrasta com a felicidade de agora. “Não tenho palavras para descrever a felicidade de hoje. Não durmo há dias esperando a entrega das chaves”, afirma Cláudia Cristina, que participou da ocupação desde o início. Desempregada e com quatro filhos pequenos, ela vive em uma humilde casa de aluguel paga a duras penas com a ajuda do aluguel social de R$ 500 que recebe da Prefeitura.
“Finalmente, meus filhos vão ter um lar e poderemos recuperar tudo que perdemos com a desocupação. Mas a nossa luta vai continuar até que o governo finalize toda a obra e garanta infraestrutura no bairro”, afirma emocionada a metalúrgica Maria Helena da Silva, ex-moradora do Pinheirinho.
As casas
O Pinheirinho dos Palmares conta com 1.461 casas de 46,5 metros quadrados, com dois quartos, sala, cozinha, banheiro e área de serviço. O bairro fica a 15 quilômetros do Centro de São José dos Campos. O investimento total na obra foi de R$ 140,2 milhões, sendo R$ 29,2 milhões pagos pelo Estado e R$ 111 pela União.
A entrega das casas foi adiada cinco vezes por conta de atrasos nas obras e problemas burocráticos, o que piorou ainda mais o drama das famílias.
“O Pinheirinho é um exemplo de luta por moradia. Derrubamos todas as barreiras impostas pelo governo. O próximo passo é a luta por creche, escolas, UBS e toda infraestrutura que garanta qualidade de vida no bairro”, afirma José Nivaldo de Melo, o Pelé, uma das lideranças do Pinheirinho.
“Esta vitória só foi possível graças à organização das famílias do Pinheirinho, que não deixaram de lutar nem mesmo após a violenta desocupação protagonizada pelos governos do PSDB, de Geraldo Alckmin e Eduardo Cury. Agora, a pressão irá continuar sob o novo prefeito, Felício Hamith, também do PSDB, para garantir a infraestrutura necessária no bairro”, afirma Renato Bento Luiz, o Renatão, militante do MAIS.
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