Ao comentar o assassinato político de Marcelo Arruda, dirigente petista de Foz do Iguaçu (PR), o presidente Jair Bolsonaro dispensou uma única no linha no twitter, às 19h de domingo, para dizer que defende investigação sobre o crime. E dedicou as demais para aquela que é sua verdadeira e única preocupação: aproveitar a oportunidade para defender seu governo e voltar a atacar o PT e toda a esquerda.
Em sua conta na rede social, Bolsonaro afirmou: “Dispensamos qualquer tipo de apoio de quem pratica violência contra opositores. A esse tipo de gente, peço que por coerência mude de lado e apoie a esquerda, que acumula um histórico inegável de episódios violentos.”
Ao ser questionado (vídeo) sobre quando falou em “fuzilar a petralhada do Acre”, episódio ocorrido na campanha eleitoral de 2018 que voltou a tona no contexto do assassinato de Marcelo, Bolsonaro se fez de inocente dizendo tratar-se apenas de “sentido figurado”.
Na manhã deste dia 11, em seu habitual encontro com apoiadores na saída do Planalto, Bolsonaro voltou a falar sobre o tema, dessa vez trazendo de volta a figura de Adélio BIspo, como espantalho retórico para seguir atacando a esquerda: “Vocês viram o que aconteceu ontem, né? Uma briga de duas pessoas, lá em Foz do Iguaçu. Bolsonarista não sei o que lá. Agora, ninguém fala que o Adelio é filiado ao PSOL, né?”
Já seu vice, o general Mourão (vídeo), conseguiu a proeza de ser ainda pior. Disse que esse caso não tinha nada de preocupante e condenou o que considera “exploração política”, tentou reduzir o episódio a uma corriqueira briga de fim de semana no botequim. Nada mais cínico que essa fala de Mourão. Marcelo estava com sua família e amigos, comemorando o aniversário. Seu assassino, movido pelo ódio antipetista instigado diariamente pelas redes bolsonaristas, não satisfeito apenas em provocar e ameaçar os participantes do aniversário, resolveu invadir o salão de festas com uma arma e tentar matar as pessoas ali presentes.
Mourão ainda finalizou seu comentário com uma expressão infeliz, ao afirmar “vamos fechar a tampa desse caixão”. Ato falho?
Bolsonarismo mata
Não há dúvidas de que Bolsonaro é o responsável moral e político por esse crime e sua omissão só incentivarão mais assassinatos contra ativistas de esquerda.
Enquanto destila cinismo sobre esse caso, tentando imputar à esquerda a responsabilidade pelo clima político do país, Bolsonaro não tem deixado de agitar a frase “vocês já sabem o que deve ser feito”, uma verdadeira senha para incitar seus apoiadores a agir com violência. A verdade é que o assassino de Foz do Iguaçu agiu justamente porque sabia o que estava fazendo e porque se sentiu autorizado para fazer “o que deve ser feito”, ou seja, caçar e atirar em pessoas de esquerda.
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