Pular para o conteúdo
BRASIL

No Brasil de Bolsonaro, cesta básica consome 59% do salário mínimo

Estudo do Dieese revela que o custo da cesta em relação ao salário mínimo é o maior em 18 anos

da redação
Tânia Rêgo/Agência Brasil

Entre maio e junho deste ano o custo médio da cesta básica aumentou em 9 cidades, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE). A pesquisa, realizada mensalmente em 17 capitais, aponta que três cidades da região Nordeste (Fortaleza, Natal e João Pessoa) lideram o aumento dos preços na cesta de produtos.

Contudo, a capital paulista lidera o maior custo, que gira em torno de R$ 777,01, embora essa cidade tenha experimentado uma relativa redução do preço de alguns produtos, como o arroz, nesses dois últimos meses. Em seguida, Florianópolis, Porto Alegre e Rio de Janeiro estão entre as capitais onde a cesta básica é a mais cara do país: R$ 760,41, R$ 754,19 e R$ 733,14 respectivamente.

Produtos como leite e manteiga, pão, óleo de soja, batata e café estão entre os itens observados pelo DIEESE como aqueles que têm puxado para cima os preços das cestas básicas. O leite integral tem sido um dos principais responsáveis pela atual inflação dos alimentos, chegando a quase R$ 10,00. A maior alta foi registrada em Belo Horizonte, onde o leite UHT aumentou 23,09% em maio e junho.

Ou seja, comparando-se o preço médio da cesta básica no país (R$ 715,00) e o do salário mínimo atual (R$ 1.212,00), é possível afirmar que nada menos que 59% deste está comprometido somente com alimentação. Ou seja, o brasileiro que vive com apenas um salário mínimo tem gasto muito mais que a metade dele apenas para poder se alimentar, uma situação insustentável para a grande maioria dos brasileiros que também precisam arcar com custos de tarifas de água, energia, aluguel, transporte, etc. Ainda segundo o DIEESE, essa relação entre o custo da cesta básica e o valor do salário mínimo atingiu o maior patamar em 18 anos. 

O instituto estima que, para uma pequena família viver de forma digna, ou seja, que consiga suprir com qualidade demandas básicas como alimentação, saúde, higiene, educação e lazer, seria necessário um salário mínimo de R$ 6.527,67, um valor 5,39 vezes maior do que o  mínimo atualmente em vigor no país: R$ 1.212,00. A falta de aumento real no salário mínimo durante o governo Bolsonaro cobra o seu maior preço agora, com a alta dos alimentos. 

Para a população brasileira e os milhões que vivem em insegurança alimentar, será necessário dobrar o valor do salário mínimo e garantir reajuste geral nos salários, para recuperar o que se perdeu com a alta dos alimentos, que só será contida com o fim da PPI da Petrobras e com investimento na agricultura familiar. Também é fundamental oferecer programas de auxílio para os 33 milhões que atualmente passam fome no país, em uma saída que vá muito além da ajuda temporária aprovada pelo bolsonarismo para tentar a reeleição, e que de fato garanta a dignidade para as pessoas.