Pular para o conteúdo
BRASIL

A quase R$ 10, leite é mais novo vilão da inflação de Bolsonaro

da redação

Segundo dados recentes apresentados pelo Instituto Vox Populi, atualmente mais de 33 milhões de brasileiros estão em situação de insegurança alimentar ou diretamente passando fome, o que ocorre em razão tanto do desemprego quanto da inflação dos alimentos.

Neste contexto, um dos itens que mais tem assustado os brasileiros, em razão do rápido encarecimento, é o leite bovino. Segundo o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), só em maio o aumento foi de 4,65%. Segundo o IBGE, em um ano o aumento do preço do leite tipo longa vida foi de 20,97%. Por isso, é possível ir ao supermercado e achar o litro de leite a R$ 8,00 ou até mesmo por R$10,00.

Também tem sido um fenômeno cada vez mais comum de ser visto nos supermercados, a venda do lacto-soro, ou seja, um subproduto do leite, obtido a partir da fabricação de sobras de queijos e derivados, vendido por menos de R$ 5. O fenômeno repete o que ocorreu com peixe, frango e arroz, com mercados vendendo farelo de arroz, pés, pele e pescoço de frango e cabeça de peixe.

Esse aumento tem afetado não só o consumo do leite, em si, como os seus derivados. É o caso do queijo, da manteiga, do creme de leite do requeijão e do iogurte, que sofrem efeito em cadeia da inflação.

Muitas marcas que fabricam leite condensado, produto resultante da adição de açúcar e remoção parcial de água do leite, muito usado no preparo de bolos, doces, etc, alteraram a composição destes produtos, tornando-o uma mistura láctea, de qualidade inferior, como tentativa de segurar os preços.

Parte desse quadro nada favorável aos brasileiros deve-se à situação climática nas regiões de bacia leiteira, o que incide nos pastos e resulta na baixa produtividade, refletindo o aquecimento do planeta e a crise climática. Mas não é só. Ele é também o desdobramento da política econômica ultra-liberal imposta por Bolsonaro e Paulo Guedes em relação ao aumento dos preços dos combustíveis, ao mesmo tempo que tem destruído programas de incentivo para pequenos produtores. Nesse sentido, vale lembrar que a agricultura familiar, que incorpora também a atividade pecuária, foi sensivelmente prejudicada com a eliminação do Programa de Agricultura Familiar (PAA).

Derrotar Bolsonaro para reduzir o preço dos alimentos e aumentar a renda do trabalhador

A luta para eleger Lula e derrotar Bolsonaro deve ser acompanhada pela defesa de uma série de medidas para aliviar os preços dos alimentos, entre eles o leite, e enfrentar a fome que assola mais de 33 milhões de brasileiros. Para além de saídas eleitoreiras, como a PEC do desespero, que tem data para acabar, é preciso saídas estratégicas e permanentes. Uma das principais passa por enterrar o PPI, política que encarece o preço dos combustíveis, além de estabelecer programas de microcrédito que incentivem a aquisição de insumos e instrumentos para a agricultura familiar devem fazer parte deste programa de medidas. Para isso, será necessário ousadia para enfrentar os grandes bancos, os sonegadores e os devedores da União, ao mesmo tempo que será indispensável avançar na reforma agrária. Não há outro caminho na luta contra a alta dos preços dos alimentos. Ao mesmo tempo, é necessário aumentar o salário e a renda dos trabalhadores. Em junho de 2022, segundo o Dieese, uma pessoa que recebe salário mínimo gasta comprometeu em média 59,68% do que recebeu para adquirir os produtos da cesta.