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BRASIL

Diante do golpismo de Bolsonaro, fortalecer a campanha Lula com mobilização!

Editorial
Foto: Reprodução

Lula presente na conferência eleitoral do PSOL, realizada no dia 30/04

Faltam cinco meses para a eleição mais importante desde o fim da ditadura. Será uma batalha histórica que decidirá se o Brasil seguirá ou não presidido por um fascista.

Não será uma disputa normal, muito menos fácil. Bolsonaro já anunciou seu plano golpista: se perder no voto popular, não aceitará a derrota, alegando suposta fraude nas urnas eletrônicas.

A extrema direita tem milhões de seguidores e conta com o apoio do centrão, de militares, milicianos e empresários. Mas há maioria no povo brasileiro contra Bolsonaro, sobretudo entre os trabalhadores, negros, mulheres e jovens. É possível vencer nas urnas e nas ruas.

Para contribuir com essa tarefa, o PSOL acaba de votar que será parte da campanha Lula Presidente. Será um desafio histórico. Precisamos, desde já, atuar para contagiar, organizar e mobilizar a maioria social que rejeita esse governo da morte.

É hora da esquerda e dos movimentos sociais construírem em cada bairro e em cada local de trabalho e estudo a campanha Lula para derrotar Bolsonaro. Tem grande importância a organização de reuniões, plenárias e agitação nos pontos de concentração popular, como universidades, assembleias, feiras, terminais de ônibus e estações de metrô.

É momento de formar milhares de comitês país afora, realizando uma campanha aguerrida associada às demandas mais sentidas pelos trabalhadores e oprimidos — combate à carestia, emprego, renda, direitos, saúde, educação, democracia e proteção do meio ambiente.

A tarefa central dos próximos meses, portanto, é organizar a derrota de Bolsonaro junto com o povo trabalhador, fortalecendo cada luta e cada greve e sabendo que não bastará conseguir a maioria dos votos em Lula em outubro. Será preciso também ser maioria nas ruas para vencer o fascismo.

Bolsonaro cresce nas pesquisas e reforça linha golpista

Do início do ano para cá, Bolsonaro cresceu em todas pesquisas, marcando entre 30 e 35% nas simulações de 1o turno. Assim, a diferença para Lula caiu, embora o petista siga com índices entre 40 e 45% e com patamar de rejeição menor que o atual presidente. O fato é que Bolsonaro recuperou parte do eleitorado que havia perdido no ano passado.

Do ponto de vista social e econômico, o governo foi beneficiado pelo recuo da pandemia, os efeitos do Auxílio Brasil, a liberação do 13o salário para os aposentados e o saque do FGTS a trabalhadores.

Em termos políticos, Bolsonaro foi ajudado pela retirada da candidatura de Moro, que se sustentava num eleitorado conservador, e pela crise quase terminal da terceira via de direita. Vale mencionar também a formação da coalizão de partidos (PL, Republicanos, PP, PTB, entre outros) que sustentará a candidatura do miliciano.

Com esse fortalecimento na conjuntura, Bolsonaro retomou a linha abertamente golpista, desafiando o STF com o indulto a Daniel Silveira, deputado criminoso, e convocando atos fascistas no 1o de maio.

Fica evidente que Bolsonaro busca uma ofensiva política com o objetivo de reverter o favoritismo eleitoral de Lula. Mas sua estratégia vai além disso. O bolsonarismo tenta, também, construir condições para uma contestação golpista das eleições, caso não consiga impedir a vitória do petista nas urnas. Por isso, busca mobilizar sua base de apoio e incidir sobre as Forças Armadas.

Em resumo, Bolsonaro se fortaleceu politicamente nos últimos meses, embora continue havendo maioria social contra seu governo. Sua linha é vencer custe o que custar, inclusive por meio de ações golpistas.

A Campanha Lula precisa ser um movimento de luta contra Bolsonaro

É um grave erro pensar que Bolsonaro é um adversário fraco e vencido. A campanha Lula deve atuar para colocar o povo na rua, fortalecer mobilizações sociais, fazer uma campanha-movimento. O primeiro de maio foi um alerta: o bolsonarismo quer disputar a hegemonia das ruas. O protagonismo nas mobilizações precisa ser retomado pela esquerda.

Nossa crítica às negociações do PT com Alckmin e à formação de palanques estaduais amplos (por exemplo, com lideranças do MDB e outros partidos de direita) se mantém. Pensamos que a campanha Lula deve seguir outra direção. É a coalizão com as maiorias sociais que pode derrotar o bolsonarismo e não os pactos com golpistas arrependidos.

Consideramos que a campanha deve se posicionar de modo contundente contra a estratégia antidemocrática de Bolsonaro. É preciso levar a campanha aos bairros e aos locais de trabalho e estudo, com a formação de milhares de comitês que ecoem a defesa dos interesses imediatos da classe trabalhadora.

Para vencer, é chave consolidar e ampliar a rejeição popular a esse governo. Para tanto, é preciso uma campanha-movimento de Lula de massas, que dialogue cotidianamente com milhões de pessoas.

Mas como não basta vencer Bolsonaro no voto, é necessário também organizar a luta contra o golpismo. Sem um amplo setor de trabalhadores e estudantes da cidade e do campo organizados para enfrentar e derrotar o fascismo nas ruas, uma vitória eleitoral pode não ser o suficiente diante de eventual ação golpista do bolsonarismo.

Nesse sentido, os comitês de base da Campanha Lula precisam ser mais do que instrumentos para ganhar votos, necessitam ser também ferramentas para se formar a maioria nas ruas para combater o fascismo e sua estratégia golpista.

O PSOL, no anúncio de seu apoio a Lula para derrotar Bolsonaro, corretamente se pronunciou a favor de uma campanha militante junto ao povo trabalhador e oprimido, defendendo um programa de transformação a favor das maiorias sociais.

Apoiar e potencializar as greves e as lutas contra a carestia

A situação econômica e social do país segue muito ruim. A previsão do mercado financeiro é de PIB estagnado (crescimento de no máximo 1% esse ano). Para piorar, a inflação segue em alta, na casa dos dois dígitos.

A renda das famílias trabalhadoras, já arrochada durante a pandemia, diminui ainda mais com a alta dos preços de quase todos produtos e serviços. O desemprego permanece elevado e as vagas de trabalho que surgem geralmente pagam baixos salários e são precarizadas. Assim, a fome atinge milhões de famílias brasileiras.

Além disso, a destruição ambiental segue avançando com o garimpo e os desmatamentos ilegais, que contam com o apoio do governo Bolsonaro. Os povos indígenas são os alvos preferenciais desses criminosos do meio ambiente.

Diante do cenário de carestia e ataques, várias categorias de trabalhadores estão entrando em luta para garantir a reposição dos salários. São greves de professores, garis, operários, funcionários públicos, metroviários, rodoviários, entregadores de aplicativos e, também, mobilizações indígenas em defesa de suas terras, em várias partes do país.

Não foi noticiado na grande imprensa, mas a maior siderúrgica do país, a CSN de Volta Redonda, está paralisada há três semanas por uma poderosa greve de milhares de metalúrgicos, que reivindicam aumento salarial e direitos.

Acreditamos que a esquerda, os sindicatos e os movimentos sociais devem apoiar e potencializar as greves salariais e as lutas contra a carestia em curso. As greves econômicas de trabalhadores fortalecem a batalha política contra Bolsonaro, que é o principal responsável pela situação terrível que enfrenta a classe trabalhadora. Vamos à luta!

  • Lula Presidente para derrotar Bolsonaro!
  • Por uma campanha-movimento com mobilização para vencer o golpismo!
  • Pela formação de comitês de base da campanha Lula nos bairros e locais de trabalho e estudo!
  • Todo apoio às greves e lutas contra a carestia!