A Itália está em guerra. Não é uma novidade: a Europa está em guerra. Em condição de co-beligerantes, enviando à Ucrânia armas, combustível, insumos e, oficiosamente, soldados mercenários, a Europa está em guerra. Não bastassem argumentos ofertados pela prática cotidiana do Ocidente, o governo italiano fez o que todo governo em estado de beligerância faz: persegue seu próprio povo.
A União Sindical de Base (Unione sindacale di base – USB) vem apoiando fortemente a campanha pela paz, contra a guerra de Putin e contra a OTAN. Ademais, a USB apoiou com todo vigor a posição de trabalhadores aeroportuários que se recusaram, semanas atrás, a remeter armas italianas para a guerra na Ucrânia. O governo italiano estava usando o aparato logístico de transporte civil de pessoas e cargas para remeter armas à Ucrânia. Trabalhadores e a USB vem fazendo essa denúncia ao longo das últimas semanas.
Diante de todo o quadro de tensão política e de constrangimento, por parte do governo italiano, a USB e outras organizações da esquerda italiana entraram na mira do governo Draghi. O contragolpe do governo desafia a inteligência: a polícia italiana “encontrou” uma arma na sede da União Sindical de Base, nas proximidades do aeroporto militar “Francesco Baracca”. A polícia alega ter recebido uma denúncia anônima para descobrir, de maneira tão precisa, a dita arma na sede da USB.
O “achado” da Polícia italiana tem todas as características de operação plantada e tem sido denunciado em todo o mundo por lutadores e organizações do trabalho. Em primeiro lugar porque a ação da Polícia em invadir uma sede sindical sem autorização judicial remonta ao passado fascista italiano. Em segundo, porque o ato policial revela o estado de sítio real ao qual os estados da União Europeia submeteram seus cidadãos diante da condição de co-beligerantes na qual se encontram os membros da UE.
Na pequena Pavia, cidade a cerca de 50 km de Milão, um grupo de valorosos militantes, em cujos corações cabem todas as utopias emancipatórias do mundo, formado pelo Potere al Popolo, pela Rifondazione Comunista, pela própria USB e independentes, realizou um ato na frente da prefeitura da cidade. Tratou-se de um pequeno pedaço de uma série mais ampla de atos que ocorreram em todos os cantos da Itália em solidariedade aos militantes da USB e em denúncia da arbitrariedade do Estado italiano, perpetrado pela polícia, contra a organização sindical.
* Aruã Silva de Lima é Militante da Resistência/PSOL Alagoas.
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