O Fórum Nacional das Entidades Sindicais dos Servidores Públicos Federais (Fonasefe) se reuniu nessa sexta-feira, 14, de forma remota, com participação muito representativa de sindicatos e federações nacionais. O objetivo era debater um calendário de lutas e um possível indicativo de greve para responder ao desmonte e ao descaso em relação à valorização dos servidores públicos federais. Após um longo debate e análise da situação atual, a reunião decidiu por unanimidade pelo seguinte calendário:
18/01 – Dia nacional de luta dos SPFs, ato na sede do Banco Central em Brasília.
27/01 – Plenária Nacional dos SPFs
02/02 – Ato em Brasília, no retorno dos trabalhos legislativos e judiciário.
14 a 25/02 – Jornada de lutas e estado de greve.
09/03 – Indicativo de greve por tempo indeterminado.
No dia 18, primeira data do calendário, os servidores farão a entrega oficial da pauta de reivindicações ao governo. “A partir desse momento queremos um processo de negociação. Caso o governo não nos atenda, dia 09/03 vamos à greve unificada”, afirma David Lobão, coordenador geral do Sinasefe. “Os três anos desse governo geraram uma inflação de 19,99% e nós tivemos zero de reajuste, então vamos exigir do governo Bolsonaro a reposição da inflação no período do seu governo”, conclui.
Além da inflação, que corroeu ainda mais o poder de compra dos servidores federais desde o inicio do governo Bolsonaro, o funcionalismo sofreu com projetos de lei, decretos, intervenções e declarações por parte do governo que desqualificam e desrespeitam os servidores públicos. Situações como o fim do Ministério do Trabalho, intervenções na Polícia Federal, desrespeito com órgãos como Anvisa, Fiocruz, Banco Central e Receita Federal, intervenções antidemocráticas na eleição de reitores. A realidade é de congelamento salarial, falta de concurso e de pessoal, precárias condições de trabalho em muitos órgãos, adoecimento mental e depressão, somadas a declarações como a do ministro da Economia, Paulo Guedes, que chamou os servidores de parasitas.
Guedes também disse que havia colocado uma “granada no bolso” dos servidores. No caso, a PEC 32, da Reforma Administrativa. A luta contra o projeto mobilizou servidores de todo o país para Brasília, que durante o segundo semestre de 2021, em todas as semanas, mantiveram uma forte pressão sobre o Congresso Nacional, com manifestações em aeroportos, recepcionando parlamentares com cartazes, faixas, batucada e outras alegorias. As ações chamaram a atenção da mídia e o bom trabalho nas redes sociais ganhou apoio da opinião pública. Apesar dos anúncios e tentativas, Guedes e Lira não conseguiram colocar para votar a PEC 32, e os servidores terminaram o ano com um forte sentimento de vitória, ganhando confiança. “A luta contra a PEC esquentou o clima. Precisamos enterrá-la de vez. Fazemos um chamado nacional a todas servidoras e servidores públicos para que 2022 seja um ano de luta, começando por construir nesteos meses de janeiro e fevereiro a greve no dia 09 de março”, convoca Zuleide de Queiroz, diretora do ANDES-SN.
A gota d’água para o indicativo de greve foi o anúncio do governo federal na elaboração do orçamento, concedendo reajuste salarial somente para setores das forças de segurança, órgãos aos quais Bolsonaro deseja manter boas relações para manter e ampliar a sua influência, mantendo latente o seu projeto golpista. É a política de dar concessões somente aos “amigos”.
Segundo Antonio Alves, o “Toninho”, Coordenador Geral da Fasubra, “os técnicos das universidades federais não agüentam mais congelamento salarial, o desrespeito com a nossa autonomia para eleger reitores e o negacionismo científico desse governo, queremos a unidade dos servidores públicos para a construção da greve para resgatar a dignidade e o verdadeiro valor dos serviços públicos para a população desse país”.
O conjunto das entidades sindicais do funcionalismo defende que o reajuste salarial ou qualquer outro benefício precisa ser para todos e não somente para um setor ou outro. O serviço público federal de conjunto foi e continua sendo fundamental para amenizar as consequências da pandemia sobre a população, como os da área da assistência e da saúde. Vale lembrar que são os servidores que estão garantindo a vacinação de toda a população, muitas vezes se enfrentando com opiniões e medidas do próprio governo e sofrendo perseguições ou ameaças.
*da Coordenação Nacional da Travessia Coletivo Sindical e Popular.
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