Os trabalhadores e trabalhadoras das usinas e dos administrativos da Petrobrás Biocombustível, a PBIO, iniciaram uma greve a partir de 0h desta quinta-feira (20/05), com mobilizações virtuais e presenciais no Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia, estados que contam com unidades da subsidiária de biocombustíveis da Petrobrás. Eles estão em luta contra a venda da subsidiária e a intransigência da direção da Petrobrás, que se nega a negociar com os sindicatos e garantir os empregos.
A greve é por tempo indeterminado e está contando com adesão total dos trabalhadores das áreas operacionais nas usinas de Montes Claros (MG) e Candeias (BA), e de mais de 80% dos trabalhadores do prédio administrativo, no Rio de Janeiro (RJ).
O movimento é unificado – conta com apoio dos sindicatos das duas federações (FNP e FUP) – e em defesa dos empregos, pois a direção da Petrobrás se recusa a negociar a manutenção dos trabalhadores no quadro de funcionários da estatal. A pauta defende a incorporação dos empregados da PBIO à Petrobrás, para quem assim o desejar.
A decisão da gestão é vender a empresa de biocombustíveis de “porteira fechada”. O pacote ofertado inclui a sede, no Rio de Janeiro, as usinas de Candeias, na Bahia, de Montes Claros, em Minas Gerais, e de Quixadá, no Ceará, além de um efetivo com 144 trabalhadores concursados. A categoria se posiciona contra a privatização da empresa e reivindica a manutenção dos seus empregos após a venda, que está em processo de conclusão.
Os trabalhadores da PBio seguem o mesmo Plano de Cargos e Avaliação de Carreiras (PCAC) do sistema Petrobrás e, portanto, podem facilmente ser realocados nas demais unidades da estatal para continuar trabalhando na empresa. Há mais de sete meses o Sindipetro-RJ, com apoio da FNP, tenta encaminhar uma negociação com a Petrobrás. Apesar disso, no dia 5 de maio, após uma reunião, a representação da empresa anunciou que não fará qualquer negociação sobre a incorporação dos trabalhadores da Petrobrás Biocombustível, dando por encerrado o assunto. Outra grande preocupação é com os terceirizados, que vão ser extremamente prejudicados com a privatização das unidades da Petrobrás, podendo ser demitidos.
VÍDEO | INÍCIO DA GREVE
Empresa é lucrativa
A PBio é uma das principais empresas de produção de biodiesel do país e estratégica para a transição energética brasileira. A empresa foi criada em 2008, como o braço verde da Petrobrás e tem garantido lucros para a companhia desde 2017.
Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps), nos últimos quatro anos, o lucro da PBio foi de quase R$ 740 milhões. “A Petrobras Biocombustível é uma empresa, hoje, lucrativa. Desde 2017 tem lucros líquidos anuais positivos”, afirma Eric Gil Dantas, economista do Ibeps.
O Brasil é o 4º maior produtor de biodiesel no mundo. Hoje, de acordo com o estudo, 71% da matriz energética dessa produção nacional é proveniente da soja, o que incentiva a monocultura desse produto, apontada como uma das grandes causas do desmatamento no país.
Na PBio, diferente das outras empresas do ramo, a participação da soja como matéria prima para a produção do biodiesel é de apenas 26%, reduzindo os impactos ao meio-ambiente. Além disso, a Petrobras Biocombustível tem um importante trabalho em conjunto com a agricultora familiar, o que potencializa a renda para o povo brasileiro.
*A partir de textos da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) e do Observatório Nacional da Petrobrás. Colaborou Pedro Augusto Nascimento, de Santo André (SP), diretor do Sindipetro Unificado de São Paulo.
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