Esta quarta-feira, 12, o Congresso Nacional foi um palco para as bizarras demonstrações de autoritarismo, desrespeito e ataques à democracia, vide o filho do presidente na reunião da CPI da pandemia e a aprovação das mudanças no regimento da Casa, que limitam o debate e a atuação das minorias. Mas o ponto mais repugnante do dia ficou por conta do asqueroso comportamento do deputado federal delegado Éder Mauro (PSD-PA), representante fiel da bancada da bala, durante a sessão da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara.
O referido deputado delegado é conhecido aqui na cidade de Belém e no Estado do Pará, pela fama de “justiceiro”, como quem faz justiça com as próprias mãos, que atira primeiro e depois pergunta, como assumiu em alto e bom som em sua fala na CCJ, interrompendo as deputadas Maria do Rosário (PT-RS) e a Fernanda Melchionna (PSOL-RS), comportamento típico daqueles que não suportam ver nossos corpos e vozes combativas nos espaços de poder:
“Pode se fazer de vítima, espernear, fazer o cacete nessa porra de sessão (…) E vou dizer mais, senhoras deputadas de esquerda: eu, infelizmente, já matei sim, não foi pouco, não, foi muita gente. Tudo bandido. Queria que estivessem aqui para discutir olho no olho. Vão dormir e esqueçam de acordar!”
A questão é: qual a intenção do deputado Éder Mauro em citar (orgulhoso) que matou várias pessoas como policial e dizer que gostaria que o debate fosse presencial, “olho no olho”? Trata-se, obviamente, de uma nítida ameaça às deputadas, fato que não pode ser naturalizado. Essa é a prática dos bolsonaristas, fascistas, daqueles/as que não sabem conviver com as diferenças políticas, que falam e defendem tão naturalmente políticas de extermínio e não fazem o debate de ideias. Na sessão, o deputado ainda seguiu interrompendo as falas das mulheres e chamando-as com apelidos depreciativos e machistas.
Que o PSOL e o PT, em unidade com os partidos que defendem a democracia, utilizem os ritos processuais da casa para denunciar esse senhor e cassar o seu mandato – não pode ter mandato parlamentar se utilizando de práticas intimidatórias, machistas e de ameaça à vida.
Repudiamos esse comportamento! Assim como as atitudes do referido deputado delegado no Pará, promovendo manifestações irresponsáveis aglomerando pessoas sem o uso de máscaras em apoio a Bolsonaro, desdenhando da pior crise sanitária da história do Mundo, obviamente, sendo incapaz de destinar algum orçamento para a compra de vacinas para o povo do Estado. Assim como seu governo federal, que agora responde a uma CPI, costuma fazer deboche das milhares de mortes por covid-19.
Também nos solidarizamos com as deputadas de “esquerda”, termo utilizado pelo delegado como se fosse uma crítica pra gente, como se isso fosse sinônimo de criminosos, o que legitimaria qualquer violência. Defender essa linha ideológico-política, ser de esquerda, é defender a vida, as mulheres e o meio ambiente, o que nos distancia de forma abissal de figuras do espectro político do Éder Mauro e de Bolsonaro. E, como paraense orgulhosa do chão que piso, digo que será um prazer mandar pra lata de lixo da história do Estado e do Brasil figuras como essa.
#Fascistas, não passarão! Marielle Presente! Cassação já!
Assista ao vídeo aqui:
O que aconteceu hoje na CCJ é inadmissível. O deputado Éder Mauro, bolsonarista ferrenho, assumiu que é um assassino e desejou que as deputadas de esquerda “não acordassem amanhã”. Queria que ele tivesse dito isso na minha cara! Covarde! Não nos calarão! pic.twitter.com/0QZCNbcA2C
— Fernanda Melchionna (@fernandapsol) May 12, 2021
*Assistente social e ativista da Resistência Feminista e da Bancada Mulheres Amazônidas.
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