Nos dias três e quatro e maio, estudantes da Universidade de Rosário (Colômbia) criaram uma nova forma de manifestar sua indignação diante da situação nacional durante as aulas virtuais. Alunos que, por compromissos acadêmicos, não podem sair às ruas, mas apoiam a greve nacional, passaram a mudar a foto de perfil por mensagem em apoio aos manifestantes.
Dentre as mensagens mais populares está a que diz “Qué difícil estudiar mientras matan a mi pueblo” (difícil estudar, enquanto matam o meu povo). Se trata de um gesto que busca estabelecer um diálogo com professores para que exista flexibilização acadêmica e os alunos possam participar das manifestações sem sofrer consequências.
Maria Camila Guerrero, estudante de direito da Universidade de Rosário, denunciou intimidação por parte do professor Edgar Ramírez Baquero, que exigiu que a aluna removesse a mensagem da sua foto de perfil, num claro ato de censura ao posicionamento da anula.
Maria Camila compartilhou a gravação do trecho da aula em que o professor busca constrangê-la no Twitter, assista abaixo.
Hoy me censuraron en clase por tener una foto que decía ” que difícil estudiar mientras matan a mi pueblo”
Que tristeza que ni en la academia se quieran dar discusiones reales pic.twitter.com/jzpw1lvNdM— María Camila Guerrero (@CamilaGuerreo3) May 4, 2021
“Retire essa mensagem, pois estou dando aula e não quero misturar outros temas”, disse o docente. “E se é isso que você quer me mostrar, faça-me um favor e retire imediatamente, isso é sério. Enquanto eu estiver ensinando, não quero preconceitos”.
Quando Maria Camila responde que tem o direito de se manifestar pelo que está acontecendo lá fora, o professor responde. “Não gosto da sua demonstração, tira” e termina dizendo que deveria se retirar da aula.
Depois que essa discussão se tornou viral, a Universidade de Rosario publicou um comunicado indicando que Ramírez não fazia mais parte do campus e pediu desculpas ao aluno.
Como Universidad rechazamos toda manifestación de violencia y discriminación. Es inaceptable lo ocurrido en clase con uno de nuestros profesores en la mañana de hoy. […]
— URosario (@URosario) May 4, 2021
Confira abaixo a tradução do comunicado da universidade na íntegra:
Diante dos acontecimentos ocorridos esta manhã, informamos à nossa comunidade e à opinião pública que estamos entrando em contato com Édgar Augusto Ramírez Baquero, que desde o horário da tarde não está mais vinculado como professor da Faculdade de Jurisprudência da Universidade do Rosário.
Pedimos desculpas e expressamos nossa solidariedade a María Camila Guerrero e qualquer outra pessoa afetada. A instituição acompanhará integralmente o aluno pelos canais que a Universidade disponibilizou e convidamos todas as pessoas da comunidade Rosarista a comparecerem ao nosso Protocolo de Violência de Gênero e Discriminação para denunciar situações de violência.
A juventude tem sido a linha de frente nos protestos e enfrentamento nas ruas pela Colômbia.Toda solidariedade ao povo colombiano, e que seja garantida a plena liberdade de expressão e manifestação de todos os estudantes e trabalhadores que aderirem à greve nacional. Será preciso muita força para seguir resistindo ao projeto autoritário e ultra-liberal de Ivan Duque.
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