Apesar de estarmos em meio a segunda onda da pandemia com mais de 1000 mortes diárias, sendo 200 mortes em São Paulo, o governo do estado (Dória) tendo como porta voz o Secretário da Educação Rossiele Soares determinou a abertura das escolas com a presença de até 35% dos estudantes nas duas primeiras semanas.
A política de Doria/Rossiele é tão irresponsável que professoras e professores tiveram que fazer 5 dias de planejamento presencial, na semana de 01 a 05 de fevereiro e, pasmem, para assistir orientação online. Nestes 5 dias, com profissionais nas escolas assistindo vídeos, ocorreram ao menos 176 contaminações de professores e professoras e foi constatado surtos de COVID em ao menos 25 escolas, segunda levantamento da APEOESP.
Nestes 5 dias ocorreram ao menos 176 contaminações de professores
As escolas estaduais não têm estrutura adequada para garantir os protocolos de biossegurança, e, portanto, qualquer retorno seguro só é possível com vacinação. Sequer os protocolos da Secretaria de Educação podem ser garantidos nas escolas, pois não houve nenhuma reforma estrutural nos prédios. Fizeram pinturas e colocaram suporte de papel higiênico e totens de álcool gel. Porém não se garantiu ampliação das janelas para permitir mais ventilação nas escolas, alargamento de corredores e pátios abertos. Aliás, muitas escolas estavam recebendo álcool gel vencido, conforme denúncia da APEOESP.
Como se não fosse pouco, o secretário da Educação respondeu no programa Roda Viva do dia 08/02 que está garantida a testagem de profissionais e estudantes com sintomas e a quem teve contato com quem estiver com suspeita. É mentira. Assim como toda a sociedade brasileira, a comunidade escolar segue nas filas das UBS e Hospitais e os profissionais da educação no Hospital do Servidor, que já atingiu mais de 93% de ocupação na UTI de COVID. Sem falar em cerca de 20 mil professores e professoras com contrato de trabalho temporário que não podem utilizar o Hospital do Servidor.
Mesmo na rede privada há casos, como na cidade de Campinas, que fechou uma escola com 34 professores e funcionários contaminados.
Nós professores e professoras, somos os maiores interessados no retorno presencial, porque educação básica se realiza presencialmente e não online. Também entendemos que estudantes estão deprimidos e ansiosos com o isolamento social, situação que também afeta educadores e educadoras. Porém o adoecimento e eventual óbito ou sequelas são irrecuperáveis, por outro lado, o aprendizado pode ser recuperado.
Diante dessa intransigência de Doria/Rossiele, professoras e professores da rede estadual de ensino de São Paulo iniciaram uma greve sanitária, que significa manter as atividades remotas, não as presenciais
Escola privadas promovem campanha pelas aulas presenciais!
O governo se apoia em uma campanha midiática e institucional bastante parcial, atendendo às pressões dos donos das escolas privadas, que criaram, inclusive um movimento Escolas Abertas, para tentar dar uma cara “popular” a seus interesses patronais. É a política do lucro contra a vida.
Essa política, por outro lado, desnuda a hipocrisia do governo Dória, que tenta se cacifar como uma alternativa ao negacionismo de Bolsonaro, mas, que, assim como o presidente neofascista, não está baseada na ciência ou em critérios técnicos, pois, tenta reabrir as escolas, ameaçando as vidas de profissionais da educação, estudantes e famílias trabalhadoras; inclusive indo na contramão do que tem sido feito em outras partes do mundo, como Portugal, França e Alemanha, que decidiram manter as escolas fechadas neste início de ano letivo, apesar de terem médias de mortes diárias bem inferiores às registradas aqui.
Afirmamos que esta política é genocida, pois aprofundará uma característica da pandemia no Brasil, que vitimou principalmente a população trabalhadora, preta e periférica, que também é maioria nas escolas públicas, que há décadas sofrem com a falta de investimentos, que tornam o próprio espaço escolar inapropriado para o desenvolvimento de atividades educacionais no meio de uma pandemia, além, obviamente, da falta de recursos humanos, pois o número de funcionários é totalmente insuficiente para garantir os “protocolos de biossegurança” estabelecidos pela própria SEDUC.
Por todos estes elementos as professoras e professores decidiram deflagrar uma greve sanitária, que tem como pauta a defesa da vida e a luta pela vacinação de toda população já. Não aceitaremos que o governo ameace nossas vidas, da juventude e das famílias trabalhadoras para defender os lucros das empresas da educação privada, que estão há meses tentando impor a volta às aulas presenciais diante da queda das matrículas durante a pandemia.
A quem interessa atacar o PSOL?
Mais uma vez de maneira caluniosa e com vários amálgamas, o PCO publicou artigo acusando o PSOL e em particular a corrente RESISTÊNCIA de ser contra a greve da educação em São Paulo. São tão bizarros, que citam a eleição do presidente da Câmara dos Deputados, alegando que o PSOL lançou candidatura para “enganar” pois queria apoiar a direita liberal. Os delírios do PCO viraram rotina, como o agradecimento a TRUMP ou uma suposta conspiração imperialista contra Neymar.
Os fatos falam por si. O PSOL tem 10 deputados federais, que são linha de frente da luta pela vacinação já para toda população, pelo retorno imediato do auxílio emergencial, se transformando em permanente, pelo Fora Bolsonaro e contra o retorno presencial das aulas antes da vacinação.
Aqui em São Paulo temos 3 deputadas e 1 deputado estadual na linha de frente dessa luta, assim como nossas vereadoras e vereadores em todo o estado de São Paulo. Nossa militância é vanguarda nos piquetes e na construção da greve, o que qualquer professora ou professor sabe.
Estas calúnias só servem para fortalecer a política dos inimigos da vida, que são Bolsonaro, Doria e Rossiele.
Apoie a Greve Sanitária Pela Vida!
Aulas presenciais só com vacinação!
* professor da rede pública estadual de São Paulo, diretor da APEOESP, da direção estadual do PSOL-SP e militante da RESISTÊNCIA/PSOL
**professor da rede estadual e municipal de São Paulo, diretor da APEOESP e militante da RESISTÊNCIA/PSOL
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