Por: Juliana Donato, Conselheira de Administração do Banco do Brasil
No domingo (20), o Conselho de Administração do Banco do Brasil anunciou um amplo processo de reestruturação. Segundo o anúncio, serão fechadas 402 agências e 379 serão transformadas em Posto Avançado de Atendimento (PAA). O Banco estima uma economia de R$ 750 milhões, sendo R$ 450 milhões decorrentes da nova estrutura organizacional e R$ 300 milhões da redução de gastos com transporte de valores, segurança, locação e condomínios, manutenção de imóveis, entre outras.
Além disso, o Banco do Brasil vai estabelecer um Plano de Aposentadoria Incentivada (PAI) que tem como público alvo 18 mil funcionários em condições hoje para se aposentar. Funcionários que trabalham em unidades estratégicas e têm jornada de 8 horas poderão migrar para 6 horas, com redução salarial. O plano prevê a extinção de 9 mil vagas.
A redução no número de funcionários nas estatais iniciou no governo Dilma (PT) e se aprofunda com o governo Temer (PMDB). De acordo com o relatório do Ministério do Planejamento, o número de funcionários caiu de 494.370 há dois anos, antes da onda de PDVs, para 481.460 até setembro de 2016.
As medidas mostram que a direção do BB e o governo Temer querem cobrar dos seus funcionários e dos trabalhadores em geral a conta da crise econômica do país. A população pobre vai ser ainda mais expulsa das agências bancárias. Aqueles que não têm acesso à internet terão que procurar correspondentes bancários para ter algum tipo de acesso aos serviços bancários.
A economia que este plano vai gerar é muito menor que o prejuízo que o Banco acumula com a inadimplência das grandes empresas. Somente a OI e a Sete Brasil, que estão em recuperação judicial, têm dívidas que somam mais de R$ 8 bilhões com o Banco do Brasil. Só esses exemplos demonstram que não são os custos administrativos os responsáveis pela queda da lucratividade do BB.
Os trabalhadores brasileiros precisam de um BB que atue como banco público. O atual modelo, que prioriza a concessão de crédito para as grandes empresas e um atendimento que expulsa a população pobre das agências, não atende às necessidades da sociedade e dos funcionários do banco.
A CONTRAF/CUT tem obrigação de propor um plano de lutas em nível nacional para barrar a restruturação. É importante combinar a luta contra esta reestruturação com a luta geral dos trabalhadores. A reestruturação do Banco do Brasil é parte dos planos de ajuste que sacrificam os direitos dos trabalhadores em nome dos lucros dos banqueiros e das grandes empresas.
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