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TEORIA

200 anos de Engels: Participe da live com Virgínia Fontes, no dia 30

Para celebrar e homenagear os 200 anos do nascimento de Engels, a Casa de Resistência Rosa Luxemburgo tem a honra de receber a professora Virgínia Fontes, uma das principais referências do pensamento marxista no Brasil de hoje, para falar sobre um dos temas seminais da reflexão do grande (co)fundador do materialismo histórico, através da live: “A classe trabalhadora de Engels e a do nosso tempo”.

A live será transmitida na próxima segunda-feira, 30/11, às 15h30, dois dias após o bicentenário. A transmissão é aberta e pode ser acompanhada pelas redes do Esquerda Online (Facebook e Youtube) e da Casa Rosa Luxemburgo (Facebook). A Casa Rosa é um projeto iniciado em 2019, em Niterói (RJ), como um local de debates, leituras e formação política, próximo a Universidade Federal Fluminense (RJ). Desde a pandemia, tem realizado suas atividades de modo virtual.

Trajetória

Engels nasceu em 1820, em Barmen, Alemanha e cresceu em uma família de industriais, conservadora e religiosa. Desde a adolescência se impressiona com as condições de vida miseráveis dos trabalhadores de sua cidade (incluindo os empregados nas fábricas da família) e escreve sobre isso aos 19 anos. Retirado dos estudos formais pelo pai, que o queria engajado nos negócios da família, Engels continuou sua formação de maneira autodidata. No início dos anos 1840, enquanto prestava serviço militar, frequentou como ouvinte cursos da Universidade de Berlim.

Enviado pelo pai para trabalhar em uma fábrica na qual a família possuía sociedade, em Manchester, no ano de 1842, toma contato com a vida operária daquele centro industrial da Inglaterra, em grande parte através das irmãs Mary – que com ele viveria até a morte (em 1863) – e Lizzie Burns (que, como a irmã, moraria com Engels até a morte, em 1878). Da experiência inicial em Manchester, surgiu a obra A situação da classe trabalhadora na Inglaterra, publicada em 1845.

Um ano antes, em Paris, Engels iniciara a colaboração política e intelectual com aquele que se tornaria seu grande amigo, Karl Marx. Ainda nos anos 1840, eles lançariam as bases da crítica à filosofia alemã com A sagrada família e esboçaram juntos A ideologia alemã, onde avançaram as principais propostas do materialismo histórico. Marx e Engels assinariam, em 1848, o Manifesto Comunista e logo depois se lançariam na luta revolucionária na Alemanha. Derrotados e com Marx proscrito da maioria dos países da Europa, exilam-se na Inglaterra. Engels assumirá novamente um posto na empresa paterna em Manchester, onde permanecerá de 1850 a 1870, apoiando o projeto de Marx de redigir uma crítica da Economia Política (inspirada por textos de Engels dos anos 1840), que desembocará em O Capital, cujo livro I só viria à luz em 1867.

Dois anos depois, Engels dissolveu a sociedade na empresa que herdara do pai (falecido em 1860) e, em 1870, muda-se para Londres, onde viveria até seus últimos dias. Livre do fardo da empresa, Engels, que nunca abandonara a reflexão sistemática e a redação de artigos e trabalhos de fôlego mais curto, pode retomar uma produção intelectual mais regular, ao mesmo tempo em que atuava ao lado de Marx na Associação Internacional dos Trabalhadores (I Internacional). Nos anos seguintes escreveria extensamente e publicou, entre outros, O Anti-Düring (1878), A dialética da natureza (1883) e A origem da família, da propriedade privada e do Estado (1884).

Com a morte de seu grande camarada de lutas e de vida, em 1883, Engels assumiu o legado político de Marx, transformando-se na principal referência do movimento socialista europeu, além de herdar a hercúlea tarefa de editar os manuscritos incompletos dos livros II e III de O Capital. Mais uma vez, sacrificou seus projetos pessoais para garantir que a obra maior de Marx fosse conhecida, publicando o livro II em 1885 e o livro III em 1894. No ano seguinte, Engels faleceu.