A Resistência Feminista do Rio de Janeiro, em parceira com o coletivo sindical Travessia, está lançando a campanha Cuidar de quem cuida, em defesa das condições de segurança para os e as profissionais de saúde, no contexto do agravamento da pandemia do Covid-19. A iniciativa, que segue aberta a novas adesões, visa a divulgar ideias, denúncias e relatos relativos à luta por condições de trabalho para os e as profissionais de saúde. Daremos visibilidade, ainda, a ações que exijam dos governos solução imediata para proteger e promover a segurança e a dignidade dessa parcela da classe trabalhadora.
No momento, o colapso do sistema de saúde fluminense já é uma realidade, o que corresponde a um dramático aumento do número de casos e óbitos em decorrência da pandemia e coloca no horizonte o debate sobre as ações de lockdown. Sabemos que essa situação coloca todo o pessoal de saúde sob uma enorme pressão. E quando os governos não garantem medidas mínimas de segurança em relação à exposição ao coronavírus, como EPI’s e testes, torna-se urgente cercar de solidariedade esses profissionais – em sua maioria, mulheres, negros e negras.
Não se trata de uma demanda corporativa: a luta para que esses trabalhadores e trabalhadoras não adoeçam é do interesse do conjunto de nossa classe. Afinal, todos nós estamos sujeitos a precisar de atendimento hospitalar. Sem o trabalho dos profissionais de saúde não há luta possível por salvar vidas, neste momento. Por isso, apresentaremos nossas exigências enquadradas em um programa que confronte os lucros para salvar vidas.
Décadas de hegemonia neoliberal ensejaram um processo de sucateamento do SUS, acelerado nos últimos anos em nosso país pela vigência da EC 95, do teto dos gastos. Se a falta de insumos, fármacos e condições adequadas de trabalho nas unidades de saúde não são exatamente uma novidade, a pandemia torna inaceitável que milhares de profissionais de saúde estejam sujeitos ao risco permanente de contágio por pura omissão dos governos.
No Rio de Janeiro, responsabilizamos Bolsonaro, Witzel e Crivella por cada profissional de saúde que adoeça ou venha a falecer em virtude das péssimas condições de segurança no trabalho. Embora haja um conflito político entre esses governos e, portanto, adotem discursos diferentes quanto à gravidade da situação envolvendo o Covid-19, nenhum deles se diferencia no que diz respeito a disponibilizar EPI’s, testes, condições de trabalho e valorização salarial emergencial dos profissionais de saúde.
Assim, defenderemos a urgência em enrijecer as medidas de distanciamento social, com simultânea ampliação das políticas de transferência de renda para informais, autônomos e desempregados, bem como a estabilidade no emprego. É preciso ampliar emergencialmente a disponibilidade de leitos de UTI, com fila única englobando as redes pública e privadas de saúde, e iniciar urgentemente uma política de testes em massa. São medidas como essas que, articuladas, podem recompor nosso sistema de saúde pública do colapso e, assim, evitar uma tragédia de proporções terríveis, nos próximos meses, no Rio.
Os sindicatos e movimentos organizados de todas as categorias de trabalhadores, os partidos de esquerda e seus parlamentares, os coletivos de combate à opressão, intelectuais e todos aqueles e aquelas que estão conscientes da gravidade da situação devem unir forças para dar visibilidade às dificuldades enfrentadas pelo pessoal de saúde, a fim de denunciar os descaso dos governos e exigir deles a aquisição urgente de EPI’s, testes e leitos para todos e todas que estão na linha de frente.
Se você concorda com essas ideias, junte-se à campanha Cuidar de quem cuida e ajude a divulgar os materiais que lançaremos nas próximas semanas. Queremos ser uma rede de estímulo a todo tipo de iniciativa de defesa da saúde pública e das condições de trabalho de seus profissionais profissionais, sejam elas de natureza informativa, jurídica, parlamentar , midiática, etc. Quem está na linha de frente não pode estar sozinho.
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