2026: seis propostas para um programa de esquerda


Publicado em: 30 de dezembro de 2025

Resistência-PSOL e Insurgência-PSOL

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Foto: Tiago Calmon

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As eleições de 2026 serão o palco central do debate sobre o projeto de país. De um lado, o bolsonarismo defenderá um programa marcado pelo autoritarismo, negacionismo e pela destruição de direitos. De outro, a candidatura de Lula representará os compromissos com a classe trabalhadora e as maiorias populares. No entanto, o mercado financeiro, a grande mídia e setores da direita pressionarão por um programa rebaixado, que preserve os interesses das elites econômicas.

Para vencer, a esquerda deve ir além e defender mudanças estruturais. Este editorial apresenta seis eixos fundamentais para a construção de um programa de frente de esquerda capaz de transformar o país e derrotar os inimigos do povo.

1. Mais direitos para a classe trabalhadora: fim da escala 6×1, redução da jornada e tarifa zero

A ampliação dos direitos do povo trabalhador é fundamental. A bandeira central é o fim da escala 6×1, acompanhado da redução da jornada de trabalho sem diminuição de salários. É imperativo articular a luta política, parlamentar e ideológica — nas ruas e nas redes — para fazer avançar essa demanda crucial. Defendemos também direitos básicos para trabalhadores precarizados e de plataforma, além do aumento real dos salários para toda a classe, cujos rendimentos atuais mal cobrem as necessidades básicas. Simultaneamente, opomo-nos à reforma administrativa que visa atacar os servidores e os serviços públicos, assim como às privatizações e concessões público-privadas. Outro direito fundamental a ser conquistado é a tarifa zero no transporte público em todo o país.

2. Justiça social: taxação dos super-ricos e combate à desigualdade

A recente conquista da isenção do Imposto de Renda (IR) até R$ 5 mil e a taxação mínima dos mais ricos são apenas passos iniciais. É urgente uma reforma estrutural do IR que corrija a tabela defasada, garantindo que o ônus tributário recaia sobre bilionários e herdeiros de grandes fortunas. Trabalhadores e a classe média devem pagar menos impostos do que pagam hoje. É preciso, também, dar fim às volumosas isenções fiscais para grandes corporações. A justiça social exige, ainda, uma profunda transformação na estrutura agrária: defendemos a Reforma Agrária Agroecológica, que promova a produção de alimentos saudáveis e baratos, priorizando a preservação ambiental e pondo fim ao agronegócio predatório.

3. Economia para o povo: redução dos juros, revogação do Arcabouço Fiscal e fim da farra das emendas

Embora o país registre melhora nos índices de emprego e renda, a manutenção de juros altos pelo Banco Central desacelera a economia e transfere centenas de bilhões de reais anualmente para banqueiros e especuladores. É imperativo iniciar um ciclo de redução imediata dos juros e revogar o Arcabouço Fiscal. As amarras impostas por esse novo “teto de gastos” impedem a superação do modelo neoliberal e bloqueiam investimentos sociais. Defendemos a preservação dos pisos constitucionais da saúde e educação, além da reversão das privatizações e concessões (metrôs, ferrovias, portos). É necessário fortalecer o controle público em setores estratégicos, com uma Petrobras 100% estatal e a reestatização da Eletrobras. Além disso, é de grande importância acabar com a farra das emendas parlamentares. O centrão sequestra o orçamento público, chantageia o Executivo e dissemina a corrupção.

4. Em defesa da vida: contra a violência racista, machista, LGBTfóbica e o crime organizado

O sentimento de insegurança é alimentado por dois vetores: a violência policial racista contra a periferia e o avanço do crime organizado. Soma-se a isso a escalada de crimes contra mulheres e a população LGBT+. A política da direita, que incentiva narrativas de ódio, apenas agrava o cenário. A cúpula do crime organizado não reside nas comunidades, mas em condomínios de luxo e centros financeiros. Um programa real de segurança deve desmantelar essa elite financeira. Exigimos a reestruturação das forças policiais para romper com o racismo institucional, focando em uma polícia preventiva e comunitária. Para retomar os territórios, o Estado deve garantir ocupação social e oportunidades nas favelas.

5. Soberania nacional e solidariedade latino-americana

Diante da ofensiva imperialista sobre a América Latina e sua associação com a extrema-direita interna, erguemos a bandeira da soberania nacional. Defendemos o direito de autodeterminação das nações vizinhas contra agressões externas. É preciso condenar as ameaças de Trump à Venezuela. Nosso projeto de soberania estratégica inclui: reindustrialização sob comando estatal, transição energética, liderança tecnológica e integração com o Sul Global. O Brasil não é quintal de ninguém!

6. Combate prioritário à emergência climática

Defendemos uma transição produtiva que supere os combustíveis fósseis, incluindo a suspensão da licença para exploração de petróleo na Foz do Amazonas e o desmatamento zero. É prioritário destinar orçamento para a prevenção de catástrofes climáticas nas cidades, promover a reforma urbana com moradia popular fora de áreas de risco e garantir a demarcação imediata dos territórios indígenas.

Conclusão

A capacidade de defender e efetivar um programa mais avançado decorre da força que a esquerda terá nas ruas e nas redes, pautando propostas e disputando a opinião da maioria do nosso povo. É com luta e organização coletivas que avançaremos contra a extrema direita! Neste sentido, é muito importante a formação de uma frente de esquerda com os partidos e os movimentos sociais para a disputa política e eleitoral em 2026.

 


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