editorial
Para vencer, Lula precisa girar à esquerda
Centrão, bolsonarismo e Faria Lima sabotam o país
Publicado em: 2 de julho de 2025
O centrão quer sangrar o governo para facilitar a vitória da extrema direita em 2026. Sabota o país para proteger os privilégios dos mais ricos, jogando o ajuste fiscal em cima da classe trabalhadora. O objetivo é levar Lula à rendição, impedindo que o programa eleito nas urnas seja cumprido. Nessa conjuntura perigosa, a conciliação com a direita pode ser fatal.
Nos últimos dias, o governo iniciou importante batalha política, explicando ao povo o que está em jogo. Quem deve pagar a conta: o andar de cima ou os trabalhadores? Os bilionários, as bets e os bancos? Ou a professora, o operário e o pequeno empreendedor? É importante que Lula e Haddad sejam firmes nesse enfrentamento.
O desafio é construir maioria social. O bloco da esquerda e dos movimentos sociais precisa entrar em cena, organizando a contra-ofensiva nas ruas e nas redes. Não deu certo a aposta estratégica na frente ampla, na governabilidade a frio, sem mobilização e sem luta ideológica. Apenas colocando a luta de classes no centro da disputa política será possível vencer.
Centrão de braços dados com o bolsonarismo
Foi de máxima gravidade a votação supresa no Congresso que derrubou o decreto de Lula sobre o IOF. Ela mudou a conjuntura política e revela três coisas importantes.
Primeira, o centrão sinaliza ruptura política com Lula e embarque na aliança com o bolsonarismo, preparando o posicionamento para as eleições de 2026. Segunda conclusão: mudou o regime institucional. O Congresso avança sobre o Executivo, retirando-lhe poder e prerrogativas. Terceira, por trás do centrão, está a burguesia brasileira, que trabalha, na economia, a favor da austeridade neoliberal e, na política, por uma candidatura presidencial de unidade do bolsonarismo com a direita tradicional, numa chapa liderada por Tarcísio de Freitas.
A derrota humilhante do governo, imposta por Hugo Motta e Davi Alcolumbre, mostra que é um equívoco a direita seguir ocupando tanto espaço na Esplanada dos Ministérios. Há um situação surreal no país: o centrão é governo e oposição ao mesmo tempo. Se está boicotando Lula, deve perder os ministérios.
Apostar na luta política e ideológica, retomado as ruas!
Lula tentou a estratégia da conciliação, dando cargos ao centrão e oferencendo o arcabouço fiscal à classe dominante. Não está funcionado. Apesar dos indicadores econômicos positivos, a popularidade do governo segue caindo. Lula está sob cerco.
A única forma de virar o jogo é ganhar politicamente a maioria povo, explicando os interesses de cada lado. A direita quer congelar o salário mínimo. Acabar com o piso constitucional da saúde e educação. Reduzir os programas sociais. Enquanto isso, protege os interesses dos bilionários. A esquerda defende o oposto. Menos imposto para a classe trabalhadora, com isenção do IR a quem recebe até R$ 5 mil. Mais direitos, com o fim da escala 6×1. Redução dos preços dos alimentos, do gás de cozinha e da energia elétrica. Tudo isso precisa ser explicado de forma didática à população. E ninguém melhor para falar com as massas do que o presidente Lula.
Junto com a luta política e ideológica, é necessário construir a mobilização nas ruas. O exemplo vem da Colômbia. O governo de esquerda, de Gustavo Petro, não tem maioria no parlamento, dominado pela direita. Mas conseguiu aprovar uma reforma trabalhista que amplia direitos, ao ganhar apoio da classe trabalhadora e realizar manifestações nas ruas com os movimentos sociais e sindicatos. Pressionado, o Congresso colombiano cedeu. A direita quando se vê ameaçada pela vontade popular, recua. É preciso que o medo mude de lado.
Vale notar também, como outra referência positiva, a recente parada LGBTQIA+, que levou muito mais gente à Avenida Paulista do que o ato do Bolsonaro, ocorrido no último domingo.
Duas tarefas centrais: construir o Plebiscito Popular e o ato de 10 de julho!
Nesta quarta, 1 de julho, começou oficialmente a votação do Plebiscito Popular, que é organizado pelas frentes dos movimentos sociais, partidos de esquerda e sindicatos. O Plebiscito traz duas perguntas que permitem amplo diálogo com o povo. A taxação dos super-ricos, para isentar do IR os quem ganham menos. E a redução da jornada de trabalho, com o fim da escala 6×1.
Trata-se de um instrumento para fazer uma disputa pela consciência da população. A proposta é que a militância da esquerda se engaje no trabalho de base, conversando com os trabalhardes e a juventude nos locais de trabalho, de estudo e nos pontos de concentração popular. Além disso, o Plebiscito unifica a esquerda e os movimentos sociais numa Frente Única para disputar os rumos da luta política no país.
Outra tarefa central da conjuntura é a convocação do ato “Centrão inimigo do Povo” para o dia 10 de julho, que está sendo organizado pelas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular. O sentimento de indignação contra o Congresso, que cresce a cada dia nas redes sociais, precisa se expressar também nas ruas.
A disputa política pela maioria do povo está colocada. Vamos à luta, às ruas!
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