A luta dos secundaristas no Paraná através das ocupações inspirou uma verdadeira onda de ocupações nas escolas, universidades e institutos federais em todo país. E motivou alguns setores dos trabalhadores que também estão mobilizados.
A força deste movimento provocou reações na sociedade, na Câmara dos Deputados e no governo federal. O presidente da Câmara, o deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que tentará negociar com o governo a retirada da MP 746. Não significa um recuo em promover a reforma do ensino médio, apenas uma mudança para que ela tramite como projeto de lei.
O rumo da luta depende de uma política correta. Isso passa por compreender a atual correlação de forças entre as classes e o papel que tem cumprido a UJS (juventude do PCdoB), algumas correntes do PT, a UNE, UBES, a CTB e a CUT.
A correlação de forças entre as classes
A estratégia do PT e PCdoB de governar em aliança com os partidos de direita desarmou os trabalhadores, frustrou as massas e facilitou as condições para que a direta ganhasse o apoio da maioria da classe média e de uma parcela dos trabalhadores para promover o golpe parlamentar.
O golpe parlamentar que colocou Michel Temer (PMDB) no poder se deu para que o projeto de recolonização imperialista avance a passos largos no Brasil. Neste momento, a classe dominante está na ofensiva enquanto os trabalhadores estão na defensiva. Todas as lutas se dão no marco da resistência contra a retirada de direitos e, por enquanto, os trabalhadores não conseguiram a unidade necessária para barrar esta ofensiva e mudar a correlação de forças.
Os ataques são duros e avançam em todos os terrenos, incluindo a restrição das liberdades democráticas e a criminalização dos movimentos que estão em luta. O objetivo é reduzir ao mínimo a responsabilidade do Estado com as áreas sociais, Educação, Saúde e Seguridade Social, abrir caminho para as privatizações, retirar os direitos trabalhistas e previdenciários conquistados, regulamentar as terceirizações e reduzir o custo da mão de obra para a exploração capitalista. A combinação dessas medidas resultará na piora das condições de vida para a maioria do povo.
O papel das direções do PCdoB (UJS) e do PT no movimento
Quando cerca de 900 escolas estavam ocupadas no Paraná, os secundaristas começaram os esforços para unificar a mobilização das ocupações em torno de uma assembleia estadual. Mesmo sabendo que a imensa maioria das ocupações ocorrera por fora da UBES, a direção majoritária desta entidade (UJS), teve a política de aparelhar e sabotar o movimento.
A UJS, através da UBES e da UPE, tomou a frente da convocação e condução da assembleia estadual, atuando de maneira burocrática e antidemocrática. Fez isso com o objetivo de aprovar a sua política e legitimar essas entidades como as únicas representantes do Movimento Ocupa diante do governo estadual. O resultado foi que a maioria das escolas ocupadas não esteve presente na assembleia e muitas se retiraram ao ver o aparelhamento e condução antidemocrática da mesma.
Este episódio foi lamentável, A UJS simplesmente ignorou as propostas de unificação do movimento no país através de um Frente Nacional das Ocupações e Mobilizações Estudantis e de uma carta ao presidente Michel Temer exigindo o atendimento da pauta dos estudantes. De maneira autoritária, encaminhou apenas as suas propostas, diga-se equivocadas, de exigir que Beto Richa (PSDB) não aplique a MP 746 no Paraná e de legitimar a UBES como representante do Movimento Ocupa. Esta política teve duas motivações: sabotar a nacionalização do movimento e impedir o protagonismo autônomo dos secundaristas.
Apesar desta política nefasta da UJS e das reintegrações de posse, os estudantes continuam empenhados em constituir um comando autônomo e em dar passos no sentido de unificar o movimento nacionalmente para que a luta tenha continuidade para além das ocupações nos estados. Sabem que é necessário um comando nacional das ocupações, democraticamente construído pela base.
Mas a sabotagem não ocorreu apenas no movimento dos estudantes. A direção majoritária da APP Sindicato (DS-PT) atuou o tempo todo para desconstruir a greve dos educadores. Limitou a pauta da greve ao cumprimento da data-base da categoria, não fez esforços em unificar a luta com os estudantes e não teve iniciativas para fortalecer a greve. Desmontou o movimento sem nenhuma garantia de que Beto Richa atenderá sequer esta reivindicação econômica.
Esta experiência reforça a necessidade de uma ampla unidade dos trabalhadores e estudantes para resistir aos ataques. Precisamos de uma Frente Única dos Trabalhadores para organizar a luta por Nenhum Direito a Menos. Será necessária ampla democracia, para que as bases controlem suas direções e assegurem o rumo correto das luta por baixo.
Foto: SECOM CUT
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