Por: Gizelle Freitas, de Belém, PA
A cidade das mangueiras, Belém, no Pará, esteve entre as 18 capitais que realizaram o segundo turno nas eleições. E infelizmente, seguiu o mesmo caminho político trágico das demais, elegendo o candidato à reeleição pelo PSDB – Zenaldo Coutinho. Com 52,33%, foi confirmada sua vitória nas urnas, contra Edmilson Rodrigues (PSOL), que alcançou 47,67%. Votos brancos somaram 2,50% e nulos 5,22%.
Edmilson governou Belém há 20 anos, ainda pelo PT. E deixou um legado importante para a cidade através de projetos sociais e culturais que até hoje são lembrados com saudade. Mas também, não podemos negar, se enfrentou com setores do funcionalismo público municipal, como trabalhadores e trabalhadoras da educação e a guarda municipal.
Já Zenaldo, governou Belém nos últimos quatro anos, e seguiu o exemplo de seu antecessor, dando continuidade aos 12 anos da gestão anterior, que mergulhou a cidade num verdadeiro caos social. Belém está sangrando com a quantidade assustadora de homicídios. Segundo Mapa da Violência de 2016, a capital paraense está em quarto lugar entre as 20 microrregiões mais violentas, sem falar do índice tenebroso de assaltos diariamente. O sistema viário não funciona, a saúde municipal está na UTI, cerca de 12 mil crianças de 4 e 5 anos não têm acesso a educação infantil, os bairros da periferia têm quase zero de saneamento, e uma longa triste lista.
Nós, do #MAIS, chamamos voto crítico em Edmilson, afinal se aliou a setores da direita (PDT, PV, PPL). A campanha de Freixo (PSOL) no Rio mostrou que é possível, que a aliança deve ser com o povo, mas não há dúvidas de que uma possível gestão de Edmilson abriria um canal de diálogo com os movimentos sociais da cidade, que nós mulheres trabalhadoras, negr@s, LGBTs teríamos melhores condições de exigir políticas públicas que atendessem a nossas reivindicações específicas. Foram essas possibilidades que aproximaram quase 48% da população de Belém à campanha do PSOL. Cada voto não representou um “cheque em branco”, significou que nós iríamos exigir que essa gestão municipal nos representasse.
O Resutado Final
Vimos nas ruas de Belém uma campanha muito suja do PSDB. Zenaldo brincou com a pobreza de tantas famílias, e há inúmeras denúncias de compra de voto, inclusive existem vídeos. Não atoa, desde o dia 19 a candidatura de Zenaldo está cassada pela denúncia de uso indevido do site oficial da Prefeitura para fazer propaganda eleitoral, também pela promoção pessoal no uso da máquina pública, abuso de autoridade, e uso do dinheiro público para campanha. Zenaldo entrou com um recurso e pôde participar da campanha até o final. A previsão para o julgamento do recurso é 19 de dezembro, e se a justiça considerar que houve crime eleitoral, haverá nova eleição na cidade.
Em discurso, Edmilson disse não considerar legítimo o resultado, visto a situação em suspenso da outra candidatura e de tantas denúncias.
Nossos sonhos não cabem nas urnas
O fato é que com eleição, ou sem eleição os ataques ferozes de Temer continuam, e nossa resistência organizada também deve continuar. Está aberto o terceiro turno. Seguindo a agenda nacional, a classe trabalhadora e a juventude de Belém precisam fortalecer os atos pelo Fora Temer, contra a PEC 55 (ex 241). Para barrar a contrareforma do Ensino Médio, a palavra de ordem é: Ocupar Tudo.
Por isso, nós do #MAIS acreditamos que a Esquerda Socialista em Belém tem uma grande tarefa a cumprir, organizar em unidade os dias nacionais de greve geral, dia 11 e o dia 25. E convocamos os trabalhadores e as trabalhadoras, a juventude, os sindicatos, associações de moradores, os diversos coletivos a construir em unidade esse combate, contra Temer, seu ajuste fiscal de morte, e contra seus aliados.
Foto: Reprodução Facebook
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