A taxa de desemprego no Brasil chegou a 11,8% no terceiro trimestre de 2016, de acordo com os dados divulgados pelo IBGE nesta quinta-feira (27). Trata-se do maior patamar registrado pela série histórica do instituto (Pnad Contínua), iniciada em 2012.
Desse modo, o país contabiliza 12,022 milhões desempregados no trimestre encerrado em setembro. Em relação ao mesmo período de 2015, houve elevação de 33,9% no número de pessoas sem emprego, o que representa 3,043 milhões de pessoas a mais procurando trabalho.
Renda do trabalhador em queda livre
O cenário terrível não se resume apenas aos números do desemprego. A renda do trabalhador está derretendo.
Segundo o IBGE, a renda média real foi de R$ 2.015,00 no terceiro trimestre. O que significa uma queda de 2,1% em relação ao mesmo período de 2015. Porém, quando levamos em consideração a massa de renda real paga aos trabalhadores, isto é, a soma total dos salários reais, observa-se um tombo de 3,8%, se comparamos com o resultado de um ano atrás.
Extermínio em massa de postos de trabalho
Em um ano, o Brasil perdeu 1,306 milhão de vagas com carteira assinada, dados do IBGE. Por consequência, houve uma redução de 3,7% no total de trabalhadores formais no setor privado no trimestre concluído em setembro.
A população ocupada, por sua vez, encolheu 2,4% com o fechamento de 2,255 milhões de postos de trabalho. A taxa de desemprego só não foi pior em razão do crescimento da população inativa (quem não está procurando trabalho), que aumentou em 1,9%.
Quem ganha com isso?
No sistema capitalista, o único “direito” sério concedido aos trabalhadores é a possibilidade de vender sua força de trabalho em troca de um salário.
Contudo, esse “direito” mínimo – trabalhar para sobreviver-, especialmente em tempos de crise, é negado a uma parcela enorme da população. As consequências são devastadoras: milhões de mães e pais de família, colocados no olho da rua, se veem sem condições de pagar o aluguel da casa, as contas do mês, as parcelas dos empréstimos e, muitas vezes, ficam sem dinheiro até mesmo para o alimento da criança.
A demissão em massa tem como objetivo rebaixar o salário médio, de modo a aumentar o lucro do empresário. Com o desemprego em alta, mais trabalhadores se sujeitam a trabalhar ganhando menos. Desse modo, os capitalistas diminuem os custos com os salários pagos e aumentam, em contrapartida, sua lucratividade. Transferem, assim, o peso da crise para a classe trabalhadora.
O desemprego vai aumentar com as reformas de Temer
A política econômica aplicada pelo governo Temer (PMDB) elevará o nível de desemprego no próximo período. Por exemplo, com a aprovação da PEC 241, que congela os gastos públicos por vinte anos, haverá menos investimento estatal e, portanto, redução da atividade econômica e enxugamento de postos de trabalho.
As reformas da previdência e trabalhista, caso sejam aprovadas, também terão impacto negativo sobre o emprego. Com a elevação da idade mínima para aposentadoria, menos postos de trabalho serão abertos para os jovens que ingressam no mercado de trabalho. Já com a redução de direitos trabalhistas, que prevê o aumento da jornada de trabalho, haverá uma oferta menor de vagas, uma vez que a pessoa terá trabalhar mais tempo para manter o mesmo salário.
Poderia ser diferente
O desemprego não é um fato natural. Ele é produzido intencionalmente pelo sistema capitalista, que funciona a serviço dos grandes empresários e banqueiros.
Seria plenamente possível reduzir a jornada de trabalho (para 40 horas semanais, por exemplo) sem redução de salários. Desse modo, haveria uma oferta muito maior de emprego e, ao mesmo tempo, se manteria a renda do trabalhador. A solução é simples: trabalhar menos para que todos tenham emprego.
Porém, como sabemos, os capitalistas fogem dessa solução como o diabo da cruz. O lucro milionário do empresário não pode cair, dizem os economistas, a mídia e o governo; mas a trabalhadora pode ficar sem o emprego que sustenta a família. Assim funciona o capitalismo.
Foto: Pedro Ventura / Agência Brasília
Comentários