O 4° Congresso da CSP-Conlutas, realizado nos dias 4, 5 e 6 de outubro, ocorreu em momento relevante para os trabalhadores e trabalhadoras e a juventude do Brasil, que são alvos de inúmeros ataques do governo Bolsonaro e de seus aliados nacionais e internacionais.
No entanto, o imenso esforço político e financeiro feito pelos sindicatos e organizações populares para enviar suas delegações ao Congresso em Vinhedo (SP) foi, praticamente, desperdiçado. O congresso foi marcado pela postura da direção majoritária da central que impôs, sem debate real, ao conjunto dos participantes as posições do seu partido hegemônico. Não houve uma efetiva tentativa de síntese entre as propostas apresentadas que buscasse unificar as elaborações das entidades que compõem a CSP CONLUTAS. O que se viu foram propostas sendo votadas umas contra as outras, tese contra tese, de forma rápida e burocrática. Entidades sindicais como o ANDES-SN, o SINASEFE, a FENASPS e o Sindicato dos Metroviários de Porto Alegre deixaram de ter relevantes propostas, discutidas e aprovadas em sua base, incorporadas às iniciativas futuras da central, o que gerou enorme insatisfação expressa pelos militantes e dirigentes de diversas categorias. Neste congresso, a direção majoritária abandonou ainda mais os esforços para construir a necessária resistência unitária para enfrentar os ataques de Bolsonaro contra os direitos da classe trabalhadora e contra as liberdades democráticas. A central, que na sua origem buscava a constituição de unidades mais amplas, como o Espaço de Unidade e Ação, rejeitou a proposta, já encampada por diversas entidades, de fortalecimento do Fórum em Defesa dos Direitos e Liberdades Democráticas.
A central rejeitou a proposta, já encampada por diversas entidades, de fortalecimento do Fórum em Defesa dos Direitos e Liberdades Democráticas.
O resultado desse procedimento autoritário e auto proclamatório foi um descolamento ainda maior da realidade com a subestimação dos ataques do governo que já aprovou as reformas trabalhistas e previdenciária e avança nas privatizações e precarização dos direitos. Além de ignorar a situação desfavorável vivida pelos trabalhadores brasileiros, o Congresso da CSP-CONLUTAS se recusou a engrossar as fileiras em defesa das liberdades democráticas. Embora reconhecendo que Lula foi condenado em processo fraudulento, a central rejeitou a defesa de sua imediata liberdade, apesar de todas as evidências divulgadas pelo The Intercept. Ao se negar a defender a liberdade para um preso político, a CSP-CONLUTAS se mostrou incapaz de compreender a importância da defesa das liberdades democráticas na atual realidade brasileira, o que fragiliza a luta pela liberdade de todos os trabalhadores e trabalhadoras perseguidos pelo governo Bolsonaro. Além disso, rompe com uma tradição dos revolucionários: defender a liberdade de presos políticos, mesmo quando temos profundas divergências com eles. E com o PT e os governos Lula/DILMA , temos e tivemos incompatibilidades políticas e programáticas, mas é um dever e uma obrigação lutar pela liberdade de Lula.
A solidariedade internacional entre os trabalhadores também foi afrontada com a resolução aprovada pelo “Fora Maduro” que desrespeita a soberania do povo venezuelano. A resolução aprovada afirma a necessidade de “unidade com todos para pôr abaixo o governo Maduro”. Todos, na atual situação, são Trump, o imperialismo, Guaidó e Bolsonaro.
O não reconhecimento da piora da situação da classe trabalhadora brasileira, desde o golpe de 2016 até a eleição do Bolsonaro, somados aos graves erros do congresso ampliaram a crise da CSP-CONLUTAS. O congresso, que já se iniciou reduzido, com menos 382 delegados em relação ao último congresso, terminou ainda pior com um clima de desmobilização, de apatia e desânimo. Diversos delegados e delegadas presentes saíram com a certeza que a Central se esgotou como instrumento frutífero de frente única e unidade de ação, o que aumenta os riscos da dispersão e fragmentação de um polo combativo e autônomo dos trabalhadores. Somente uma completa mudança política da atual direção seria capaz de retomar a construção unitária da central sindical e popular. Infelizmente, não parece ser esta a opção da sua direção majoritária.
FÓRUM PELOS DIREITOS E LIBERDADES DEMOCRÁTICAS
Com a recusa da CSP-CONLUTAS em cumprir com o seu papel de aglutinadora de um polo independente do sindicalismo e do movimento popular na construção da frente única torna-se ainda mais importante o fortalecimento do Fórum em Defesa dos Direitos e Liberdades Democráticas. Convidamos a todos e todas que impulsionem o Fórum em seus Estados como forma de ampliar a resistência e a unidade contra os ataques de Bolsonaro e seus aliados e assim fortalecer, ao lado de todas entidades sindicais, estudantis e movimentos populares, a necessária construção da Frente Única que a classe trabalhadora tanto precisa. Esperamos, sinceramente, que a direção majoritária da CSP Conlutas reveja sua posição. Seria bom para a nossa classe!
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