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O falso nacionalismo dos que defendem as queimadas na Amazônia

Direita Volver

Coluna mensal que acompanha os passos da Nova Direita e a disputa de narrativas na Internet. Por Ademar Lourenço.

Depois que o presidente da França reclamou das queimadas na Amazônia, os militantes em defesa do governo tiveram um surto nacionalista. Passaram a dizer que a “Amazônia é nossa” e que ninguém deve se intrometer em como o Brasil trata seu território soberano. Até se esqueceram que em 2016 o próprio Bolsonaro disse em entrevista que a Amazônia não era nossa e que ela deveria ser explorada em parceria com outros países. Memória realmente não é o forte deles. E amor ao povo brasileiro também não.

O “nacionalismo” deles é o que presta continência à bandeira dos Estados Unidos, como Bolsonaro fez em 2017. É o que vende a Embraer ao capital norte-americano. É o que cede a base de Alcântara ao interesse estrangeiro. É o que vai a atos com bandeiras dos Estados Unidos e de Israel. Que raios de “nacionalismo” é esse?

Eles não estão preocupados com nossa soberania. O que eles querem é terminar o genocídio dos indígenas sem ninguém para atrapalhar. O objetivo da onda de queimadas é acabar com as reservas dos povos originários para dar espaço para o agronegócio. Depois desse extermínio, a Amazônia pode ser entregue aos Estados Unidos sem problemas.

Eles não amam o Brasil. Eles se identificam mais com os supremacistas brancos dos Estados Unidos do que com os indígenas brasileiros. Por isto as bandeirinhas dos Estados Unidos em seus perfis nas redes sociais. Ás vezes, eles usam a bandeira dos Confederados, movimento de norte-americanos que rejeitaram a abolição da escravatura. O nacionalismo deles é o nacionalismo branco.

Os traços do nacionalismo branco brasileiro

Muitos bolsonaristas gostam de ostentar a bandeira monarquista em suas manifestações. É a saudade dos tempos em que a escravidão era legal e os índios eram exterminados sem punição. Também usam os símbolos da idade média para afirmar os laços do Brasil com a cultura europeia. Os símbolos nacionais que eles cultuam em geral são os símbolos pré-abolição da escravatura.
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Eles não escondem que acham a “civilização ocidental” superior, renegando qualquer influência africana, indígena ou árabe em nossa cultura. O samba, o carnaval, o funk, as expressões culturais indígenas, tudo isto é visto como “feio”, “brega” ou “coisa de bandido” para eles.

Isto tem efeitos práticos. Um deles é a rejeição de migrantes não brancos no Brasil. Os descendentes de italianos ou alemães são exaltados, mas a vinda de haitianos é vista como um perigo. Outro é a defesa de que índios sejam exterminados ou assimilados como escravos pela “nação brasileira”. Por isto a defesa veemente da “soberania” do Brasil em acabar com as reservas dos povos originários.

Um nacionalismo onde não cabe o povo

Eles falam de “pátria”, “soberania”, “dever em proteger a nação”, mas nunca falam do povo brasileiro. Eles têm desprezo do povo multirracial de maioria não branca que habita o país. Se importam com um Brasil idealizado que existe apenas na cabeça deles.

Quando a miséria aumenta e 13 milhões de brasileiros passam fome, eles dão os ombros. Quando brasileiros lotam filas de supermercados procurando uma vaga de emprego, eles não estão nem aí. Quando estrangeiros vem para cá explorar o turismo sexual com crianças brasileiras, ele não dão um pio.

O “nacionalismo” deles e o nosso

É correto defender a soberania do Brasil e a autodeterminação de nosso povo. Mas um nacionalismo que se importa com o povo brasileiro tem o dever de ser contra o agronegócio que destrói nossos recursos naturais.

Defender o povo brasileiro é defender o direito dos povos originários de ter suas reservas protegidas. É defender mais emprego, renda, saúde e educação para os brasileiros. É defender nossa diversidade racial e cultural.

O Brasil não é apenas nossa bandeira ou nosso território. O Brasil é nosso povo e nossa história. Um nacionalismo em que não caiba isto não é nacionalismo. É apenas fingimento.

Marcado como:
extrema direita