Por João Gabriel Almeida do ABC, SP
Petrobras reduz preços de gasolina e diesel nas refinarias e inaugura nova política de preços
Foi anunciada pela Petrobras na sexta-feira (14) a redução do preço da gasolina e diesel em 3,2% e 2,7%, respectivamente, nas refinarias. Isso pode representar uma queda de 1,8% para o Diesel (R$ 0,05 por litro) e 1,4% (R$ 0,05 por litro), caso não haja absorção dessas reduções por parte das distribuidoras e dos postos de combustíveis. Porém a elevação de preço do etanol anidro, responsável por 27% da composição da gasolina, devido à entressafra da cana de açúcar ameaça reduzir ou até mesmo equalizar a conta.
Apesar desses revezes, o ministro da fazenda, Henrique Meirelles, deu declarações de que a redução dos preços é positiva para a meta de inflação do governo, apesar de ter rechaçado as possibilidades de interferência do governo na Petrobras em prol dessa política.
Nova política de preços da Petrobras
Em consonância com o discurso do ministro da fazenda, e considerado pelo mercado a mudança mais relevante, está a nova política de definição de preços de combustíveis por parte da Petrobras. Com a promessa de independência em relação ao governo, a nova política leva em consideração uma maior aderência aos preços praticados internacionalmente, riscos associados a operação e nível de participação no mercado.
A proposta é que os preços de combustíveis tenham avaliação mensal por uma Grupo Executivo de Mercado e Preços composto pelo presidente da empresa, Pedro Parente, o diretor do RGN (Refino e Gás Natural), Jorge Celestino Ramos e o diretor financeiro e de relações com os investidores, Ivan de Souza Monteiro.
Segundo a nota oficial da empresa, a decisão do comitê executivo de redução do valor dos derivados, que entrou em vigor hoje (15), foi uma resposta ao aumento crescente do volume de importações por parte das distribuidoras Raízen (uma joint venture entre a Shell e a Cosan) e Ipiranga (parte do grupo Ultra). As importações do Brasil já compõem 14% do mercado de diesel e 4% do mercado de gasolina, tendo apresentado crescimento de 11% ao mês e 28% ao mês, respectivamente, entre março e setembro deste ano.
Reação positiva do mercado apontam privatizações como principais motivações
De acordo com o relatório de grandes consultorias de avaliação de mercado como a Eurasia, a UBS e a BTG Pactual, a maior previsibilidade na precificação dos combustíveis aumenta a atratividade de refinarias e da BR distribuidora, que tem no seu horizonte a privatização parcial ou total de seus ativos. Soma-se a isso a maior possibilidade de obter parcerias para o prosseguimento da finalização de novas refinarias. Ambos pontos fazem parte da política que prevê 19 bilhões dólares em desinvestimentos, o que é a espinha dorsal do recém anunciado plano de negócios 2017-2021, e contribuíram para o fechamento das ações preferenciais PTR4 em +3,17% na sexta-feira (14).
A artificial não interferência do governo na Petrobras já demonstra uma política de governo
Após as sucessivas trocas de direção da Petrobras, que dos últimos anos pra cá se concentra cada vez mais em nomes reconhecidos pelo mercado de capitais, o governo tem se utilizado mais da narrativa da não interferência do governo nos assuntos da empresa. Essa retórica estimula o mercado a reagir positivamente, mas representa apenas um maior alinhamento do Governo com o mercado de capitais. O anúncio da nova política de precificação vem nesse sentido. A Petrobras deixou claro em sua nota que a nova política de preços pode indicar também um aumento ou manutenção dos preços de acordo com o cenário.
Apesar da reverenciada demonstração de transparência, o presidente da estatal de capital misto descartou a possibilidade de adoção de fórmulas determinísticas para determinação dos preços praticados pela companhia pois avalia que o mercado é muito dinâmico para a adoção desses métodos.
Fontes: Bloomberg, G1 e Fatos e Dados da PETROBRAS.
Foto: Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas
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