‘Se o empregado escolher contribuir pelo INSS ele não será contratado’, alerta Guilherme Boulos em debate em Teresina

André Luis Moreira, de Teresina, PI
André Luis Moreira

Em um ato organizado por movimentos estudantis de Teresina, Guilherme Boulos se reuniu com centenas de jovens para um debate sobre o governo Bolsonaro e contra a reforma da previdência.

O evento, que aconteceu às 16h na Universidade Federal do Piauí – UFPI, teve uma calorosa recepção ao líder do MTST, que discursou sobre a reforma, fez duras críticas ao governo Jair Bolsonaro e apontou os principais desafios da esquerda neste momento político em que o Brasil se encontra.

André Luis Moreira

Boulos abriu seu discurso criticando uma das primeiras falas do novo ministro da Educação, Abraham Weintraub, quando ele afirmou que as universidades nordestinas não deveriam ensinar Filosofia e Sociologia. “Aí eles pensam: Se cada nordestino e nordestina tiver oportunidade de ir para o ensino superior estudar filosofia e sociologia, eles vão continuar votando contra eles. Porque o Nordeste não elegeu o Bolsonaro. É por isso que eles têm medo, é por isso que eles ficam com debate de escola sem partido. Mas a gente sabe muito bem que é escola com mordaça, é querer impor censura, é perseguir quem pensa diferente é matar o espirito crítico na universidade brasileira”, afirma.

Com o olhares e ouvidos de militantes, estudantes e professores atentos, o psolista também teceu duras críticas à gestão de Bolsonaro e toda a sua equipe de governo, além de lembrar o envolvimento com milicianos. “É uma turma que não consegue fazer licitação pra comprar cafezinho. Homenagearam milicianos, e tem um miliciano envolvido na morte da nossa companheira Marielle, que inclusive era vizinho do presidente. Mas diz que isso não significa nada. Porém se eu fosse vizinho do Adélio eu já estava preso”, observa.

O maior foco do debate foi a reforma da previdência proposta pelo ministro Paulo Guedes, que para Boulos é só uma forma de acabar com a aposentadoria dos mais pobres. Ele justifica isso focando principalmente na proposta de capitalização, onde o trabalhador será responsável 100% pela sua contribuição, livrando o patrão de ter que contribuir para o INSS

“Com esse processo de capitalização a aposentadoria vai ser um privilégio de quem pode pagar, por que eles dizem que a capitalização vai ser uma opção para o trabalhador e isso é mentira,  por que isso vai isentar o empresário de contribuir com a previdência. E na hora que o trabalhador for contratado e escolher que a sua contribuição vai ser pelo INSS, ele não será contratado por que o patrão vai querer a isenção da contribuição do INSS”, alerta Boulos.

O discurso do ex-candidato a presidência durou cerca de 30 minutos e ele aproveitou a oportunidade para falar sobre os desafios da esquerda. Que para ele precisa se unir mais do que nunca e esquecer todas as diferenças por um bem maior. “Temos que construir uma unidade de todas as oposições ao Jair Bolsonaro, por que ninguém vai ganhar nada se as lideranças da esquerda estiverem pensando com a cabeça em 2022. Temos diferenças na esquerda e isso é bom, por que aqui não temos espaço para o pensamento único, as diferenças que nós temos entre nós é muito menor do que aquilo que está devastando o Brasil. Aquilo que nos divide é muito menor do que aquilo que nos une”, conclui.

Boulos cumpriu uma extensa agenda na capital do Piauí, onde pela manhã participou de um ato com os estudantes da Universidade Estadual do Piauí – Uespi, que estão ocupando o local há mais de uma semana e cobrando por melhorias no campus que se encontra em greve.